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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Era lá capaz disso...

Daniel Oliveira, 31.03.09
Olhando para a forma como reage a cada notícia desagradável e as suspeitas que lança sobre todos os órgãos de informação que não lhe prestam vassalagem, alguém acredita que o governo seria capaz de qualquer tipo de pressão sobre os investigadores do caso Freeport?

Prioridades

Pedro Sales, 30.03.09


"A aldeia fica mais moderna e é uma forma de ficarmos mais próximos de tudo". Lourenço Caramelo, presidente da Junta de Freguesia de Ruivós, é um homem contente. Graças à iniciativa da Junta, os 100 habitantes desta pequena aldeia do concelho do Sabugal já têm acesso gratuito à internet através de uma rede sem fios. É verdade que os acessos são maus e não há saneamento básico, mas, caramba, já podem abrir uma conta no second life e simular uma nova aldeia. Quem sabe com saneamento básico.

A evidência

Pedro Sales, 30.03.09
Se a boçalidade marialva tem permitido a Alberto Gonçalves conquistar espaço regular na imprensa, para quê importunar os leitores do DN ou da Sábado com o vislumbre de um argumento racional? Diz o sociólogo Gonçalves que a lei da paridade permitirá que, “bem ensinadas, talvez as analfabetas do "x" aprendam a comportar-se devidamente no Parlamento”. Há tormentos bem mais pesados que o analfabetismo. Saber ler e escrever e nada mais conseguir demonstrar que a caricatura de uma argumentação lógica é uma delas. As colunas do sociólogo aí estão para o provar. É perfeitamente possível escrever na imprensa sem ter concluído o processo de alfabetização.

No Expresso

Daniel Oliveira, 30.03.09
A lógica populista do jornalismo comercial transformou, aos olhos de todos, cada deputado no bombo da festa, no suspeito do costume, num parasita da sociedade, num cidadão sem defesa. Não sabem muitos jornalistas que ao rebaixar a dignidade dos eleitos estão a destruir todos os instrumentos que defendem a sua própria liberdade. E que a mediocracia para onde caminhamos será bem pior do que aquilo que temos.


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Nós providenciamos encenação

Pedro Sales, 29.03.09


“Nós providenciamos segurança”. Foi este o nome da operação da PSP que juntou mais de 1500 polícias na madrugada seguinte à divulgação do relatório de segurança interna. A PSP desmente qualquer ligação entre os dois factos, dizendo que as rusgas estavam programadas há vários meses. Pois. Foi uma coincidência, como já tinha sido uma coincidência em Agosto, quando ocorreu a última operação semelhante e os noticiários televisivos dedicavam metade do seu tempo a todo o tipo de crimes. Começa a ser um padrão. De cada vez que a insegurança toma conta da agenda política e mediática, o ministro da administração interna junta umas centena largas de policias, chama as televisões e manda fazer umas rusgas às tantas da madrugada. O resultado é o do costume. Quase nenhum. A PSP fala em 300 detenções, mas rapidamente se percebe que a maioria está relacionada com infracções de trânsito e posse de droga (que não é crime). Ou estas rusgas conduzidas para a encenação mediática são ineficazes, o que parece evidente quando se olha para os seus resultados, ou a actuação da PSP parece nortear-se por um estranho critério: providenciar segurança e tempo a um ministro acossado.

"A night at the opera"

Pedro Sales, 28.03.09

© rabiscos vieira

José Sócrates parece não ter percebido nada do que se passou ontem no CCB e o que levou uma sala em peso a vaiá-lo. Ao mandar dizer que chegou às 21h10 ao CCB, ficando 20 minutos à espera do seu homólogo cabo-verdiano, José Sócrates assume que viveu despreocupadamente com a decisão de não iniciar a ópera sem a sua presença. Se estava no CCB, sabia que as portas continuavam abertas e as luzes acesas. Se estava no CCB, sabia que os organizadores estavam à sua espera para dar início à ópera. Se estava no CCB, sabia que mil pessoas, que tinham pago o seu bilhete, continuavam sem saber por que raio o espectáculo não começava. Sabia, mas nada fez para que a ópera tivesse início.


A questão nunca foi o seu atraso. É fazer mil pessoas esperar 30 minutos pela chegada de José Sócrates para que se inicie um espectáculo, tratando os espectadores como figurantes do primeiro-ministro. É a (falta de) urbanidade que está em causa. Da administração do CCB, que parece julgar que vivemos numa monarquia, e de um primeiro-ministro que reage com naturalidade à ideia de que mil pessoas estejam meia hora à sua espera para que se inicie uma ópera. Compreende-se as vaia e entende-se a indignação. Lá por a ópera se chamar Crioulo não é caso para tratar espectadores como escravos coloniais à espera do senhor.

PS: mesmo sendo verdade, a forma com o primeiro-ministro não hesita em cometer a indelicadeza diplomática de responsabilizar o primeiro-ministro cabo-verdiano pelo incidente é todo um programa.

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