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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Selecção natural

Sérgio Lavos, 19.02.13

O Pedro Picoito, que é de direita e com quem muitas vezes não concordo, tem toda a razão quando escreve neste post:

"É uma cruel ironia. Na mesma semana em que o Primeiro-Ministro descreve a economia portuguesa com uma das suas fórmulas trôpegas (“a selecção natural das empresas que podem melhor sobreviver está feita”), ficamos a saber, pelo Público, que nove empresários da restauração se suicidaram nos últimos três meses e 11 mil empresas do sector foram à falência. José Manuel Esteves, secretário-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, acrescenta que se trata muitas vezes de “microempresas de cariz familiar, e por isso as consequências são ainda mais gravosas”.

O Governo, entendamo-nos, não pode ser directamente responsabilizado por estas mortes. Mas a frieza dos números mostra a realidade, na vida das pessoas, do “processo de ajustamento” que Passos quer fazer passar por natural, inevitável e certo como uma lei da ciência. Vivemos acima das nossas posses? Pois agora morremos abaixo das nossas posses. As espécies, quando não se adaptam, extinguem-se, lá dizia o Sartre.

Se o Primeiro-Ministro tivesse um bocadinho de mundo fora das jotas e dos negócios de favor, saberia que há metáforas insultuosas. Sobretudo quando vêm de um parasita que sempre fugiu à “selecção natural” graças a hospedeiros bem colocados. Mas não tem. A selecção natural dá-se por pequenos passos."

 

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