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São enormes as expectativas dos migrantes chineses que chegam das aldeias a Shenzhen, para trabalhar na fábrica da Foxconn, onde são produzidos os iPhones. Mas parece que é grande a desilusão. O trabalho é repetitivo e longo, a fazer lembrar os tempos Modernos de Chaplin. Diz um estudioso que conhece a fábrica: "A rapidez é muita e não se pode abrandar, pelo menos durante dez horas. Percebe-se que alguém possa ficar dormente e se transforme numa máquina". São pelo menos 60 horas semanais, mas há relatos de muitos trabalhadores a fazerem horas extraordinárias para aumentar o salário de 106 euros. Precisavam de alguns meses para comprar um iPhone.
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São enormes as expectativas dos migrantes chineses que chegam das aldeias a Shenzhen, para trabalhar na fábrica da Foxconn, onde são produzidos os iPhones. Mas parece que é grande a desilusão. O trabalho é repetitivo e longo, a fazer lembrar os tempos Modernos de Chaplin. Diz um estudioso que conhece a fábrica: <a href="http://jornal.publico.pt/noticia/27-05-2010/fabricante-do-iphone-na-china-enfrenta-vaga-de-suicidios-19487598.htm">"A rapidez é muita e não se pode abrandar, pelo menos durante dez horas. Percebe-se que alguém possa ficar dormente e se transforme numa máquina"</a>. São pelo menos 60 horas semanais, mas há relatos de muitos trabalhadores a fazerem horas extraordinárias para aumentar o salário de 106 euros. Precisavam de alguns meses para comprar um iPhone.
Resultado:<a href=""http://jornal.publico.pt/noticia/27-05-2010/fabricante-do-iphone-na-china-enfrenta-vaga-de-suicidios-19487598.htm"> já houve nove suicídios desde o princípio do ano</a>. Os jornais de Hong Kong garantem que a empresa está a pedir aos funcionários para assinarem documentos a garantir que não se vão suicidar, informação que é desmentida pela própria.
A má publicidade que resulta destas notícias obrigou a uma reacção. Melhores condições de trabalho? Redução de jornada de trabalho? Aumento do salário? Ou seja: reduzir o fosso entre o que os jovens trabalhadores esperavam e o que têm? Não, que dinheiro é dinheiro.
A Foxconn optou por chamar monges budistas para afastar maus espíritos, contratar dois mil psicólogos, cantores e bailarinos, abrir uma linha telefónica de ajuda, criar um centro de libertação de stress onde os operários podem esmurrar a fotografia do superior e erguer, junto aos dormitórios dos 400 mil operários, redes para tentar travar as quedas. E mostrou o seu serviço aos jornalistas.
A dimensão destas fábricas, as condições em que nelas se trabalha, a forma de produzir e os efeitos que a passagem de uma economia de subsistência para a industrialização de trabalho intensivo são uma viagem no tempo. Não há monges e bailarinos, para consumidor europeu e americano saber, que resolvam isto.
A verdade é que competimos com o passado. O crescimento da China vive deste hiato de tempo. Cresceu, mas, em muitos casos, ainda vive no século XIX. E o passado atira-se da janela porque não aguenta, como os nossos antepassados não aguentavam, ver-se transformado numa máquina. Os nossos operários organizaram-se e exigiram mais. A ditadura trata de garantir que em vez da greve os seus operários escolham a morte. Adocicada por linhas de apoio e terapias contra o stress. Para não chocar demasiado as almas sensíveis do Ocidente.
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