Vejo na SIC que Alberto João inaugurou uma estrada para uma pequena povoação. Conta que o fez para pagar uma dívida a Maria, a empregada que o ajudou a cuidar dos filhos e que ali vive. Ficamos todos satisfeitos por contribuir com o nosso dinheiro para pagar os favores do senhor Alberto. E que ele tenha o descaramento de o dizer na televisão, comovido com a nossa generosidade, ainda me agrada mais.
Eleições intercalares em Lisboa. Os próximos vereadores eleitos têm um mandato para dois anos: resolver o caos político e financeiro em que Carmona e Santana deixaram a cidade.
João Semedo, do Bloco de Esquerda, fez uma intervenção verdadeiramente política sobre a lei do tabaco. Uma intervenção não piedosa e que apontou os excessos e contradições da lei. Que defendeu a saúde e a liberdade, em simultâneo. Não se ficou por generalidades e parece ter feito o trabalho de casa, falando do conteúdo concreto da lei e não apenas dos seus "nobres propósitos". Uma intervenção que fez questão de defender o equilíbrio da lei, de se demarcar das tentações moralizadoras e de defender o que realmente deve ser defendido: o direito dos não-fumadores à sua saúde e o direito dos fumadores a não serem perseguidos. E chamou à atenção para o facto do Estado estar a substituir as suas funções sociais por proibições. A intervenção do CDS levantou também algumas reservas. Menos clara foi corajosa e também foi ao concreto da lei. As restantes intervenções foram genéricas e beatas, sem nunca tocar nas questões ligadas à liberdade individual e direitos dos cidadãos, num debate que merecia mais.
O ministro de Saúde mostrou ser absolutamente incapaz, em qualquer assunto de que fale, de ter um debate honesto, indo sempre para o truque mais rasteiro, fazendo tudo para baralhar as premissas de cada argumento. E acabou a criticar o facto de alguém furar a unanimidade num lugar onde a unanimidade é uma aberração. Não tem emenda. Se eu fosse a favor da lei, ficaria com dúvidas um segundo depois do ouvir. O homem não tem emenda.