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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Rudisha

Sérgio Lavos, 09.08.12

 

Desde já, o homem destes Jogos Olímpicos é David Rudisha. Recorde do mundo numa prova (800m) que costuma ser táctica nas grandes competições, mas que atingiu um nível superlativo graças ao queniano, com sete atletas a baterem os seus recordes pessoais (entre eles, dois recordes nacionais) na cola do vencedor. Um contra-relógio em busca de um lugar na História. Vontade de fazer "algo de extraordinário" nos Jogos, em vez de apenas limitar-se a ganhar a final, como disse o grande Sebastian Coe. Nada a ver com a actuação de Usain Bolt, que desligou o turbo nos últimos metros da final dos 200 metros, evitando que uma marca de relevo fosse atingida, e cortou a meta com uma arrogância que desrespeita os outros atletas - atitude que ele já tinha ensaiado nos Jogos de Beijing. O ideal grego não passa só pela supremacia atlética - Rudisha provou ser um humano mais perfeito do que Bolt.

Momentos de glória

Sérgio Lavos, 05.08.12

 

Diz-se que a caneta pode ser mais poderosa do que a espada. Mas se derem essa caneta a um cretino, o mais provável é ele espetar-se com ela. Ou então escrever crónicas como Alberto Gonçalves faz, semana após semana, no Diário de Notícias.

 

Esta semana, Gonçalves decide fazer coro com os taxistas deste país e dedica-se a esmiuçar a carreira dos olímpicos portugueses. É de resto hábito comum, o destes colunistas: falarem do que não sabem. Não duvido de que o único desporto que este Gonçalves alguma vez terá praticado terá sido a fuga ao calduço dado pelos colegas desportistas que o perseguiam no recreio do Secundário. Contudo, isso não o impede de ter uma opinião sobre um atleta como Marco Fortes, há muitos anos e de longe o único lançador de peso português de nível internacional, finalista em vários campeonatos europeus e mundiais. Não o impede de uma vez mais insultar o esforço de Fortes e dos outros atletas. Quase todos amadores que chegaram a um nível olímpico acessível a muito poucos. Com provas de classificação em todas as modalidades ou mínimos pedidos pelas federações em muitos casos mais exigentes do que os mínimos olímpicos internacionais, definidos pelo Comité Olímpico Internacional.

 

Veja-se o caso sintomático de Clarisse Cruz. Ontem conseguiu classificar-se para a final dos 3000 metros obstáculos, onde estarão apenas 15 atletas. Na corrida de apuramento, caiu a meio da prova, mas levantou-se a tempo de se apurar e bater o seu recorde pessoal por 10 segundos, acabando a prova a sangrar das duas pernas. Clarisse é, claro, amadora. Funcionária da Câmara Municipal de Ovar, costuma treinar em horário pós-laboral. Mesmo assim, conseguiu chegar a uma final na qual apenas estão presentes profissionais ou amadoras apoiadas por países que estimulam o desporto amador como nunca aconteceu por cá. 

 

Como Clarisse Cruz, há outros casos semelhantes na delegação portuguesa. Por exemplo, a sétima classificada da maratona, Jéssica Augusto, apenas se tornou profissional há três anos. E apenas quando se tornou profissional começou a ter resultados de relevo internacional, entre eles uma medalha de bronze num campeonato da Europa, também em 3000 obstáculos, e um título europeu de corta-mato. Graças à posição obtida anteontem, Jéssica será uma das atletas apoiadas para os próximos Jogos Olímpicos, recebendo a fabulosa quantia de 1000 euros mensais do Estado português, o valor da bolsa atribuída a atletas classificados até ao 8.º lugar nestes Jogos - e isto se o Governo entretanto não cortar este apoio*.

 

De quatro em quatro anos, a mesma história: jornalistas rondando os atletas como vampiros à procura da glória da medalha. Durante quatro anos, conquistas em mundiais e europeus destes atletas são apenas notas de rodapé em serviços noticiosos. Mas de repente, estes homens e mulheres que se preparam com todas as dificuldades inerentes ao desporto amador, transformam-se em depositários de todas as esperanças da pátria. E a esperança é uma medalha, a mais difícil das conquistas. A injustiça de tal pressão sobre os atletas apenas é comparável à idiotice de comentadores como Gonçalves, que nunca fez, nem fará, tanto por Portugal (ou por si próprio) como Marco Fortes ou a atleta que não compareceu a uma regata de vela por estar, imagine-se, grávida de três meses.

 

O que Gonçalves também não sabe - nem nunca tentará saber - é que estes atletas, e todos os atletas olímpicos que se seguirão, irão continuar a trabalhar no duro, a competir entre os melhores, superando-se a cada treino feito depois de sair da fábrica, a cada apuramento para campeonatos mundiais ou europeus, a cada medalha, ignorando - olimpicamente - o que Gonçalves (e outros da mesma jaez) diz. O espírito dos Jogos Olímpicos é isto. Mas, sinceramente, não espero que alguém que se atreve a tirar sarro da morte de Francisco Lázaro mereça perceber tal coisa. A cada qual o seu Inferno pessoal.

 

*O mesmo Governo que já tratou de reduzir as horas da disciplina de Educação Física no Ensino obrigatório, mostrando assim que não tem a mínima intenção de apoiar o desporto escolar, uma das principais forjas de atletas em qualquer país do mundo. Sobre o mesmo tema, ler estas declarações de Mário Santos, chefe da Missão aos Jogos Olímpicos de Londres.

E agora vamos falar de coisas sérias

Sérgio Lavos, 04.07.11

 

Calhou uma vez mais estar de férias durante o Tour. Não vou tecer considerações (não tenho jeito para bordados) sobre as suspeitas de doping que perseguem os grandes ciclistas nem a monumental vaia que Contador ouviu durante a apresentação da prova. Toda a gente sabe que os franceses facilmente cedem ao prazer da irascibilidade, e por isso - mais o Flaubert, o Godard, o Camus e o Zidane - lhes devemos perdoar. Adiante. Parece que este ano vai haver montanha a sério. Andy Schleck is my man, se sabem do que estou falar. Como não é o Djokovic nem o Nadal. Gostaria de ter visto este um escocês ganhar Wimbledon, mas não foi desta que Andy Murray superou os seu complexo de inferioridade perante a musculatura do sobrinho do central do Barcelona de Cruyf. Mas o ténis é um jogo de meninas (como maradona e David Foster Wallace se esforçaram por provar). O ciclismo é aquela coisa da glória e da superação e da absoluta verdade de que apenas se poderá ganhar recorrendo a meios ilícitos. O problema não é este ou aquele ciclista serem suspeitos de alguma coisa; o problema é que parece não haver outra maneira de lá chegar, ao topo. A dúvida paira sobre todos, como num filme de Hitchcock. Mesmo os que nunca são apanhados. E isso deixa-me vagamente chateado; por exemplo, aborrece-me que aquele que parecia o mais puro talento surgido nos últimos anos, o herdeiro de Marco Pantani, tenha entregue a alma ao Diabo e o corpo a várias transfusões de sangue, e por duas vezes seguidas. Ricardo Ricco sprintando serra acima era um espectáculo do outro mundo. Mas... como diria Gregory House, "a vida não é justa", e por vezes a glória vai parar aos lutadores com grande capacidade de fintar as equipas anti-dopagem. Enfim, só me lembro disto porque revi hoje um episódio da série no qual é tratado um grande campeão americano pelo médico. E claro, esse grande campeão americano dopa-se. E no fim, safa-se. É a vida.

 

Enquanto vou, eticamente dividido, assistindo na Eurosport ao excelente relato da Volta (bela dupla de comentadores aquela, por vezes complementada por um francês irascível chamado Olivier* - ou será um belga? - que não se importa de ser o saco de pancada dos outros dois), espero pelos primeiros jogos da pré-época. Confesso que a satisfação de ver partir Villas-Boas rumo a melhores paragens foi um pouco atenuada quando foi revelado o nome do novo treinador - Pinto da Costa terá algo na manga, ao escolher alguém chamado Vítor Pereira para o lugar. Resta-me esperar que meia equipa seja vendida - e quando escrevo "meia", refiro-me ao João Moutinho e ao Falcao, os outros podem ficar - e acreditar cegamente nos três ou quatro defesas-esquerdos que Jorge Jesus vai testar no lugar do Fábio Coentrão. Tirando isso, está tudo bem com o Benfica; temos jogadores suficientes para ter duas equipas a disputar o campeonato (haverá maneira de autorizar uma alteração nos regulamentos?) e o pelotão de avançados em linha de espera para substituir Cardozo dá-me razões de sobra para confiar numa boa campanha na Taça da Liga. Isso e os dois Salvios (ou Ramires, como preferirem), os dois Di Maria (Gaítan e a maravilha que sobrou do Barcelona) e os três defesas direitos que não irão tirar o lugar a Maxi Pereira. No entanto, confesso sentir um pouco de inveja do adversário (?) da Segunda Circular. É tempo do Benfica começar a apostar noutros mercados; queremos um Thadeus von Rumpelstiltskin no ataque; um Varsaj Snhjors no meio-campo; e esperanças sul-americanas a treinar na Academia (ah, esperai, isso já temos). 

 

Jogos contra equipas da terceira divisão suiça: um must de qualquer pré-época, para compor as bombásticas capas da Bola e ajudar ao entusiasmo dos milhões de benfiquistas que vivem no Seixal. Pelo andar da carruagem, talvez nem sobre muito tempo para espreitar os Mundiais de atletismo, lá para Agosto. O Verão é longo - e a pilha de livros habitual uma vez mais não será desbastada. Boas férias desportivas.

 

*Informado por dois comentadores, alterei o nome do francês, que afinal não é francês, é monegasco, essa raridade antropológica. Claro que teria bastado ir ao site da Eurosport para descobrir isso. Mas uma regra de ouro dos blogues é não investigar demasiado - a não ser que se escreva sobre coisas demasiado sérias. De qualquer modo, obrigado aos dois, LF e Mike.

Notícias da frente vermelha

Sérgio Lavos, 16.11.10


O Bruno decide, e bem, lembrar a situação vivida por Jorge Costa quando Co Adrianse passou pelo FCP, a propósito de Nuno Gomes. Poderia recordar também a história de amor interrompido entre Vítor Baía e José Mourinho, alguns anos antes, na mesma agremiação - com um breve prelúdio barcelonesco. Mas as lágrimas de Nuno Gomes têm uma explicação mais prosaica: a morte do pai; e uma mais poética: o fim de uma carreira. Dois fins, uma bola dividida com um guarda-redes momentaneamente desajeitado, e um golo celebrado por uma generosa multidão de adeptos que reconhece os seus nos bons e nos maus momentos. Diga-se que nem tudo serão rosas; a marca registada do avançado, o "falhanço à Nuno Gomes" - que ele, de resto, não deixou de acolher com um sentido de auto-ironia raro em desportistas, quando aceitou participar num anúncio televisivo em época de Mundial que glosava a expressão - deixou muitos amargos de boca pelo caminho e alguns cabelos arrancados ao mais paciente. Mas há, claro, a irracionalidade disto tudo. O carinho que lhe fomos dispensando ao longo dos anos, num misto paternalista de esperança e de resignação, teve a sua justa retribuição em algumas épocas bem conseguidas e atingiu um ponto alto no Europeu de 2000. No meu caso, o que me ficará da carreira de Nuno Gomes será, acima de tudo, aquele golo marcado à França, de fora de área, que me fez acreditar que poderíamos finalmente chegar a uma final e ganhar alguma coisa. É suficiente? A retórica é inútil, e nem será necessário repetir o cliché futeboleiro - o futebol é feito destes momentos - para dar de barato que aquela é a marca de Nuno Gomes: quando menos esperamos, ele supera-se e decide jogos.

Na última frase, hesitei sobre o uso do tempo verbal. Presente ou passado?  O presente de um jogador de futebol prolonga-se durante um tempo mais curto do que o comum dos mortais. Mas cada instante de glória, provisória, passageira, acabará por ficar gravado, se não na memória, pelo menos nos arquivos de uma qualquer estação de televisão que se encarregará, no futuro, de repetir jogos de campeonatos antigos. As lágrimas de Nuno Gomes, em nome do pai, seriam também as lágrimas de uma raiva final, quase de um mau melodrama, um dos últimos momentos de aplauso no estádio que o viu falhar e conseguir em igual medida. A Nuno Gomes, poeticamente, nunca terá deixado de se aplicar o lema de Samuel Beckett: "Tudo desde sempre. Nunca outra coisa. Nunca ter tentado. Nunca ter falhado. Não importa. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor." É mais do que suficiente. Presente.

Notícias da frente vermelha

Sérgio Lavos, 07.11.10
De cada vez que Jesus inventa, dá no que dá (Liverpool é o outro exemplo). Fazer isso com uma equipa sem confiança é suicídio; os jogadores precisam de saber que todos os adversários têm a mesma importância, chamem-se FCP ou Arouca.

Ou então, andaram a semana toda a treinar golfe e saiu-lhes futebol na rifa: bem jogado, directo, pressionante, qualidades que o Benfica apresentava a época passada e parece ter esquecido.

Uma época deitada fora na pré-época; demasiados erros na definição do plantel; desmotivação de jogadores importantes como David Luiz e Saviola.

Quanto ao golfe, parece que há quem continue a gostar de praticar essa modalidade lá para cima. Regionalismos, que querem? Tudo normal, de resto. A direcção do clube dos golfistas merece este tipo de adeptos.

Em jeito de antecipação

Sérgio Lavos, 07.11.10
Manda o desportivismo felicitar o adversário quando ganha, e eu aproveito para me antecipar. No jogo de amanhã, tudo está a favor do Porto. O Benfica vai, provavelmente, apresentar a sua segunda equipa. Creio que a inteligente estratégia inaugurada pelo Leiria pode ter feito escola, e não me surpreenderia que todos os clubes passassem a jogar no Dragão com as reservas. Dizem que poupar jogadores no Dragão é duplamente saudável: refresca os titulares que descansam, e também revigora os clubes. Quando se sabe gerir o esforço é outra coisa. Além disso, o árbitro será Pedro Proença, que é benfiquista (como Vale e Azevedo), e é o célebre inventor do penalty inexistente de Yebda sobre Lisandro López, há dois anos.

Talvez Proença e Vilas Boas possam, no fim do jogo, trocar algumas impressões acerca da actividade de detectar penalties que mais ninguém vê, da qual são ambos orgulhosos praticantes. De acordo com o jornal Semanário Privado de 26 de Agosto de 2009 (que só li para não ser excluído da discussão pública), Pedro Proença é também referido na escuta de uma conversa entre Pinto da Costa e Pinto de Sousa. Pinto da Costa pergunta ao amigo quem vai ser o árbitro de determinado jogo do Porto, e Pinto de Sousa responde, referindo-se a Pedro Proença: «É o que a gente combinou». O futebol português pode ter muitos defeitos, mas do ponto de vista da organização é irrepreensível: quase tudo está combinado. Mais: o Benfica tornou a preparar-se de forma deficiente para o jogo. Como se viu em Coimbra, bola na mão na área do Porto é bola na mão; bola na mão na área do adversário é penalty, o que constitui urna vantagem inestimável para os portistas. A ártica maneira de contrariar esta vantagem do Porto é reforçar o plantel com jogadores manetas, e o Benfica teima em não o fazer. Por outro lado, a equipa volta a apresentar-se no Dragão apenas com os onze jogadores, e não com onze jogadores e onze caddies. É indigno que tenham de ser os próprios futebolistas a apanhar as bolas de golfe.

ACADÉMICA e Porto encontraram-se na semana passada para jogar urna modalidade desconhecida, e o resultado final foi a vitória do Porto. Surpreendentemente, os três pontos obtidos contaram para o campeonato de futebol. Foram várias as pessoas que dis seram que o jogo não se deveria ter realizado, mas compreende-se a decisão de não adiar. Se o jogo tivesse sido adiado, o Porto chegaria ao encontro com o Benfica com apenas quatro pontos de avanço. Se se realizasse na data prevista, poderia chegar com sete. Valia a pena arriscar. (Ler o resto aqui.)

A crónica de Ricardo Araújo Pereira, ontem na Bola.

Notícias da frente vermelha (com um ligeiro desvio à boca da baliza)

Sérgio Lavos, 29.10.10


Acabei de perder mais uma declaração do Presidente da República ao país (a que eu mais lamento foi aquela sobre o estatuto político, ou jurídico, ou lá o que foi, dos Açores), mas parece que ele terá dito que espera haver um entendimento entre PSD e PS. Imagino que a ideia de "magistratura activa" passe por estas intervenções que apenas excitam os fãs da linha dura e um ou outro doido que, por manifesta ausência de concorrência, acha Cavaco a quinta essência do estadista, uma espécie de Churchill mais magro e abstémio. Cavaco tem o mérito de ter dado o empurrão inicial ao país na direcção ao abismo, conduzindo-o pelas maravilhosas auto-estradas que romperam a paisagem nacional e nos colocaram na cauda do desenvolvimento europeu. Não serei eu a retirar-lhe esse mérito, e certamente que a sua campanha, sem outdoors mas com um assinalável excesso televisivo, não irá deixar de vincar a sua vocação bartlebyana, entre o silêncio e o vazio de ideias, ponderando nos bastidores o melhor caminho para a sua (mediana) glória.

Não terá sido tempo perdido, portanto, aquele que passei a ver o Benfica-Paços de Ferreira, e apercebi-me de que passou uma semana sem notícias da frente vermelha. Vocês sabem que eu sei que vocês sabem que eu sei que o Benfica encaixou três jogos medíocres de seguida, dos quais perdeu um, com uma equipa a sério, o Lyon, e ganhou os outros dois, parecendo embalar numa sequência vitoriosa. Descontada a influência da recuperação para a vida de Roberto - e resta saber se esta recuperação também se estenderá ao futebol -, o grande factor de sucesso (bela expressão da modernidade) nestas últimas semanas tem sido a fraqueza dos adversários. O que pode ser um problema; como se viu em França e na Alemanha, falta ainda alguma qualidade e bastante classe para enfrentar os adversários mais difíceis. As contratações serão um caso a estudar: Gaítan é o quê? Um médio-esquerdo? Um número dez? Saberá fazer um passe de risco, um centro decente? Grandes questões que acentuam a inexistência de César Peixoto enquanto verdadeira alternativa a Fábio Coentrão (como a clonagem parece ser ainda uma utopia, continuaremos a vê-lo apenas ou como defesa ou como médio; apesar de por vezes parecer que faz os dois lugares ao mesmo tempo). O Benfica tem sido, nos últimos jogos, uma equipa segura na defesa e pronta a cometer um hara kiri a cada momento na zona do meio-campo (talvez o jogo de hoje seja a excepção). Resta-nos esperar que surjam lances como o de Aimar - mas será que Jesus sabe que apenas aparecem em situações excepcionais, geralmente acompanhadas de sinais de presença divina, como dilúvios anunciados que põem a nu a ineficiência do Presidente da Câmara de Lisboa? Não sei, mas sei que, tão surpreendente como as folhas das árvores caducas caírem no Inverno entupindo as sarjetas de Lisboa, é a eficácia constante do FCP a cada campeonato; portanto, a pergunta obrigatória é esta: o que terá passado pela cabeça da direcção e do treinador que terá levado a uma tão má preparação desta época?

Mas, de qualquer maneira, já sabemos: o mundo pode mudar em quinze dias.