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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Desemprego, ensino e mau jornalismo

Miguel Cardina, 21.06.12

 

Sim, o desemprego é um flagelo que destrói vidas e que resulta da política de empobrecimento induzido em que estamos mergulhados. Sim, ele tem crescido entre quem tem cursos superiores (não, não é mais fácil ter um emprego sem um curso superior). Sim, as humanidades atravessam uma crise de credibilidade (não, não diz só respeito a quem estuda "isso"). Mas títulos sensacionalistas como este "Conheça os cursos que colocam os alunos no desemprego" são mentirosos e ofensivos. São mentirosos porque não encontrei nenhum dado dos coligidos pelo governo que permita certificar que todas as pessoas que terminaram os dois cursos em que se refere níveis de 100% de desemprego estejam efetivamente nessa situação (pelo contrário). E são ofensivos porque tratam os sujeitos como mera mão-de-obra que visa alimentar o "mercado de trabalho" (coisa que além do mais, como sabemos, é tudo menos imutável). Algo vai mal neste quadrado anémico quando o "empreendedorismo" se transforma na "gaia ciência" que nos sobra e os saberes que estão para lá da "racionalidade instrumental" são tratados como uma espécie de "diretor de recursos humanos" que anda para aí a mandar gente para o desemprego...

 

*Os dados do governo merecem, na verdade, uma leitura atenta. Dois elementos a realçar: metade dos desempregos habilitação superior tem entre 25 e 34 anos. Relativamente à distinção por género, já se sabia que as desempregadas são sempre um pouco mais do que os desempregados (52%-48%). Mas desconhecia, por exemplo, que no caso dos desempregado/as com habilitação superiores, o fosso tivesse uma dimensão tão significativa (67,4% de mulheres para 32,6% de homens). By the way, isto também daria para fazer uns titulozinhos manhosos... Eu prefiro ficar-me pela constatação de que continua a fazer sentido lutar contra discriminações em função do género.

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