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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Olhem para mim, que já deliro nos 42º ou 43º

Daniel Oliveira, 28.02.09

Manuela Ferreira Leite acha escandaloso que Sócrates não esteja numa cimeira europeia informal, "onde, nenhum primeiro-ministro, mesmo com 40 graus de febre, pode deixar de estar" para, em troca, estar na "festa de encerramento" do congresso. Primeiro: a presença de Sócrates numa cimeira preparatória e informal (foi substituido por Teixeirado dos Santos) é irrelevante. Segundo: os congressos dos partidos fazem parte da vida democrática de um país (coisa que Ferreira Leite desconhece, porque tem um absoluto desprezo pelos militantes do seu, apesar de terem sidos os únicos que até agora a elegeram para alguma coisa) e valem mais do que uma febre. Terceiro: o que é perturbante é perceber que no meio de tanto escândalo e desta crise, sejam estes os episódios que mobilizam a líder do PSD.

13 comentários

José Bastos 28.02.2009

Na minha opinião Manuela Ferreira Leite tem um património de credibilidade que, infelizmente, escasseia na maioria da classe política Portuguesa. Esta característica parece-me bastante mais importante que qualquer defeito que lhe possam apontar.
José Sócrates optou por estar no Congresso porque é onde pode tirar maiores dividendos a nível pessoal. Se estivesse mais preocupado com os interesses nacionais estaria na Cimeira Europeia, seja ela preparatória, informal, ou o que lhe queiram chamar. Nessa cimeira destinada aos "chefes de Estado e de Governo dos 27" vai-se discutir a situação económica e financeira internacional, muito grave pelo que se diz.
Apanhado neste 'dilema' Sócrates optou pelo seu umbigo.
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zeze 28.02.2009

Esta Senhora é uma economista e uma avó extremosa e certamente terá muitas outras virtudes mas daí exigir-lhe ser ministra ou presidente dum partido é despropositado. Qualquer cargo político acima de membro do corpo consular em Malta é desajustado. Aquela anciã não nasceu para politica.

O PSD já conheceu melhores dias e muito melhor militância, é uma fase má, mas passa, tudo passa, um dia acordamos e temos a notícia que um ilustre desconhecido, vindo das brumas, tomou as rédeas do partido e está a fazer furor, a mobilizar vontades e a conquistar simpatias à esquerda e à direita. Quem sabe o próprio el-rei D. Sebastião...
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tardes de bolonha 28.02.2009

Daniel,discordo de si em dois planos: acho perfeitamente normal que no combate político um dirigente da oposição tenha feito as criticas que Manuela Ferreira Leite fez; o que tambem não acho normal é que o o chefe do governo falte a uma reuniao daquelas,num momento tao critico para a Europa e para o mundo. Mesmo que você diga que se trata de um "encontro informal,preparatório", considero que a imagem de Portugal fica ainda mais enfraquecida do que já está perante os principais decisores,reforçando o chamado Directorio das grandes potencias europeias.
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LAM 28.02.2009

Tudo uma questão de prioridades e nessa matéria equiparam-se.
A Drª Manuela quando tomou posse de presidente do PSD e, o partido dela precisava de fazer oposição e tomar decisões (diziam eles, não eu), mandou-os todos às málvas e foi para Londres visitar o netinho num período sabático que durou uns meses.

Está bem que na diferença entre o silêncio e o disparate venha o diabo e escolha, mas que pôs os interesses pessoais acima dos interesses a que se tinha comprometido, pôs.
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JV 28.02.2009

Primeiro: a presença de Sócrates numa cimeira preparatória e informal (foi substituido por Teixeirado dos Santos) é irrelevante.

A presença de qualquer representante de Portugal em qualquer cimeira de qualquer organização de que façamos parte é materialmente irrelevante. Isso em nada legitima que um qualquer chefe de governo se exima de nelas participar em nome de Portugal.

Segundo: os congressos dos partidos fazem parte da vida democrática de um país

Sim, e as relações internacionais, e a participação em cimeiras no âmbito das organizações a que o Estado pertença, e a defesa do interesse nacional, fazem parte da «vida anti-democrática» do país. É uma asserção perfeitamente ridícula, a sua: as duas coisas fazem parte da vida democrática, mas uma faz-se no conspecto da Nação como um todo, e a outra no de uma sua facção. E vocês sabe disso: quer apenas uma oportunidade para dizer que Ferreira Leite [o] desconhece, porque tem um absoluto desprezo pelos militantes do seu, apesar de terem sidos os únicos que até agora a elegeram para alguma coisa). O que de resto é assaz cómico: na volta quererá dizer-me que Sócrates, múltiplas vezes acusado de ser um péssimo secretário-geral e de tratar os militantes abaixo de cão, o fez porque nutre por eles um devotado carinho...

Terceiro: o que é perturbante é perceber que no meio de tanto escândalo e desta crise, sejam estes os episódios que mobilizam a líder do PSD.

Argumento da treta do costume: «fala disto quando há assuntos mais importantes».
Perspectivamente, qualquer assunto pod ser mais importante do que outro: a crise pode ser menos importante do que a dissolução dos costumes, do que a quebra estrutural da demografia, do que o crescimento da xenofobia, do que as assimetrias regionais, do que a fome em África, do que, do que, do que. A ponderação de valor relacional entre temas é estritamente subjectiva, pelo que o apelo pacheco-pereiriano para as «questões essenciais» não serve de coisa alguma. O que cumpre saber é se as asserções de MFL, no caso vertente, se prendem com um assunto importante em essência - é o caso. Sócrates optou pela participação num Congresso partidário em detrimento da representação de Portugal numa cimeira internacional que pretende desenvolver estratégias para uma solução concertada da maior crise económica que a Europa sentiu desde 1945. Asseverou, com isto, que na sua perspectiva há maior importância em ser entronizado pelo PS do que em dar contributo para a resolução do problema económico europeu. É uma escolha errada, a meu ver, e não é a irrelevância da participação portuguesa no encontro que a legitima. Fez bem em criticá-lo, a líder da Oposição.
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