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Sérgio Lavos, 21.08.10
Marylin Monroe autora? Ou Norma Jean leitora e escritora de um diário? A notícia de que textos inéditos da mulher que mais se aproximou de um ideal feminino iriam sair em livro tem feito sensação nos sítios do costume: as secções de cultura dos jornais do mundo inteiro. Sensação é mesmo a palavra certa. É verdade que já conhecíamos a Marylin mulher de Arthur Miller e a Marylin que lia Ulysses. E até a Marylin, figura transcendente do poema de Ruy Belo de que Bénard da Costa tanto gostava. A Marylin para além do estereótipo da bomba loura, ingénua e vagamente burra, a mulher por quem os homens se apaixonavam de maneira ainda mais estúpida do que a imagem que o mundo tem dela. A banalidade sensata deveria-nos deixar de sobreaviso: uma actriz não é a personagem que representa. Mas é verdade que, enquanto viveu, esta imagem também passava para o público, como se a figura pública fosse uma emanação desse estereótipo. Estas revelações contradizem a ideia feita? Ou reforçam a noção de que uma figura pública é o resultado de uma construção subjectiva, resultado das escolhas da figura mas também (e acima de tudo) da percepção que o público tem