Até que Cavaco vos deixe separar
Nada na lei do divórcio corresponde aos principais argumentos expostos no comunicado da Presidência da República para justificar o seu veto político: há participação de um juíz na avaliação das razões do divórcio e a violência doméstica, independentemente de qualquer lei do divórcio, é crime público e é como tal que será sempre tratada. Das duas uma: ou Cavaco se limitou a repetir o que mulheres em acção e os movimentos "pela vida" lhe disseram ou o veto tem apenas a função de preencher o silêncio de Manuela Ferreira Leite na oposição a Sócrates.
A verdade é que a razão da posição da Igreja e de Cavaco não é seguramente a defesa dos direitos da mulher (olha quem!), mas a defesa de uma determinada visão do que deve ser uma vida a dois: um contrato para a vida, mesmo que se transforme numa penitência. É a defesa do casamento indissolúvel, não a defesa de um casamento entre iguais.