Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

No futuro um Natal melhor

Bruno Sena Martins, 26.12.12

Na sua página do Facebook, tentando ganhar almas para a causa da austeridade, Pedro Passos Coelho diz lamentar os sacrifícios por que passa o povo português. Provavelmente ele não percebe porque é que este tipo de aproximação ao povo constitui um desastre em toda a linha.

 

Faço o valor de lhe explicar. A comunidade sacrificial a que Passos Coelho tenta uma elegia tão comisera como trapalhona, em rigor, não existe: além da noção generalizada de que os sacrifícios são tudo menos partilhados, a própria ênfase que Passos Coelho coloca no sacrifício é ofensiva conquanto supõe uma crença alargada numa futura recompensa, supõe um consenso acerca da gratificação que justifica os tempos difíceis.

 

No entanto, para a esmagadora maioria do povo português a acepção de sacrifício que tilinta remete para o imaginário das virgens e dos vulcões (do dicionário): 'Sacrifício: Oferta solene à divindade, em donativos ou vítimas.' Portanto, se não cremos nos mesmos deuses, e nos temos como vítimas de uma fé fanática que há muito abjurámos, é escusado vir com a conversa das necessárias provações a bem de 'no futuro um Natal melhor'. Não só é escusado, como é ofensivo.

6 comentários

Comentar post