Para quem ainda tinha dúvidas sobre o desnorte que tomou conta do Partido Socialista, o dia de ontem foi eloquente. Quando já era do conhecimento público que se contavam mais de 30 mortos na Madeira, e que estávamos perante a maior tragédia natural que assolou o país nos últimos anos, o primeiro-ministro - que já tinha falado para a imprensa sobre o sucedido fazia um par de horas -, entendeu por bem continuar a sua agenda partidária como se nada fosse e fazer um comício a partir do plenário de militantes onde se encontrava ( encontro esse que foi transmitido em directo às 17 horas pela RTP N, pelo menos).
Há momentos para tudo. O de ontem à tarde não era, seguramente, para
“mobilizar o PS e para convocar o partido socialista para a intervenção no debate político e no debate público em Portugal”. Vale a pena recordar que, no dia em que caiu a arriba na Albufeira, o próprio
José Sócrates e o
Bloco, tiveram o bom senso de cancelar a agenda para esse dia. Bom senso esse que parece agora estar de todo ausente das prioridades do primeiro-ministro. Desde que dê para realçar a
“indignidade daqueles políticos” e tecer loas ao que considera o notável desempenho da economia nacional, o céu pode desabar que José Sócrates continua a falar para “os seus” como se nada fosse. A falta de tacto chega a ser chocante.