Num país onde, só no ano passado, foram roubadas ou extraviadas 1154 armas, e o Governo reconhece que existem
dezenas de milhar de armas ilegais, a PSP acaba de vender em leilão 217 armas de fogo. A direcção da polícia
garante que a licitação anual decorre de uma imposição da lei das armas, o que é verdade, e que as mesmas só são vendidas a quem as "pode" ter. Certo. Mas a questão não se deveria resumir apenas à legalidade da posse, mas sim ao direito de todo e qualquer marmanjo ter uma arma em casa. E é esse o sinal que o Governo dá com esta
contraditória operação. Quantas das 13 mulheres assassinadas o ano passado com uma arma de fogo não morreram às mãos de legítimos proprietários de uma arma, ou quantas caçadeiras não viram os seus canos serrados e transformadas para ameaçar o próximo? A profusão de armas ilegais é preocupante, mas a naturalidade com que o Governo aprova uma lei que atira para as ruas uma parte significativa das armas ilegais apreendidas pela polícia, está para lá de qualquer lógica. Pior mesmo só a PSP vir dizer que as r
eceitas do leilão serão utilizadas para combater as armas ilegais. É patético, mas sempre dá para perceber a motivação deste
ebay à portuguesa.