Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

426€

Daniel Oliveira, 26.12.07
Como reacção ao aumento do salário mínimo nacional, os rapazes da Juventude Popular viram uns "power point" de introdução à economia e decidiram avançar: são contra a existência do salário mínimo. O argumento é portentoso: a obrigatoriedade de pagar estes exorbitantes 426 euros por mês a um trabalhador "enfraquece os rendimentos dos portugueses e atrasa a economia" por "impedir de trabalhar quem estiver disponível para trabalhar por valor inferior a esse preço". Esta imposição legal perturbaria o normal funcionamento do mercado. Deviam ir mais longe: a existência de qualquer Direito de Trabalho é uma inaceitável perturbação do mercado quando há quem esteja "disponível" para trabalhar sem férias, sem licença de parto, sem 13º mês, 12 horas por dias e sete dias por semana. Porque a vida das pessoas "atrasa a economia".

Podíamos pedir aos jovens do CDS um único estudo onde se mostre que a existência deste paupérrimo mínimo de sobrevivência cria desemprego. Podíamos mostrar-lhes como salários excessivamente baixos são nefastos para a economia e para o desenvolvimento de empresas competitivas. Podíamos explicar-lhes que a relação assimétrica de poder entre empregador e empregado destrói o simplismo da lei da oferta e da procura explicada às criancinhas. Mas talvez seja melhor começar pelo mais básico: pôr estes aprendizes de políticos a viver com 426 euros por mês. Basta um ou dois meses. Passa-lhes logo o liberalismo de algibeira.

Comentar:

Comentar via SAPO Blogs

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.