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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Notícias da frente vermelha

Sérgio Lavos, 29.11.10

 

A volubilidade dos adeptos de futebol é um daqueles problemas sem solução. E quando falamos de milhões de adeptos, outro factor entra na equação: a diversidade opinativa, que no seu melhor manifesta-se no estádio, em forma de aplauso ou de apupo. Como em muitas outras coisas, o futebol não se diferencia de tudo o resto. Heróis, se formos a ver, há poucos. E os vilões podem nascer todas as semanas.

 

O Benfica, decidido a boicotar o sucesso do ano passado, deitou fora cartas que não conseguiu substituir, mas manteve incólume a coluna da equipa. As saídas de Di Maria e Ramires não podem, nunca poderiam servir, de desculpa para a irregularidade exibicional, que vem desde a pré-época. Mas se nada pode servir de desculpa, muito menos servirá a contestação ao treinador que pôs a jogar a equipa como há muito não se via - desde o campeonato de Toni. De bestial a besta, claro, mas nem tanto. Conhecemos os defeitos do treinador. Mas ninguém é perfeito. E Jorge Jesus tem crédito para muito mais, as qualidades que parecem ter desaparecido certamente irão ressurgir. Que esta fraqueza momentânea sirva para alimentar manchetes de jornais especulativos e ressentidos, já me parece menos normal. E menos ainda me parece que jornalistas chico-espertos estejam mais interessados no seu ego inchado pela ocasião do que em fazer um bom trabalho - sim, falo da entrevista no fim do Beira-Mar-Benfica, um caso surreal de desrespeito por quem, no limite, alimenta a estação que decide não cumprir o regulamento da Liga que obriga a que as perguntas rápidas no fim da partida se limitem ao comentário do jogo. Jesus terá sido extemporâneo? Nunca. Deselegante talvez, e apenas porque, sabemos, não tem o dom da palavra. Mas mal-educado foi, sem dúvida, o jornalista que insistiu uma segunda vez numa questão que fora respondida.

 

Outra vítima das flutuações de humor dos benfiquistas tem sido o melhor marcador das últimas três épocas. Sem desculpa, como a frase anterior o prova. E viu-se, no regresso da lesão, qual é a diferença entre ter Cardozo no ataque e outro jogador qualquer do actual plantel. Golos, parece. Aquele pormenor que traz resultados (e dinheiro). A classe no pé esquerdo, sobressaindo a média velocidade, como um lento pesadelo para o defesa. Imaginamos que a grande vantagem de Cardozo é a subvalorização que os adversários fazem das suas capacidades. Cada um joga com as armas que lhe dão.

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