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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Há dias para tudo menos para a propaganda

Pedro Sales, 21.02.10

Para quem  ainda tinha dúvidas sobre o desnorte que tomou conta do Partido Socialista, o dia de ontem foi eloquente. Quando já era do conhecimento público que se contavam mais de 30 mortos na Madeira, e que estávamos perante a maior tragédia natural que assolou o país nos últimos anos, o primeiro-ministro - que já tinha falado para a imprensa sobre o sucedido fazia um par de horas -, entendeu por bem continuar a sua agenda partidária como se nada fosse e fazer um comício a partir do plenário de militantes onde se encontrava ( encontro esse que foi transmitido em directo às 17 horas pela RTP N, pelo menos).

Há momentos para tudo. O de ontem à tarde não era, seguramente, para “mobilizar o PS e para convocar o partido socialista para a intervenção no debate político e no debate público em Portugal”. Vale a pena recordar que, no dia em que caiu a arriba na Albufeira, o próprio José Sócrates e o Bloco, tiveram o bom senso de cancelar a agenda para esse dia. Bom senso esse que parece agora estar de todo ausente das prioridades do primeiro-ministro. Desde que dê para realçar a “indignidade daqueles políticos” e tecer loas ao que considera o notável desempenho da economia nacional, o céu pode desabar que José Sócrates continua a falar para “os seus” como se nada fosse. A falta de tacto chega a ser chocante.

Notas de um dia

Daniel Oliveira, 20.02.10
Hoje, em Coimbra, Manuel Alegre deixou, finalmente, alguns recados com destinatário prováveis sobre a ética e a transparência na vida política. Ainda demasiado velados. Mas, ainda assim, um começo de clarificação que é sempre bem vindo. Como quero um presidente que, independentemente da sua filiação partidária, ponha fim ao ambiente insuportável em que vivemos, fiquei esperançado. A ver vamos se consegue ser mais claro sem temer os custos políticos que isso tenha.

Hoje, em Lisboa, Fernando Nobre apresentou a sua não filiação partidária e, mais importante, a sua não filiação ideológica e o facto de não ter responsabilidades políticas no passado, como uma das suas principais qualidades. Nobre deixou claro que não é nem de esquerda nem de direita. Como eu sou, para mim esta é uma má mensagem de candidatura. É clarificação e não a ausência de linha política que quero de um presidente. A ver vamos se fica mais claro ao que vem.

Não é difícil perceber que pelo menos hoje o discurso de Manuel Alegre me agradou bastante mais do que o de Fernando Nobre. Mas discursos de um dia valem muito pouco.