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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Suspenda-se a democracia, parte II

Daniel Oliveira, 29.01.10
"Aquilo que o país precisa neste momento não é de políticos, é de estadistas", disse Manuela Ferreira Leite para explicar a viabilização do Orçamento de Estado. É extraordinário o subtexto que se esconde em algumas frases de circunstância. Antes de tudo, Ferreira Leite comete o erro suicida do populismo: associar a sua própria actividade - a política - a algo de negativo e estéril.

Mas muito mais grave: da frase retira-se que, sendo os políticos os que discutem, confrontam e debatem alternativas – querem, pecado dos pecados, votos – são dispensáveis. Os Estadistas, sendo o consenso e a anulação da diferença, é que são necessários. A frase é, na realidade, um excelente retrato da falta de maturidade democrática de um país que viveu meio século com "um Estadista". A desconfiança perante o que de mais substancial existe na democracia. A afirmação de que o confronto político de alternativas tantas vezes inconciliáveis é uma pura perda de tempo. Na verdade, Ferreira Leite e Cavaco Silva, que nesta matéria seguem a mesma partitura, são os fieis representantes do atraso democrático português.

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