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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Todos se divertem à sua maneira

Daniel Oliveira, 31.03.08
A cultura de massas é assim: tudo o que ganha demasiada visibilidade rapidamente se transforma em entretenimento. Julgavam que estavam a ter um debate sério sobre a disciplina enquanto gritavam pela autoridade? Não, não estavam. Estavam só a dedicar-se a mesmo de sempre: voyerismo televisivo. Mas não eram os únicos a divertirem-se:

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Enquanto os pais viam 567 vezes o mesmo vídeo para terem o prazer da indignação, os filhos transformavam tudo em gozo. Para o mesmo fim. Tudo o que aparece mais do que uma vez na televisão transforma-se em momento lúdico e comércio. Neste caso, de fraca qualidade, o que é lamentável. O dos adultos e o dos jovens. O choque colectivo com o vídeo é o sinal de uma sociedade à procura de "valores" e de "autoridade"? Não, é só o mesmo do costume: divertimento. O "deles" e o "nosso".

Agora sim, o 9º C está em grande. São heróis Pop. Não, não foram os adolescentes que trataram da promoção. Foram os canais de televisão e a turba indignada de candidatos a linchadores.

Imagem e vídeo via Activismo de Sofá e Manual de Deus.

Faro Este

Daniel Oliveira, 31.03.08

A blogosfera chegou cedo ao Algarve e não faltam blogues para escolher. Muitos nada têm de regional (como é normal) e a maioria são locais. Não há um blogue de referência evidente. Li muitos, procurei bastante, e acabei por escolher o que me pareceu mais aguerrido nas questões locais. Não faço ideia quem seja Pedro Cabeçadas, o autor do blogue Faro Este. Não sei quais sejam as suas simpatias políticas. Percebi apenas que não morre de amores pelo presidente da Câmara de Faro, o socialista José Apolinário. E nestas escolhas é isso mesmo que quero: quem faça o contraponto. Faro Este (bom nome) existe há três anos, dedica-se como poucos blogues algarvios aos problemas da sua cidade e tem preocupações ambientais, o que na tragédia que foi e continua a ser o ordenamento do território naquela região não é um pormenor. É um espaço de denúncia. Lá podem encontrar uma boa lista de blogues algarvios. O Faro Este é o blogue da semana.

Dois blogues do Algarve que costumo acompanhar com muita regularidade, mas muito raramente falam de questões locais, são o Vento Sueste, do Miguel Madeira e que já foi blogue da semana e vive em Portimão, e o Almareios, do João Romão, que vive em Vila Real de Santo António.

Outros blogues do Algarve: Albufeira Sempre, de Albufeira; A Defesa de Faro; de Faro; Makejeite, de Lagos; Antena Louletana e Grande Gente Louletana, de Loulé; Alcabrozes e Asul, de Olhão; Cartas de Alcalar, de Portimão; Local e Blogal, de Silves; Almariado e Terra do Sol, de Tavira; e A Fábrica, Alcagoita e Notas Soltas, que não consegui identificar o concelho exacto. Se faltar algum blogue fundamental, os algarvios que avisem.

Afrontamentos

Daniel Oliveira, 30.03.08

«O projecto do PS de fazer desaparecer o divórcio litigioso da lei portuguesa "é um grande erro que o país vai pagar caro no futuro", criticou o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Carlos Azevedo, para quem este projecto - ­que será debatido no plenário a 16 de Abril - é mais um sinal claro da postura de afrontamento que o actual Governo assumiu relativamente à Igreja Católica.»
Uma coisa extraordinária: a Igreja acha que fazer desaparecer o divórcio litigioso (que ela própria não permite aos católicos - nem esse, nem qualquer outro) da lei que rege o casamento civil é afrontá-la. A Igreja acha que tem um qualquer direito de propriedade sobre o casamento civil. O casamento de todos: católicos, protestantes, hindus, muçulmanos, agnósticos ou ateus. Para a Igreja, quando o poder político tem sobre qualquer tema uma posição diferente estará a afrontá-la.

A Igreja é contra o divórcio e gostava de dificultá-lo? Que o faça com os seus fiéis. É livre (e deve se-lo) de ter as posições que entender sobre cada assunto e tratar de usar instrumentos religiosos e a lei canónica para pressionar quem, por decisão própria, lhe resolve obedecer. Não é livre de querer que o Estado sirva para controlar os seus católicos e, por arrasto, os que não o são.

Independentemente das diferenças religiosas, cabe às democracias (ocidentais, mas não só) garantir a laicidade do Estado. Quer isto dizer que a religião trata de dizer o que devem ou não devem fazer aos seus fiéis (e eles obedecem se assim o entenderem), mas não decide como se devem comportar os restantes nem usa o Estado como instrumento de pressão das suas regras aos seus fiéis. Não sendo religioso, não dou a nenhuma igreja o direito de utilizar o Estado para me obrigar a ser o que não sou. E um Estado que sabe que não tem esse direito não afronta a Igreja. Limita-se a respeitar os direitos de todos.

Ou provavelmente até afronta. Mas foi com esse afrontamento a todas as Igrejas quem em todos os tempos de julgaram donas do poder secular que conquistámos a nossa liberdade. E será também afrontando todas as igrejas que outos países e culturas a conquistarão. E geralmente são os próprios fiéis que acabam por querer esta separação clara: Estado para um lado, Igreja para outro. A bem do Estado e da Igreja.

Governo Sócrates e uma visão muito particular da democracia

Daniel Oliveira, 30.03.08
«Em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma oposição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar no fim-de-semana e na segunda-feira, logo de manhã, fui chamado ao gabinete do ministro Manuel Pinho, que me comunicou que todos os contratos com a GS estavam cancelados a partir daquele momento.»
António Borges ("Público" de hoje)

Mais umas achegas para Wilders

Daniel Oliveira, 30.03.08
Tenho aqui mais algumas citações do livro religioso que Geert Wilders podia ter acrescentado no seu filme, porque retiradas dos contextos histórico e literário e juntando-se à leitura o preconceito teriam um forte efeito:

«Quando no meio de ti, em alguma das tuas portas que te dá o senhor teu Deus, se achar algum homem ou mulher que fizer mal aos olhos do senhor teu Deus, transgredindo a sua aliança (...) Então tirarás o homem ou a mulher que fez este malefício, às tuas portas, e apedrejarás o tal homem ou mulher, até que morra.»
«E aquele que blasfemar o nome do senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do senhor, será morto.»
«Todo o que for achado será transpassado; e todo o que se unir a ele cairá à espada. E suas crianças serão despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas, e as suas mulheres violadas.»
«…matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos»
«Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada»
«Os homossexuais devem ser executados»
«As mulheres não devem usar roupa masculina - é uma abominação aos olhos do Senhor.»
«As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos, porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja»
«A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.»

Um pormenor que os crentes terão reparado: as frases não são retiradas de textos sagrados islâmicos. Se alguém resolvesse usar estas citações para descrever o Cristianismo o que lhe diriam? Que era um débil mental. No entanto não é o que se diz quando alguém escolhe este método idiota para retratar o Islão. Pode discutir-se as sociedades muçulmanas, que são muito diferentes entre si. Mas deixar que o debate desça a este ponto de indigência intelectual não é apenas um insulto aos muçulmanos. É um insulto à inteligência.

Inevitável: até já o CDS pode fazer oposição pela esquerda

Daniel Oliveira, 29.03.08
Os Centros de Saúde de Sete Rios, Benfica, Lumiar e Alvalade estão a proceder à avaliação dos médicos levando em conta a adesão a greves. Um dos parâmetros da grelha de avaliação contabiliza faltas por “greve/impedimento legal/nojo” - sendo possível chegar à identificação de quem foram os grevistas, pois o quadro inclui os números das cédulas profissionais. O CDS já pediu explicações à ministra da Saúde, alegando que está em causa o direito constitucional à greve. (no "Expresso")

Dar o corpo ao manifesto

Daniel Oliveira, 29.03.08

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