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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Mais um canal, menos pluralismo

Daniel Oliveira, 04.01.08


O Pedro Sales tem toda a razão. A abertura de um quinto canal de televisão em sinal aberto é uma péssima ideia. Na televisão, as coisas vão apenas piorar mais um pouco. Com o cabo e a Net a ganhar espaço nos segmentos com maior poder de compra, continuará a guerra para captar o máximo de público com o mínimo de custos. Isto não quer dizer que se dê às pessoas o que elas querem ver. Quando os interesses são cada vez mais diferenciados, a televisão generalista, a única acessível aos mais pobres, limita-se a procurar o mínimo denominador comum: o que afugenta menos pessoas. E como as receitas em publicidade diminuirão, os custos em produção também terão de baixar. Concursos e novelas são a coisa mais barata para produzir dentro dos produtos de consumo indiferenciado. E como os preços da publicidade vão baixar o tempo de publicidade terá de subir.

Mas a tragédia será mesmo para a imprensa e rádio. Com o mercado da publicidade a aceder a saldos televisivos (o que na realidade já acontece), o pouco que ainda resta para a imprensa e rádio generalistas - que chegam a menos gente - vai acabar de fazer a migração, aprofundando ainda mais a crise no jornalismo nacional. Ou seja, com televisões generalistas com menos receitas (e por isso menor disponibilidade para investimento em áreas quase sempre deficitárias, como a informação) e jornais e rádios sem anunciantes, o que aparentemente aumentaria o pluralismo - a abertura de um quinto canal - terá exactamente o efeito contrário. Dirão: a concorrência tratará de fazer fechar o canal de televisão que não conseguir ser competitivo. Falso. Eles conseguirão aguentar, nem que seja com margens de lucro mínimas. São os jornais que pagarão a factura. Porque o mercado publicitário é o mesmo.

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