Suspenda-se a democracia, parte II
Mas muito mais grave: da frase retira-se que, sendo os políticos os que discutem, confrontam e debatem alternativas – querem, pecado dos pecados, votos – são dispensáveis. Os Estadistas, sendo o consenso e a anulação da diferença, é que são necessários. A frase é, na realidade, um excelente retrato da falta de maturidade democrática de um país que viveu meio século com "um Estadista". A desconfiança perante o que de mais substancial existe na democracia. A afirmação de que o confronto político de alternativas tantas vezes inconciliáveis é uma pura perda de tempo. Na verdade, Ferreira Leite e Cavaco Silva, que nesta matéria seguem a mesma partitura, são os fieis representantes do atraso democrático português.