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Arrastão: Os suspeitos do costume.

O equívoco dos ministros

Daniel Oliveira, 31.05.06
Concordo com quase tudo o que disse a ministra da Educação, há dois dias, sobre os professores.
Concordo muitas vezes com o que diz o ministro da Saúde sobre os médicos.
Concordo muitas vezes com o que diz o ministro da Justiça sobre os juízes.
Só há um pormenor: como não governo, não preciso dos professores, dos médicos e dos juízes para mudar nada. De um ministro espera-se um pouco mais. A não ser que este governo ache que a melhor maneira de vencer as resistências de cada classe profissional seja virar o resto do país contra elas. Já foi tentado. No fim, todos somados, aqueles que atacaram já são mais do que o resto do país. E vai-se para oposição lamentar o país que se tem.

Numa aldeia chamada Portugal

Daniel Oliveira, 31.05.06
Esta semana, uma apresentadora mexicana de um programa desportivo, loura e espampanante, andou a fazer entrevistas durante os treinos da selecção portuguesa, em Évora. Fotógrafos, câmaras de televisão e populares viraram as suas atenções para ela. Não se mostrou incomodada. Afinal de contas, disse ela, estamos numa zona muito isolada.

Tão pequeno como a sua ilha

Daniel Oliveira, 31.05.06
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Durante meses, quando uma palavra de Xanana, perante a degradação da segurança, foi necessária, ele manteve-se em silêncio, deixando que a situação ficasse insuportável. Agora, com a Igreja, a Austrália e os rebeldes do seu lado, fala que se desunha e impõe as regras ao governo eleito de Timor.

O jornalismo incompetente

Daniel Oliveira, 30.05.06
Acabei de ver a reportagem que aqui já tinha referido sobre a violência nas escolas. Começo por falar da reportagem propriamente dita. Fazer jornalismo não é montar uma câmara escondida e pôr voz off por cima. Porque a escola não podia nem devia ser identificada, não há nada sobre o bairro onde ela está. Nada sobre as condições familiares daquelas crianças a não ser frases genéricas. Nada sobre os pedido que tenham sido feitos ao Ministério para mudar as coisas. Nada sobre a selecção dos professores que ali trabalham, sobre as estratégias para ganhar os alunos. Nada sobre outras escolas com os mesmos problemas e como os tentaram resolver. Nada. Apenas imagens chocantes.

Não vou julgar os professores. Já aqui disse que o sistema de selecção do pessoal docente para cada escola, mais ou menos aleatório, é absurdo. Estes professores farão seguramente o melhor que sabem e podem com miúdos que exigem um tipo de trabalho especial, com pessoas especiais.

Mas o Conselho Executivo, esse sim, merece reprovação. Os pais e os alunos, como é óbvio, identificaram a escola. A direcção da escola perdeu, ao permitir estas filmagens, toda a autoridade que poderia vir um dia a conseguir no meio ou, pelo menos, junto daquelas crianças. Percebe-se que se trata de um Conselho Executivo que desistiu pura e simplesmente de conseguir qualquer coisa ali.

Que exemplo deu a escola ao deixar que os seus professores falassem de cara tapada? Compreendo que o façam, mas com que autoridade ficam junto dos seus alunos quando dizem a um país inteiro que têm medo deles?

A violência nas escolas é assunto antigo. Basta recordar filmes dos anos 60, como “Sementes de Violência”. Não estamos a falar de nada de novo. Estas crianças, sem modelos familiares de autoridade e de afecto, sem modelos de comportamento social, precisam de professores especialíssimos. E, acima de tudo, precisam de professores que não desistam delas, mesmo que isso seja quase impossível. Que estejam preparados para isso. Provavelmente não são estes. Provavelmente não lhes podemos exigir tanto.

Esta reportagem não fez nada para mudar nada. Apenas agravou o problema daquela escola. Ali, podem desistir. Que tenha sido a televisão pública a faze-lo, com a ajuda do Conselho Executivo de uma escola pública, isso sim é que me faz ter muito pouca esperança no que o Estado possa fazer por estas crianças e por esta escola.

Comecei a ver o debate que tentou dar um ar sério a uma reportagem incompetente. Ao ouvir Fátima Bonifácio, desisti. Aturo conversa de taxista, mas só quando tenho pressa para chegar a algum lado.

A regra aplica-se a todo o país?

Daniel Oliveira, 30.05.06

Ciao Silvio

Daniel Oliveira, 30.05.06
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Começou a contagem decrescente na carreira política de Berlusconi. Fez das eleições municipais, provinciais e regionais o tudo ou nada. Ficou com quase nada. Em Roma, perdeu em toda em toda a linha. O candidato dos pós-fascista que apoiara teve um resultado vergonhoso (36,9%) e Veltroni (da DS) somou 61,5% dos votos. Em Nápoles, onde Sílvio jogou o tudo por tudo, ficou longe da vitória (56,6% para a esquerda, 38,9% para a direita). Perdeu os pobres e perdeu os ricos. Turim, capital industrial e sede da FIAT, não se limitou a ficar nas mãos da esquerda. Rocco Buttiiglione (lembram-se dele?) somou uns humilhantes 29,5%. A direita desceu em quase todo o lado. Mesmo na cidade de Berlusconi, Milão, a vitória que antes era folgada foi à tangente. E na Sicília, que vota sempre à direita, o candidato da Mafia desceu oito por cento, enquanto a irmã de um magistrado assassinado, candidata pela União, teve uns surpreendentes 41,7%. A direita perdeu uma província, duas capitais de região e das mais de vinte principais cidades apenas conseguiu ganhar quatro. Resta a Berlusconi o referendo à reforma constitucional, que dá mais poderes às regiões e que foi feito por exigência da extrema-direita da Liga Norte. Se for derrotado aí, pode dizer adeus à política. Não há vitória moral que o safe.

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