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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Diz que é uma espécie de democracia

Daniel Oliveira, 27.02.10
Uma idiota (mas não inocente) lei eleitoral chilena dissolve automaticamente os partidos políticos que tenham menos do que cinco por cento e não elejam no mínimo quatro deputados. Foi o que aconteceu ao Partido Comunista Chileno: teve menos de cinco por cento. Assim, apesar de ter eleito três deputados nas últimas eleições, o PCC pode ser mesmo dissolvido. Isto, quando a direita e a extrema-direita aliadas regressam ao poder (com fortes responsabilidades da esquerda na escolha do seu candidato presidencial e quando a anterior presidente Michelle Bachelet sai do cargo, por limite de tempo de mandato, com um nível de popularidade invejável). Esta regra eleitoral resulta do acordo assinado com Pinochet, para que este fizesse o enorme favor de abandonar o poder para o qual ninguém o tinha eleito.

Em baixo, fica um link para o comunicado do PCP, que obviamente subscrevo, de solidariedade para com o partido criado em 1912, central na resistência à ditadura e que teve Pablo Neruda como senador.



"Queridos camaradas,

Foi com profunda indignação que tomámos conhecimento da situação de “dissolução” e ilegalidade do Partido Comunista do Chile. A vigência de um instrumento legal ainda impregnado pelo espírito da ditadura fascista de Pinochet – cujo anacronismo a eleição de três deputados comunistas, nas legislativas de Dezembro, torna particularmente evidente – associa-se ao recente triunfo presidencial do candidato assumido da direita chilena e à ameaça revanchista representada pelos sectores mais retrógrados da sociedade chilena e do imperialismo, facto que não pode deixar de merecer a mais firme denúncia e rejeição dos comunistas e dos democratas em geral.

Um partido com tão heróicas tradições e tão funda raiz nos trabalhadores e na realidade chilena, como o PCC, está acima de tão iníquas medidas. Mas não deixa de ser profundamente inquietante que elas sejam possíveis num país que se pretende democrático.

Deste modo, queremos expressar-vos a fraternal solidariedade dos comunistas portugueses e formular votos para que seja rapidamente ultrapassada, sem maior prejuízo para a intervenção e actividade do PCC, tão grave limitação ao exercício cabal das liberdades políticas fundamentais e do pluralismo democrático no Chile e que a luta do PCC e demais forças democráticas chilenas por uma efectiva e profunda democratização da vida política nacional venha a ser coroada de pleno sucesso".

Jornal Avante, via Spectrum

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