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Arrastão: Os suspeitos do costume.

O Grande Sádico

Daniel Oliveira, 31.05.07
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«O nome é fictício mas a idade deve ser verdadeira. "Lisa", 37 anos, doente terminal, vai decidir sexta-feira, em directo, no reality show holandês The Big Donor Show (O Grande Dador), quem irá receber os seus rins.»
Público de ontem.
Alguém que substitui a generosidade pela exibição televisiva e que acaba os seus dias pondo desgraçados a lutar pela vida em frente às câmaras para gáudio das audiências, pode doar todas as partes do seu corpo, menos uma: o coração.

Quanto à empresa Endemol, são apenas os chulos da desgraça alheia.

O Grande Sádico

Daniel Oliveira, 31.05.07
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«O nome é fictício mas a idade deve ser verdadeira. "Lisa", 37 anos, doente terminal, vai decidir sexta-feira, em directo, no reality show holandês The Big Donor Show (O Grande Dador), quem irá receber os seus rins.»
Público de ontem.
Alguém que substitui a generosidade pela exibição televisiva e que acaba os seus dias pondo desgraçados a lutar pela vida em frente às câmaras para gáudio das audiências, pode doar todas as partes do seu corpo, menos uma: o coração.

Quanto à empresa Endemol, são apenas os chulos da desgraça alheia.

Escravatura "liberal"

Daniel Oliveira, 31.05.07
«Lembrei-me de outro direito. Afinal em dia de greve geral luta-se por direitos. Neste caso o direito de contratar apenas trabalhadores que não fazem greve. Deve um empregador ter o direito de só assinar os contratos de trabalho em que o contratado renuncia ao direito à greve. Note-se que o trabalhador mantém o seu direito de não assinar e de procurar um outro empregador que queira empregar trabalhadores que não querem renunciar ao direito à greve.» João Miranda, Blasfémias

Tenho mais uma ideia: o empregador tem direito a dar chibatadas no trabalhador quando ele não trabalha satisfatoriamente desde que isso esteja no contrato. O trabalhador tem sempre o direito a não trabalhar para ele. Note-se que o trabalhador mantém o seu direito de não assinar o contrato e de procurar um outro empregador que queira empregar trabalhadores que não gostem de levar chibatadas.

O balão de oxigénio

Daniel Oliveira, 31.05.07
Não é preciso grande esforço para perceber que os oitenta por cento garantidos pela CGTP e os 13 por cento de adesão dos funcionários do Estado apontados pelo governo não são números para levar a sério. Para quem acompanhou as anteriores greves gerais e esta, uma coisa fica clara: foi a mais fraca greve geral até hoje organizada em Portugal.

Escrevi aqui: «As lutas têm o seu modo e o seu tempo. Falhar nelas é piorar o que já está péssimo. As boas razões para esta greve são as que mereceriam os melhores procedimentos. Esperemos que as agendas partidárias não funcionem contra os objectivos justos desta greve. Esperemos que com tantas boas razões para ser punido, José Sócrates não saia dela reforçado. Se assim for, alguém terá de explicar porquê. Se assim não for, estão de parabéns e serei o primeiro, com genuína alegria, a rejubilar. Esperemos que eu me engane.»

Esta greve era justa em todas as suas razões. Apoiei-a e, como cidadão, tentei com os meus fracos recursos individuais que corresse bem. Achava, como se depreendia facilmente pelos meus textos, que ela não acertava no tempo e no modo. Mas não sou sindicalista e não me cabe a mim marcar greves. Se concordava com as razões, restava-me tentar que corresse bem. Em tempo de guerra não se limpam armas, se me permitem a metáfora talvez demasiado bélica. Correu mal (apesar de muito melhor do que tenta vender o governo e os seus apoiantes), mesmo que isso custe a todos os que consideram, como eu, que este governo está a ser uma tragédia para o futuro do país e que representa a consumação, de forma ainda mais violenta, do programa político do emigrado Durão Barroso.

Vistos os resultados, a greve foi, como salta aos olhos de qualquer pessoa razoável, prematura. E isso aconteceu porque houve pressões vindas de uma sede partidária para a sua precipitação. Desconheço as razões deste disparate. Lamentavelmente, demasiados sindicalistas esqueceram-se que representam os trabalhadores e não o seu partido político. O resultado é trágico: Sócrates ganha um balão de oxigénio e quando vier o pacote da flexibilidade sem qualquer segurança a "bomba atómica" já foi usada. A greve não conseguiu traduzir com justiça o descontentamento que se sente, nem nos sectores onde ele é mais agudo. E palpita-me que ninguém se vai dar ao trabalho de tirar deste disparate todas consequências.

Espero pelo menos que tenha servido para que a CGTP se liberte das ordens de controleiros partidários. Mas duvido. Sobretudo quando sabemos que um homem lúcido como Carvalho da Silva está já com guia de marcha para bem longe. Assim não vamos lá.

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