Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

Arranja-me uma casinha II

Pedro Sales, 29.09.08


O envelhecimento e progressiva desertificação do centro de Lisboa nos últimas décadas é o que torna mais difícil de “engolir” o escândalo do património disperso da Câmara de Lisboa. Lisboa perdeu 250 mil habitantes desde 1981. São milhares e milhares de jovens que, perante o preço do mercado imobiliário, se refugiaram nos subúrbios. Esse fluxo migratório tem consequências na vida da cidade. A cidade torna-se mais insegura, o trânsito insuportável, o planeamento urbano caótico, o comércio e transporte nocturno uma miragem. Há anos e anos que não há candidatura autárquica que se preze que não prometa “repovoar” Lisboa com jovens.

Ora, pelo que agora se sabe, para além dos fogos da habitação social, a câmara dispõe de 3200 casas espalhadas pela capital. E durante as três décadas em que a cidade se foi envelhecendo e desertificando, os sucessivos executivos preferiram distribuir apartamentos a amigos, directores municipais, da polícia, jornalistas, vereadores e sabe-se lá a quem mais. Algumas das casas terão sido certamente entregues a quem precisava, não duvido. Mas a questão de fundo mantém-se. Sem critérios claros, a distribuição destas casas foi casuística e nepotista. Pior. A câmara hipotecou o principal instrumento de que dispunha para influenciar os preços do mercado e para chamar jovens em início de carreira, efectivamente necessitados de rendas controladas, para o centro da cidade. Escolheu a via mais fácil. A inexistência de regras, permitiu a quem pôde entregar casas a todos quantos se sabiam movimentar nos corredores do Paços do Concelho.

É por isso que as declarações hoje proferidas por Ana Sara Brito são uma afronta aos milhares de jovens que, querendo continuar em Lisboa, passam horas e horas nos transportes para conseguir trabalhar na capital. Diz a vereadora da habitação que, tendo uma casa cedida por Krus Abecassis, o contrato sempre foi legal e a renda foi sendo actualizada ao longo destes 20 anos. Não duvido. Mas, verdade verdadinha, é que quando deixou a casa, em 2007, pagava cento e cinquenta euros por mês. Se o contrato não é de favor, o preço não engana. Ana Sara Brito, com um salário certamente superior a 90% dos lisboetas, vivia numa casa ao lado da principal artéria da capital, pagando um renda que não dá para alugar um simples quarto na periferia.  Ana Sara Brito está a mais no cargo que ocupa. Se não o percebe, o mais certo é que os lisboetas acabem por o fazer por si.

PS: António Costa solicitou solicitou um parecer à Comissão Nacional de Dados para divulgar a lista do património disperso da autarquia, quem o ocupa e as rendas praticadas. Fez bem. Perante o avolumar da história não há nada como divulgar todos os nomes. Até porque, como se tem visto, tudo o que sai na imprensa vem da mesma fonte. Está na altura de conhecer toda a história, e não apenas a que mais convém a Santana Lopes e Helena Lopes da Costa.

Arranja-me uma casinha II

Pedro Sales, 29.09.08


O envelhecimento e progressiva desertificação do centro de Lisboa nos últimas décadas é o que torna mais difícil de “engolir” o escândalo do património disperso da Câmara de Lisboa. Lisboa perdeu 250 mil habitantes desde 1981. São milhares e milhares de jovens que, perante o preço do mercado imobiliário, se refugiaram nos subúrbios. Esse fluxo migratório tem consequências na vida da cidade. A cidade torna-se mais insegura, o trânsito insuportável, o planeamento urbano caótico, o comércio e transporte nocturno uma miragem. Há anos e anos que não há candidatura autárquica que se preze que não prometa “repovoar” Lisboa com jovens.

Ora, pelo que agora se sabe, para além dos fogos da habitação social, a câmara dispõe de 3200 casas espalhadas pela capital. E durante as três décadas em que a cidade se foi envelhecendo e desertificando, os sucessivos executivos preferiram distribuir apartamentos a amigos, directores municipais, da polícia, jornalistas, vereadores e sabe-se lá a quem mais. Algumas das casas terão sido certamente entregues a quem precisava, não duvido. Mas a questão de fundo mantém-se. Sem critérios claros, a distribuição destas casas foi casuística e nepotista. Pior. A câmara hipotecou o principal instrumento de que dispunha para influenciar os preços do mercado e para chamar jovens em início de carreira, efectivamente necessitados de rendas controladas, para o centro da cidade. Escolheu a via mais fácil. A inexistência de regras, permitiu a quem pôde entregar casas a todos quantos se sabiam movimentar nos corredores do Paços do Concelho.

É por isso que as declarações hoje proferidas por Ana Sara Brito são uma afronta aos milhares de jovens que, querendo continuar em Lisboa, passam horas e horas nos transportes para conseguir trabalhar na capital. Diz a vereadora da habitação que, tendo uma casa cedida por Krus Abecassis, o contrato sempre foi legal e a renda foi sendo actualizada ao longo destes 20 anos. Não duvido. Mas, verdade verdadinha, é que quando deixou a casa, em 2007, pagava cento e cinquenta euros por mês. Se o contrato não é de favor, o preço não engana. Ana Sara Brito, com um salário certamente superior a 90% dos lisboetas, vivia numa casa ao lado da principal artéria da capital, pagando um renda que não dá para alugar um simples quarto na periferia.  Ana Sara Brito está a mais no cargo que ocupa. Se não o percebe, o mais certo é que os lisboetas acabem por o fazer por si.

PS: António Costa solicitou solicitou um parecer à Comissão Nacional de Dados para divulgar a lista do património disperso da autarquia, quem o ocupa e as rendas praticadas. Fez bem. Perante o avolumar da história não há nada como divulgar todos os nomes. Até porque, como se tem visto, tudo o que sai na imprensa vem da mesma fonte. Está na altura de conhecer toda a história, e não apenas a que mais convém a Santana Lopes e Helena Lopes da Costa.

Arranja-me uma casinha II

Pedro Sales, 29.09.08


O envelhecimento e progressiva desertificação do centro de Lisboa nos últimas décadas é o que torna mais difícil de “engolir” o escândalo do património disperso da Câmara de Lisboa. Lisboa perdeu 250 mil habitantes desde 1981. São milhares e milhares de jovens que, perante o preço do mercado imobiliário, se refugiaram nos subúrbios. Esse fluxo migratório tem consequências na vida da cidade. A cidade torna-se mais insegura, o trânsito insuportável, o planeamento urbano caótico, o comércio e transporte nocturno uma miragem. Há anos e anos que não há candidatura autárquica que se preze que não prometa “repovoar” Lisboa com jovens.

Ora, pelo que agora se sabe, para além dos fogos da habitação social, a câmara dispõe de 3200 casas espalhadas pela capital. E durante as três décadas em que a cidade se foi envelhecendo e desertificando, os sucessivos executivos preferiram distribuir apartamentos a amigos, directores municipais, da polícia, jornalistas, vereadores e sabe-se lá a quem mais. Algumas das casas terão sido certamente entregues a quem precisava, não duvido. Mas a questão de fundo mantém-se. Sem critérios claros, a distribuição destas casas foi casuística e nepotista. Pior. A câmara hipotecou o principal instrumento de que dispunha para influenciar os preços do mercado e para chamar jovens em início de carreira, efectivamente necessitados de rendas controladas, para o centro da cidade. Escolheu a via mais fácil. A inexistência de regras, permitiu a quem pôde entregar casas a todos quantos se sabiam movimentar nos corredores do Paços do Concelho.

É por isso que as declarações hoje proferidas por Ana Sara Brito são uma afronta aos milhares de jovens que, querendo continuar em Lisboa, passam horas e horas nos transportes para conseguir trabalhar na capital. Diz a vereadora da habitação que, tendo uma casa cedida por Krus Abecassis, o contrato sempre foi legal e a renda foi sendo actualizada ao longo destes 20 anos. Não duvido. Mas, verdade verdadinha, é que quando deixou a casa, em 2007, pagava cento e cinquenta euros por mês. Se o contrato não é de favor, o preço não engana. Ana Sara Brito, com um salário certamente superior a 90% dos lisboetas, vivia numa casa ao lado da principal artéria da capital, pagando um renda que não dá para alugar um simples quarto na periferia.  Ana Sara Brito está a mais no cargo que ocupa. Se não o percebe, o mais certo é que os lisboetas acabem por o fazer por si.

PS: António Costa solicitou solicitou um parecer à Comissão Nacional de Dados para divulgar a lista do património disperso da autarquia, quem o ocupa e as rendas praticadas. Fez bem. Perante o avolumar da história não há nada como divulgar todos os nomes. Até porque, como se tem visto, tudo o que sai na imprensa vem da mesma fonte. Está na altura de conhecer toda a história, e não apenas a que mais convém a Santana Lopes e Helena Lopes da Costa.

foi hoje

Pedro Vieira, 29.09.08
um dos meus dias favoritos do ano é aquele em que recebo na caixa do correio a cartinha da câmara municipal de lisboa referente ao pagamento da tarifa de esgotos. serve para lembrar a natureza da minha (nossa) relação com o município de há uns anos para cá.

Arranja-me uma casinha

Pedro Sales, 29.09.08

O mais espantoso nesta história das casas da CML é o sepulcral silêncio que envolveu um esquema com esta dimensão. Durante mais de 30 anos, foram entregues 3200 casas a título excepcional e sem critérios definidos. Façamos as contas. Uma em cada sessenta famílias a viver em Lisboa tem uma casa, loja ou sobreloja entregue pela câmara a preços de saldo. Tão espantoso quanto o sucesso deste silêncio, e revelador do esquema bem português que foi alimentando esta rede de cumplicidades, é o desplante que os visados revelam nas respostas à imprensa. Pedro Feist diz que o poder discricionário do vereador da habitação ”é uma realidade histórica”, o que parece tornar a prática aceitável. Como é normal entre nós, não há nenhum arrendatário desta criteriosa prebenda que não ande na rua de cabeça erguida e sem vergonha de ninguém.

Baptista Bastos recusa-se mesmo a revelar quanto paga de renda, dizendo apenas que quando precisou de casa pediu. É um assunto privado, claro, como é que podia ser de outra forma beneficiar de uma casinha com uma renda de favor, subsidiada com os impostos dos restantes lisboetas? Que isso nunca o tenha impedido de escrever aquelas insuportáveis crónicas invocando uma intangível superioridade moral que só a ele assiste, dá a dimensão perfeita de como o descaramento pode render frutos entre nós. A começar pela casinha.

PS: Passado o torpor do escândalo, interessante mesmo era conhecer a listagem dos restantes três mil e tal inquilinos e os critérios que presidiram à atribuição de cada casinha. Talvez desse para perceber melhor algumas comissões de honra...

Arranja-me uma casinha

Pedro Sales, 29.09.08

O mais espantoso nesta história das casas da CML é o sepulcral silêncio que envolveu um esquema com esta dimensão. Durante mais de 30 anos, foram entregues 3200 casas a título excepcional e sem critérios definidos. Façamos as contas. Uma em cada sessenta famílias a viver em Lisboa tem uma casa, loja ou sobreloja entregue pela câmara a preços de saldo. Tão espantoso quanto o sucesso deste silêncio, e revelador do esquema bem português que foi alimentando esta rede de cumplicidades, é o desplante que os visados revelam nas respostas à imprensa. Pedro Feist diz que o poder discricionário do vereador da habitação ”é uma realidade histórica”, o que parece tornar a prática aceitável. Como é normal entre nós, não há nenhum arrendatário desta criteriosa prebenda que não ande na rua de cabeça erguida e sem vergonha de ninguém.

Baptista Bastos recusa-se mesmo a revelar quanto paga de renda, dizendo apenas que quando precisou de casa pediu. É um assunto privado, claro, como é que podia ser de outra forma beneficiar de uma casinha com uma renda de favor, subsidiada com os impostos dos restantes lisboetas? Que isso nunca o tenha impedido de escrever aquelas insuportáveis crónicas invocando uma intangível superioridade moral que só a ele assiste, dá a dimensão perfeita de como o descaramento pode render frutos entre nós. A começar pela casinha.

PS: Passado o torpor do escândalo, interessante mesmo era conhecer a listagem dos restantes três mil e tal inquilinos e os critérios que presidiram à atribuição de cada casinha. Talvez desse para perceber melhor algumas comissões de honra...

Arranja-me uma casinha

Pedro Sales, 29.09.08

O mais espantoso nesta história das casas da CML é o sepulcral silêncio que envolveu um esquema com esta dimensão. Durante mais de 30 anos, foram entregues 3200 casas a título excepcional e sem critérios definidos. Façamos as contas. Uma em cada sessenta famílias a viver em Lisboa tem uma casa, loja ou sobreloja entregue pela câmara a preços de saldo. Tão espantoso quanto o sucesso deste silêncio, e revelador do esquema bem português que foi alimentando esta rede de cumplicidades, é o desplante que os visados revelam nas respostas à imprensa. Pedro Feist diz que o poder discricionário do vereador da habitação ”é uma realidade histórica”, o que parece tornar a prática aceitável. Como é normal entre nós, não há nenhum arrendatário desta criteriosa prebenda que não ande na rua de cabeça erguida e sem vergonha de ninguém.

Baptista Bastos recusa-se mesmo a revelar quanto paga de renda, dizendo apenas que quando precisou de casa pediu. É um assunto privado, claro, como é que podia ser de outra forma beneficiar de uma casinha com uma renda de favor, subsidiada com os impostos dos restantes lisboetas? Que isso nunca o tenha impedido de escrever aquelas insuportáveis crónicas invocando uma intangível superioridade moral que só a ele assiste, dá a dimensão perfeita de como o descaramento pode render frutos entre nós. A começar pela casinha.

PS: Passado o torpor do escândalo, interessante mesmo era conhecer a listagem dos restantes três mil e tal inquilinos e os critérios que presidiram à atribuição de cada casinha. Talvez desse para perceber melhor algumas comissões de honra...

Conselho de Administração

Daniel Oliveira, 29.09.08
Alertado por um comentador, descobri que o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas pediu esclarecimentos a um blogger por causa de um texto seu. Sendo o blogger em causa jornalista, apesar do seu post não ter sido escrito num órgão de comunicação social, será interessante saber se se lhe aplica neste caso o Código Deontológico. Não sei, talvez sim, talvez não. Será um novo campo a explorar. Independentemente do teor do post em causa, o que perturba mesmo, por ser mais um sinal do divórcio entre os que tratam da regulação e da auto-regulação na comunicação social e as novas realidades de comunicação, é o começo da carta enviada ao blogger em causa:

"Exmo.Sr/Camarada, o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas recebeu, no passado dia 13 de Setembro, uma queixa relativa ao comentário que assinou no blog Bola na Área, a cujo Conselho de Administração também pertence".

Ainda não chegámos ao terreno das dúvidas éticas e deontológicas, a partir do qual o debate se pode fazer. Ainda estamos na fase da ignorância pura, em que a reflexão ainda não é possível.

...

Daniel Oliveira, 29.09.08
Harold Bloom
Genio
Ediciones Anagrama

Herberto Helder
R. D. Pedro I, 361, 1º C
2750-432 Cascais
Portugal