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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Espiões no São Luiz

Daniel Oliveira, 28.02.07
Hoje, às 18h30, no Jardim de Inverno Teatro S. Luiz, o "É a Cultura, Estúpido" é sobre "Portugal: espiões e espionagem", com José Vegar, que acabou de lançar «Serviços Secretos Portugueses – História e Poder da Espionagem Nacional»

Anabela Mota Ribeiro, Daniel Oliveira, José Mário Silva, Nuno Artur Silva e Pedro Mexia fazem as honras da casa.

Retrato II

Daniel Oliveira, 28.02.07
O nosso nacionalismo baseia-se em razões étnicas e históricas e não valoriza a exigência política e civica no presente.


Ver texto do "Público" em baixo.
A História e o futebol são motivo de orgulho para os portugueses... e as artes também

28.02.2007, Clara Viana

Só os Estados Unidos e a Venezuela batem Portugal no que toca à importância do passado histórico, revela estudo sobre identidade nacional que comparou 42 países

a Orgulhosamente portugueses: não parece, mas é deste modo que nos descrevemos, revela um estudo sobre Identidade Nacional que será hoje apresentado no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa. E o que faz de nós seres orgulhosos da sua nacionalidade? A História, sobretudo, mas também o desporto, as artes e a literatura, adianta o antropólogo e historiador José Manuel Sobral, um dos coordenadores da investigação.
É o passado que garante um lugar no pódio a Portugal. Cerca de 92 por cento de portugueses dizem sentir orgulho na história do país. Em 42 países auscultados no âmbito desta investigação, é uma percentagem só ultrapassada nos Estados Unidos e na Venezuela. Orgulhamo-nos também com o futebol - o desporto vem a seguir à História.
E, surpresa, os portugueses sentem-se mais orgulhosos com as suas artes e literatura do que os nacionais de países como a Irlanda, os EUA ou a Rússia, revela José Sobral. Ufano com a sua História, Portugal não está, contudo, entre os mais patriotas. Embora figure entre os mais nacionalistas. Segundo os autores do estudo, é o que se conclui a partir das respostas a perguntas como esta: "As pessoas devem apoiar o seu país mesmo quando este toma uma posição errada?" Uma persentagem de 50,5 dos portugueses respondem "sim". É uma das mais altas.
Mesmo assim, não são apresentados entre os patriotas. É uma questão de definição, e a que foi utilizada para este estudo afasta-os. O problema é que os portugueses engrandecem o passado na mesma medida em que desprezam o presente. "O pequeno povo que fez um grande império" já há muito que não alinha entre os grandes e não arrisca sequer comparações com a vizinha Espanha. Estão pessimistas, desconfiados, sublinha José Sobral, e isso reflecte-se quando são chamados a identificar quais são, para eles, "as fontes de orgulho na situação presente de Portugal". Entre as quais figuram itens como a Segurança Social, a democracia, a governação, a influência política do país, etc.
É a partir destes indicadores que são calculados as chamadas "médias de patriotismo". Numa escala de 1 a 4, Portugal fixa-se nos 2,14, contra 2,71 de média na União Europeia.
Identidades valorizadas
Dando a si próprio tanto passado e tão pouco presente, o país não surpreende neste estudo. "Continua sempre a olhar para o passado. Mesmo quando inova e realiza, é sempre o passado que evoca. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Expo "98", diz José Sobral.
Qual o aspecto mais importante para se ser um verdadeiro nacional? Respostas dos portugueses: o conhecimento da língua (94,7 por cento) e ter antepassados nacionais (83,4 por cento). A primeira resposta coloca Portugal na média europeia, mais associada à chamada "representação cívica" da identidade nacional. A segunda remete-nos para junto daqueles que têm uma "representação etnista" da nação. Ambivalentes? "Estão nos dois lados, mas são dos que dão mais ênfase à dimensão étnica, aos antepassados, valorizam a pertença a uma comunidade no tempo que, no seu caso, fazem recuar aos lusitanos", diz José Sobral. Desta importância dada aos ancestrais pode-se também concluir que Portugal "não é um país muito aberto à imigração", acrescenta.
Realizado no âmbito da rede de pesquisa International Social Survey Programme, que em Portugal está integrado no programa Atitudes Sociais dos Portugueses, do ICS, o estudo que hoje será apresentado conclui que a percepção das identidades nacionais continua a ser um caso sério. Apesar da globalização, "não foi desvalorizado", comenta José Sobral. Em Portugal, foram realizadas para esta investigação 1602 entrevistas entre Abril e Setembro de 2004. Mais informação em http://zacat.gesis.org/webview/index.jsp.
Existe "um forte recalcamento da questão étnica" na Europa, diz José Sobral com base nos dados recolhidos no âmbito do estudo sobre identidade nacional. Na Alemanha, por exemplo, e contrariando o que se registou no passado, a importância da ancestralidade quase não é referida. É a culpa alemã ainda a trabalhar, arrisca o investigador
Também a Eslováquia e a Eslovénia tendem a desprezar a importância dos avós. A "representação etnista" da nação é forte na Irlanda, Áustria e Espanha, mas sempre com valores inferiores aos recolhidos em Portugal.

Retrato II

Daniel Oliveira, 28.02.07
O nosso nacionalismo baseia-se em razões étnicas e históricas e não valoriza a exigência política e civica no presente.


Ver texto do "Público" em baixo.
A História e o futebol são motivo de orgulho para os portugueses... e as artes também

28.02.2007, Clara Viana

Só os Estados Unidos e a Venezuela batem Portugal no que toca à importância do passado histórico, revela estudo sobre identidade nacional que comparou 42 países

a Orgulhosamente portugueses: não parece, mas é deste modo que nos descrevemos, revela um estudo sobre Identidade Nacional que será hoje apresentado no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa. E o que faz de nós seres orgulhosos da sua nacionalidade? A História, sobretudo, mas também o desporto, as artes e a literatura, adianta o antropólogo e historiador José Manuel Sobral, um dos coordenadores da investigação.
É o passado que garante um lugar no pódio a Portugal. Cerca de 92 por cento de portugueses dizem sentir orgulho na história do país. Em 42 países auscultados no âmbito desta investigação, é uma percentagem só ultrapassada nos Estados Unidos e na Venezuela. Orgulhamo-nos também com o futebol - o desporto vem a seguir à História.
E, surpresa, os portugueses sentem-se mais orgulhosos com as suas artes e literatura do que os nacionais de países como a Irlanda, os EUA ou a Rússia, revela José Sobral. Ufano com a sua História, Portugal não está, contudo, entre os mais patriotas. Embora figure entre os mais nacionalistas. Segundo os autores do estudo, é o que se conclui a partir das respostas a perguntas como esta: "As pessoas devem apoiar o seu país mesmo quando este toma uma posição errada?" Uma persentagem de 50,5 dos portugueses respondem "sim". É uma das mais altas.
Mesmo assim, não são apresentados entre os patriotas. É uma questão de definição, e a que foi utilizada para este estudo afasta-os. O problema é que os portugueses engrandecem o passado na mesma medida em que desprezam o presente. "O pequeno povo que fez um grande império" já há muito que não alinha entre os grandes e não arrisca sequer comparações com a vizinha Espanha. Estão pessimistas, desconfiados, sublinha José Sobral, e isso reflecte-se quando são chamados a identificar quais são, para eles, "as fontes de orgulho na situação presente de Portugal". Entre as quais figuram itens como a Segurança Social, a democracia, a governação, a influência política do país, etc.
É a partir destes indicadores que são calculados as chamadas "médias de patriotismo". Numa escala de 1 a 4, Portugal fixa-se nos 2,14, contra 2,71 de média na União Europeia.
Identidades valorizadas
Dando a si próprio tanto passado e tão pouco presente, o país não surpreende neste estudo. "Continua sempre a olhar para o passado. Mesmo quando inova e realiza, é sempre o passado que evoca. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Expo "98", diz José Sobral.
Qual o aspecto mais importante para se ser um verdadeiro nacional? Respostas dos portugueses: o conhecimento da língua (94,7 por cento) e ter antepassados nacionais (83,4 por cento). A primeira resposta coloca Portugal na média europeia, mais associada à chamada "representação cívica" da identidade nacional. A segunda remete-nos para junto daqueles que têm uma "representação etnista" da nação. Ambivalentes? "Estão nos dois lados, mas são dos que dão mais ênfase à dimensão étnica, aos antepassados, valorizam a pertença a uma comunidade no tempo que, no seu caso, fazem recuar aos lusitanos", diz José Sobral. Desta importância dada aos ancestrais pode-se também concluir que Portugal "não é um país muito aberto à imigração", acrescenta.
Realizado no âmbito da rede de pesquisa International Social Survey Programme, que em Portugal está integrado no programa Atitudes Sociais dos Portugueses, do ICS, o estudo que hoje será apresentado conclui que a percepção das identidades nacionais continua a ser um caso sério. Apesar da globalização, "não foi desvalorizado", comenta José Sobral. Em Portugal, foram realizadas para esta investigação 1602 entrevistas entre Abril e Setembro de 2004. Mais informação em http://zacat.gesis.org/webview/index.jsp.
Existe "um forte recalcamento da questão étnica" na Europa, diz José Sobral com base nos dados recolhidos no âmbito do estudo sobre identidade nacional. Na Alemanha, por exemplo, e contrariando o que se registou no passado, a importância da ancestralidade quase não é referida. É a culpa alemã ainda a trabalhar, arrisca o investigador
Também a Eslováquia e a Eslovénia tendem a desprezar a importância dos avós. A "representação etnista" da nação é forte na Irlanda, Áustria e Espanha, mas sempre com valores inferiores aos recolhidos em Portugal.

Retrato I

Daniel Oliveira, 28.02.07
O caso da Universidade Independente, que se junta aos episódios nas universidades Lusófona, Livre e Moderna é um bom exemplo do atraso cultural dos nossos empresários, sobretudo quando comparados com o ensino superior público.

As minhas escolhas nos Oscares

Daniel Oliveira, 27.02.07
Ficam aqui as minhas escolhas entre os nomeados. Valem o que valem. Socrsese, escolhia como melhor realização porque alguma vez teria de receber o Oscar. Gostei muito do "Entre Inimigos", mas "Cartas de Iwo Jima" éuma obra prima do melhor realizador vivo. Não vi "Venus", mas Peter O'Toole não pode concorrer com outros e perder. É uma questão de decência.

Melhor filme

Letters from Iwo Jima/Cartas de Iwo Jima



Melhor Realização

Martin Scorsese

Por The Departed/Entre Inimigos



Melhor actor principal

Peter O'Toole

Em Venus


Não vi, mas adorei.

Melhor actriz principal

Penélope Cruz

Em Volver



Melhor filme de animação

Monster House/A Casa Fantasma



Melhor argumento original

Iris Yamashita, Paul Haggis

Por Letters from Iwo Jima/Cartas de Iwo Jima

Melhor argumento adaptado

William Monahan

Por The Departed/Entre Inimigos

Fenómeno do Entroncamento

Daniel Oliveira, 26.02.07
NAS últimas eleições, o PCP subiu ligeiramente, muito graças à bonomia e ao efeito-surpresa de Jerónimo de Sousa. Só que a simpatia do novo secretário-geral, excelente para campanhas, de pouco valerá no tipo de combate político mais caro ao PCP. E diz pouco ao eleitorado que os comunistas mais prezam: o operariado e seus descendentes. Talvez por isso, a subida do PCP não se sentiu da mesma forma nas zonas mais industrializadas e de maior implantação comunista. E foi exactamente em concelhos como o Barreiro, Marinha Grande, Sintra, Seixal, Moita, Almada e Entroncamento - onde teve um recorde eleitoral -, que o Bloco de Esquerda teve os seus melhores resultados, ultrapassando a fasquia dos 10%.

O eleitorado do Bloco já não se resume a intelectuais, quadros superiores e jovens urbanos. Além do voto de protesto inorgânico e flutuante, o Bloco conquistou um novo tipo de eleitores. Vêm dos grupos sociais mais desperançados: trabalhadores jovens e precários, funcionários públicos desmotivados, operários em tudo diferentes da mitologia revolucionária. Vão ao cinema, acabaram o liceu e navegam na Internet. Esperavam mais do que a vida lhes deu.

Se o Bloco de Esquerda pensasse que, para se implantar, lhe bastaria substituir o PCP, modernizando o seu discurso, estaria a cometer um erro histórico. O problema do PCP não é, como se viu, a imagem. É a falta de horizonte. Mas, se, por outro lado, o Bloco julgasse que bastaria ser um franco-atirador à caça do voto de protesto, então a sua tragédia seria ainda maior. O Bloco tem de querer mudar o poder, sem o temer. Se assim não o fizesse, os seus novos eleitores mais convictos não resistiriam à frustração.

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