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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Quando eles escolheram os muçulmanos, calei-me. Eu não era muçulmano.

Daniel Oliveira, 30.11.09


Contra todas as sondagens, a maioria dos suiços que votaram no referendo de hoje (proposto por dois partidos de extrema-direita) decidiu que, numa originalidade em qualquer democracia do mundo, a sua constituição proibirá uma única religião, ao contrário de todas as restantes, de construir torres nos seus templos. A decisão não resulta de um problema real - há apenas quatro minaretes num total de 180 mesquitas em todo o país -, mas de uma xenofobia profunda.

Este é também um aviso para os perigos de referendos que dão à maioria o poder de limitar os direitos de uma minorias. Direitos que, no entanto, garantem para si próprios. O que a Suiça aprovou é um aborto democrático e um sinal de alerta para os que têm brincado com o fogo e julgado que a islamofobia é muito "cool", moderna, liberal e "politicamente incorrecta". Ficam assim de braço dado com a extrema-direita europeia. Ainda se hão de se lembrar da companhia que escolheram quando chegar a sua vez de serem condenados à invisibilidade.

Doc à 6ª: Guerra Fria (10) - Cuba 1959-1962

Daniel Oliveira, 27.11.09
O Arrastão continua a assinalar o 20º aniversário da queda do muro com a série "Guerra Fria". O documentário tem 24 episódios, é de Jeremy Isaacs e foi produzido em 1998 pela CNN e BBC. Este décimo episódio trata da revolução cubana e a resposta americana, seguido do apoio soviético a Fidel Castro e a crise do mísseis




Episódios anteriores:
1: Camaradas 1917-1945 ; 2: o Cortina de Ferro 1945-1947; 3: Plano Marshall 1947-1952; 4: Berlim 1948-1949; 5: Coreia 1949-1953; 6: Reds 1947-1953; 7: Depois de Estaline 1953-1956; 8: Sputnik 1949-1961; 9: O Muro 1958-1963

Políticos não. Criminosos!

Daniel Oliveira, 26.11.09
Depois de a vítima entrar, durante três horas e meia, socaram-no e pontapearam-no. Amarraram J. a uma cruz de madeira, deitaram-no dentro de uma banheira e verteram cera de velas acesas para o seu corpo. Rui Dias utilizou uma serra para o cortar em diversas partes do corpo, incluindo o pénis.

Este é um dos casos que serviu de base ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) para acusar sete de oito arguidos - Mário Machado, Rui Dias, Fernando Massas, Nuno Cerejeira, Bruno Ramos, Bruno Monteiro, Pedro Themudo e João Francisco Dourado (ver caixa ao lado). Segundo o DCIAP, organizavam-se para sequestrarem e roubarem potenciais compradores de estupefacientes, e os seus amigos, através de extrema violência e com recurso a diversas armas.

A acusação elaborada pelo DCIAP refere que o militante nacionalista Mário Machado tentou ainda impor no Algarve a liderança da organização de extrema-direita Hammerskins. Entre alguns relatos, os investigadores garantem que em Dezembro de 2008 Mário Machado, Nuno Cerejeira, Rui Dias e Fernando Massas atraíram J. a uma casa em Odivelas para lhe venderem droga. Depois da agressão, que incluiu requintes de sadismo, só terminaram depois de a vítima assinar um papel em que se comprometia a pagar 15 mil euros.

Noutro acontecimento relatado pela acusação, R. encomendou, juntamente com um amigo, 2500 euros de cocaína a Nuno Cerejeira. Este último avisou que um amigo o iria contactar. Segundo o DCIAP, Mário Machado combinou um encontro com R. a 20 de Janeiro deste ano, juntamente com Rui Dias e Fernando Massas no hipermercado Feira Nova em Alverca. Depois de irem buscar uma arma, passaram a agredir R. e a tentar que ele lhes dissesse a morada do amigo com quem ia comprar a cocaína. Segundo os relatos, Fernando Massas, enquanto socava R., avisava que ia matar-lhe a mulher, arrancar a cabeça da filha e jogar à bola com ela. Dentro do carro, Mário Machado deu uma coronhada na cabeça de R. e colocou o cano da arma na sua boca. R. conseguiu pedir ajuda, mas ficou sem dinheiro e sem o carro.

Segundo a investigação, os automóveis que o grupo de Mário Machado roubava iam parar a uma oficina em Lourel, Sintra, para serem desmantelados e vendidos às peças. (...)

Entre outros casos relatados na acusação, em Fevereiro deste ano, durante um sequestro, Rui Dias usava um colete com a palavra Polícia escrita, enquanto Mário Machado, Rui Dias, Fernando Massas e Bruno Ramos se identificaram como agentes da autoridade.

Ainda segundo o despacho de acusação, Nuno Cerejeira, já detido, telefonou a uma das vítimas avisando-o de que teria de retirar a queixa para acalmar o ódio de Mário Machado. Estes são alguns dos casos que serviram de base à acusação concluída a semana passada. Dos oito arguidos, cinco estão em prisão preventiva desde Março deste ano.

Do jornal "i"

Não me esqueço, quando fui eu o queixoso, de uns senhores com responsabilidades (Pacheco Pereira, o bastonário Marinho Pinto e tantos blogues de direita) que quiseram transformar estes senhores em presos políticos. Espero que percebam agora a figura que andaram a fazer. Também não me esqueço dos que não hesitaram em comparar esta gente a alguns partidos parlamentares (a lista é interminável e deixo aqui apenas dois de muitos exemplos: este e este). Espero ainda que a comunicação social se pergunte como andou a tratar Mário Machado como activista político, referindo-se a ele como "dirigente nacionalista". E espero, por fim, que o destino do dinheiro destes crimes seja investigado. Talvez se descubram coisas interessantes.

PS: ao fim de meses ainda não recebi a indemnização decretada pelo tribunal e que já tem destino como doação.

Liberdade controlada

Daniel Oliveira, 25.11.09
Pedro Lomba: "A propósito do que li aqui e aqui, confirmo que publiquei esta crónica no Público a 12 de Novembro, quinta-feira e na segunda-feira da semana seguinte, dia 16 de Novembro, a 2 horas de entregar o meu texto pronto para ser publicado na edição de terça do Diário Económico, como sempre fiz desde o princípio de 2008, fui contactado pelo editor de opinião do jornal informando-me de que a minha colaboração era dispensada. Não obstante ter escrito imediatamente ao director do Diário Económico manifestando a minha surpresa por ter sido dispensado sem uma explicação no próprio dia em que iria entregar um artigo, não recebi qualquer resposta."

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