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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Sempre na onda, para agradar ao caro leitor

Daniel Oliveira, 06.08.08
Miguel Sousa Tavares sobre os árabes, quando esteve na moda bater nos árabes por causa da reacção de alguns aos cartoons de Maomé:
"Hoje, ao contrario do que sucedia em 1492, não conhecemos, em todo o mundo árabe, o nome de um cientista, musico, arquitecto, cineasta, explorador, atleta, enfim, alguém que faca sonhar ou avançar a humanidade. O mais que conhecemos são nomes de xeques milionários e fúteis, ditadores, pregadores do ódio ou terroristas."

Miguel Sousa Tavares sobre os ciganos, quando está na moda bater nos ciganos por causa do comportamento de alguns na Quinta da Fonte:
"Não trabalham, não pagam impostos, não cumprem as leis do Estado que os acolhe."

Ou trais ou morres

Daniel Oliveira, 05.08.08


Enquanto o Hamas faz a caça ao homem da Fatah em Gaza e a Fatah reenvia os seus próprios homens para uma morte quase certa, Israel usa os tratamentos médicos (quase impossíveis em Gaza por causa do bloqueio e do isolamento) para obrigar os palestinianos a ser seus espiões. Ou trais ou morres. Tudo horrível, mas há um lado maquiavélico e frio que faz a diferença. Eles defendem a "civilização e os valores ocidenteis", não é? Pois!
"Bassam al-Wahidi faltou à última consulta que tinha marcada num hospital de Jerusalém Oriental, há quase um ano, apesar de se arriscar a perder a visão do olho direito. À hora prevista, este jornalista de Gaza estava numa sala de interrogatórios do checkpoint de Erez, onde ao longo de seis horas um homem que falava árabe perfeito e se identificou como Moshe lhe sugeriu que descobrisse quem lançava rockets de Gaza para Israel. "Vou mandar-te para casa e deixar-te viver o resto da tua vida cego por seres estúpido", disse-lhe quando recusou.

O relato de Wahidi é um dos 32 que o grupo israelita da organização internacional Médicos pelos Direitos Humanos recolheu num relatório ontem divulgado. Wahidi é dos poucos que aceita ser identificado pelo nome - a maioria recusou por temer que as hipóteses de sair de Gaza para receber tratamento médico fiquem ainda mais reduzidas.

Os Médicos pelos Direitos Humanos acusam o Shin Bet (o serviço de segurança interna de Israel) de "coacção" e "extorsão" dos pacientes. E notam que estas práticas acompanham um aumento acentuado na proporção de doentes a quem é negada a entrada em Israel, desde que o Hamas assumiu o controlo da Faixa de Gaza, em Julho do ano passado. Em Janeiro de 2007 eram autorizados a entrar 90 por cento - no fim do ano já entravam só 62 por cento dos que pediam para passar por motivos médicos.

O grupo lembra que o aumento de restrições nas saídas coincidiu com o bloqueio israelita a Gaza, que provocou quebras de energia eléctrica e impede a entrada de equipamentos médicos ou combustível.

O Shin Bet desmente as acusações e diz que os controlos de segurança servem para garantir que os palestinianos não ameaçam segurança de Israel. Desde 2005, diz, três potenciais bombistas suicidas fizeram-se passar por doentes. Segundo o exército, o número dos que saem de Gaza para receber tratamento médico aumentou de 8325 para 15.148 em 2007.

Mas os testemunhos recolhidos levam os Médicos pelos Direitos Humanos a concluir que os "interrogadores propõem directa e abertamente aos doentes colaborarem e/ou fornecerem informações". E esta prática, sublinham, viola as Convenções de Genebra. O Shin Bet lembra, por seu turno, que o Supremo Tribunal israelita decidiu que "o Estado tem o direito soberano de determinar quem entra" nas suas fronteiras.

A Bassam al-Wahidi foi-lhe oferecido um cartão de telemóvel israelita. Para além de se deslocar às áreas de fronteira para identificar os combatentes que lançam rockets, deveria ir às conferências de imprensa da ala militar do Hamas e de outras facções. Tinha dez dias para provar sua utilidade - depois deixaria de precisar de autorização para passar em Erez.

Sem qualquer viagem ao hospital de Jerusalém desde esse interrogatório, o jornalista de 28 anos que cobre assuntos sociais e laborais para uma rádio já está cego do olho direito e precisa de tratamento urgente no olho esquerdo. Os médicos mandaram-no parar de ler e escrever há um mês.

Abu Obeid, um funcionário público de 38 anos, tem um pacemaker instalado num hospital israelita e saía frequentemente para tratamentos cardíacos. Mas em Agosto recusou uma proposta idêntica à que foi feira a Wahidi. "Dás-me informação e eu facilito as entradas em Israel", ouviu.

Outro homem de 38 anos que deveria ter sido consultado no hospital Ichilov de Telavive contou ao grupo de médicos israelitas o que lhe disse um agente: "Tens cancro e vai espalhar-se para o teu cérebro. Enquanto não nos ajudares, podes esperar por Rafah." Rafah é o posto fronteiriço entre Gaza e o Egipto, raramente aberto. (...)"

Público

O teste

Daniel Oliveira, 04.08.08

Tudo começou com uma decisão peculiar: poucos meses depois das eleições autárquicas e de um entendimento com António Costa, em Lisboa, o Bloco de Esquerda anunciava que não tencionava reeditar o acordo com os socialistas. Nenhuma avaliação do seu cumprimento ou do trabalho de José Sá Fernandes. A decisão veio a seco e sem grandes justificações.
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A memória do Gulag

Daniel Oliveira, 04.08.08

Pergunta nada inocente, resposta muito esclarecedora

Daniel Oliveira, 03.08.08
Perguntou o DN a Pacheco Pereira: "Escreve num jornal onde há uma cruzada declarada contra José Sócrates?" Respondeu Pacheco Pereira: "Sim, com que eu na maioria dos casos estou de acordo." A resposta de Pacheco Pereira a esta pergunta tem dado muita polémica. E com alguma razão. Afinal, o paladino do jornalismo sem agenda e sem causas só não costuma gostar da agenda e das causas do jornalismo.

Mas mais extraordinário do que a resposta, é a própria pergunta. Porque ela não é mais do que uma acusação interessada de um jornal concorrente a outro. E é idiota, porque não faz qualquer sentido quando feita a um colunista. Seria talvez mais pertinente se fosse feita ao contrário e ao próprio jornalista: “Escreve num jornal onde há uma política de fretes ao poder?” E a própria pergunta feita a Pacheco Pereira é só mais um exemplo dessa política do DN: dar validade às suspeitas lançadas pelo PS contra quem dá más notícias para o governo. Coisa que o DN, apesar da sua linha ideológica, vai evitando. Lá terão as suas razões.