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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Em defesa de Relvas

Daniel Oliveira, 29.10.12

 

Nas jornadas parlamentares, Miguel Relvas voltou a ser o centro das atenções. Tudo o que foi dito pelos seus colegas e por ele próprio serviu para achincalhar o homem. Teixeira da Cruz disse que os políticos tinham de ser um exemplo. Toca a fazer pouco do ministro. Nuno Crato falou de rigor e exigência. Tudo a humilhar o licenciado em ciência política. O próprio disse que a sua vida é transparente, recomeça o tiro ao Relvas. Há uma remodelação, agitam-se as damas ofendidas porque o ministro não faz companhia aos secretários de Estado. Confesso que me começa a cansar. Há uma diferença entre a crítica política e a perseguição.

 

Sim, os políticos devem ser um exemplo. Sim, como disse o senhor ministro, ele é um exemplo de transparência. É ou não Miguel Relvas um livro aberto para os portugueses? De quantos políticos se pode fazer um retrato tão cristalino?De quantos podemos falar, sem receio de cometer uma injustiça, sobre os seus valores éticos e a sua conduta? Fossem todos os políticos como Miguel Relvas e nunca mais um português poderia dizer que comprou gato por lebre.

Sim, está chegado o tempo de, na Universidade, haver rigor e exigência. Mas o que soubemos a semana passada sobre o curso de Miguel Relvas? Que teve equivalência a três cadeiras que não existiam. E ficam desagradados? Preferiam que fosse a cadeiras existentes? Há ou não há, por parte de Relvas, uma vontade de proteger o bom nome da Academia? Ter equivalência ao que não existe não é o mesmo que não ter nada? Ser doutor em coisa nenhuma, quando não se estudou, é ou não é uma demonstração de rigor?

 

Há um ambiente pesado no governo. Nota-se que aquela gente anda abatida. Apenas três exceções: Vítor Gaspar, que se está a transformar num maratonista do sound bite; Santos Pereira, que, como uma criança, continua a brincar no meio de um velório; e Miguel Relvas, a quem a simplicidade de espírito protege de todas as tormentas. Quando lhe falaram de remodelação, sorriu com a despreocupação de quem, mesmo devendo, nada teme. Claro que o podem remodelar, disse ele mostrando os dentes de satisfação. Ele sabe que será o último a sair. Que os vai a enterrar a todos. Que ainda muita privatização passará pela sua secretária até que volte à vida civil. Sabe que, faça o que fizer, nada o fará tremer. Um governo tão fragilizado, precisa ou não de alguém com esta autoconfiança?

 

O País tomou Miguel Relvas de ponta. Por todo lado há gente que o manda estudar. Relvas não precisa. É catedrático na escola da vida. O que este país precisava era de um Relvas em cada esquina. A vender rolexes fanados e saúde política.

 

Publicado no Expresso Online

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