Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

A crise é nossa amiga. Vamos ajudar a crise.

Daniel Oliveira, 28.05.10
"O Conselho de Ministros de 27 de Maio aprovou um diploma que visa regular a eliminação de algumas medidas que tinham sido adoptadas transitoriamente no auge da crise económica internacional" . É assim que se anuncia, no portal do governo, a eliminação de vários apoios sociais. Reparem que foi no "auge da crise económica internacional" que as medidas agora eliminadas foram decididas. Das duas uma: ou tudo que temos ouvido resulta de um delírio colectivo ou há um estádio depois do auge que nós desconhecemos. E que tem como principal característica dispensar, apesar de ser mais grave, qualquer tipo de medidas.

Entre várias mediadas extintas , todas relativas ao apoio aos desempregados, acaba-se com a majoração de dez por cento no subsídio de desemprego para agregados desempregados com crianças a cargo. Todos temos de fazer sacrifícios e é de pequenino que se torce o pepino.

Como os números do desemprego ainda não são suficientemente consistentes, acaba-se com o programa qualificação-emprego, com a redução de três por cento da taxa social única para as pequenas empresas que empreguem trabalhadores com mais de 45 anos, com o programa de incentivo ao emprego de jovens licenciados e com a linha bonificada de apoio à criação de empresas por desempregados. Quando o governo quer reduzir despesas sociais e no momento em que o desemprego aumenta, nada parece mais adequado do que acabar com todos os incentivos à criação de emprego. Serão, assim, ainda mais os candidatos ao subsídio de desemprego e menos os trabalhadores a contribuir com os seus impostos para os pagar.

Já se percebeu que ninguém está a pensar no que anda a fazer. Perante a enfermidade o governo já só trata da extrema unção. Quando for o velório o serviço estará completo. Só o facto do governo anunciar que vai acabar com as medidas anti-crise para fazer frente à crise deveria chegar para se perceber ao absurdo a que chegámos. O suicídio assistido passou a ser política de Estado.

Publicado no Expresso Online.

43 comentários

Comentar post