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Arrastão: Os suspeitos do costume.

O inquérito (em actualização)

Daniel Oliveira, 30.09.09

INQUÉRITO


Apesar de durar há apenas três dias, o inquérito sobre as eleições autárquicas já tem uma participação muito acima do que se esperava. Claro que alguns amigos teimam em tentar aldrabar, mas como está muita gente a votar a esperteza (que é na realidade um pouco idiota, já que o inquérito não decide quem ganha as eleições) acaba por se diluir. O Arrastão está a ter das semanas mais visitadas desde o seu nascimento, e isso ajuda à participação. Mas a publicidade feita por muitos blogues, a sobretudo regionais e locais, está a ser indispensável. Ficam os agradecimentos: Vida Breve, Ponto Digital (Madeira), O Bom Gigante (Beja), Denúcia Coimbrã (Coimbra), Madeira Minha Vida (Madeira), Famalicão e Política (Famalicão), Olhar para o Mundo, VIagra e Prozac (Beja), O Egitaniense (Guarda), Banco Corrido, Intervenção Maia (Maia), Avenida Central (Braga) e Colina Sagrada (Guimarães). A todos os que me escaparam as minhas desculpas. Os agradecimentos serão, é claro, actualizados. Continuem a votar.

O advogado do golpe

Daniel Oliveira, 30.09.09
Não é líquido que o Presidente da República aceite todas as combinações aritméticas que o número de deputados e partidos possa permitir para fazer uma maioria. Tem nisso um precedente em Mário Soares, que, após a moção de censura que derrubou o governo minoritário de Cavaco Silva, não aceitou a solução maioritária do PS+PRD que Constâncio lhe propôs.
José Pacheco Pereira

Nota: Mário Soares marcou eleições depois do fim de uma experiência falhada de governo minoritário e não umas semanas depois das eleições. Pacheco Pereira, não contente com a tragédia em que resultou a sua estratégia para o PSD, continua a querer provocar estragos ao seu próprio campo político.

Com um governo minoritário a esquerda tem de fazer valer os seus votos

Daniel Oliveira, 30.09.09
Não assinei este apelo (também em baixo). Porque não é para mim muito claro o seu sentido exacto. Concordo ou não concordo com ele, dependendo do seu objectivo final. Se for o de uma coligação governamental de esquerda com José Sócrates (como não poderia deixar de ser) à cabeça, não posso concordar. Não por qualquer questão de princípio (já deixei há muito tempo claro que considero que a esquerda à esquerda do PS deve participar em soluções de poder). Mas por uma questão de conjuntura e de honestidade. Para tal acontecer, PS, BE e PCP teriam de trair o essencial dos seus respectivos programas eleitorais e, mais importante, os compromissos feitos na campanha.

Mais: a política faz-se com pessoas. E Sócrates é, na minha opinião, estruturalmente autoritário e convictamente mais próximo da direita liberal do que da esquerda social-democrata e socialista. Não tem assim condições (que outros no PS poderiam ter) para ser o protagonista de uma esquerda plural no poder. Infelizmente, nos melhores cenários políticos nem sempre aparecem os actores necessários.

Se, no entanto, o que está em causa é a defesa de um entendimento entre o Bloco de Esquerda e a CDU para formarem um bloco parlamentar capaz de pressionar ou negociar (sim, claro, negociar) com o governo mudanças legislativa, orçamentais e programáticas que garantam uma viragem política à esquerda e que impeçam que o poder seja entregue ao CDS, assino por baixo. Defendo que o próximo governo deve ser minoritário e que o poder de cada decisão deve ser devolvido a quem realmente o deve ter antes de todos os demais: o Parlamento. Na esperança de que a esquerda à esquerda do PS o queira usar.

E deixo claro que não me revejo no discurso de quem já se contenta com o conforto de entregar a faca, o queijo e tudo mais à direita populista. Gostava que o Bloco e o PCP se comprometessem com soluções que dêem esperança e vitórias às pessoas e não com derrotas eleitoralmente promissoras. E estou convencido que grande parte do meio milhão de eleitores que entregou o seu voto ao BE também.

Mas de tudo isto falarei no meu próximo texto no "Expresso". Por enquanto, fica aqui o apelo assinado por muita gente de esquerda. É com estas pessoas (e muitas mais) que a esquerda tem de contar nos próximos anos para impedir que à desgraça que foram os últimos quatro anos se junte a agenda de Paulo Portas. E para isso não vai bastar protestar.
Apelo no link em baixo.



"O resultado das eleições legislativas permite afirmar com clareza que os portugueses recusaram a hegemonia neo-liberal, dando o seu voto maioritariamente à esquerda. É por isso legítimo esperar que o futuro governo do país acolha novas políticas solidárias, relançando a prosperidade e a esperança no futuro.

A 27 de Setembro os eleitores revelaram uma inquestionável vontade de entendimento entre os partidos de esquerda. As votações alcançadas pelo Partido Socialista, pelo Bloco de Esquerda e pela Coligação Democrática Unitária são o resultado das fortes movimentações sociais ocorridas na legislatura passada, tendo contribuído decisivamente para gerar uma nova solução pluripartidária susceptível de encontrar respostas aos factores de crise e desigualdade social.

Os entendimentos entre as diversas forças de esquerda para uma solução de governo (coligação ou acordo de incidência parlamentar) são muito comuns na Europa Ocidental (por exemplo, no Chipre, em Espanha, em França, na Itália, na Suécia, na Dinamarca, na Noruega, na Finlândia, etc...).

Em Portugal, pelo contrário, há mais de 30 anos que as esquerdas continuam incapazes de se entender para gerarem soluções de governo. Contudo, vários estudos têm revelado que este elemento resulta de um crescente desfasamento entre os eleitores destes partidos (que desejam um entendimento) e os seus eleitos (que persistem na incomunicabilidade).

Os resultados de 27 de Setembro exigem que as esquerdas se encontrem e sejam capazes de explicitar o contributo que cada um destes partidos está disposto a dar para se encontrar uma solução estável de governo. Pelo menos essa tentativa de entendimento é devida ao povo português pela forma como demonstrou a sua vontade eleitoral.

Os subscritores do presente Apelo agem no sentido de que seja traduzido num programa de governo as lutas e anseios de amplas camadas da população que justificam celeridade na construção de respostas urgentes e adequadas para os problemas do seu quotidiano. Para servir este objectivo, deverão ser estudadas as bases para um Compromisso à Esquerda que reforce as conquistas democráticas, vinculando a acção governativa a um elenco programático."

Tesorinhos deprimentes

Daniel Oliveira, 29.09.09
Aqui fica, para memória futura, o discurso de Sua Excelência o Presidente da República que depois desta intervenção fica um pouco mais parecido com o presidente aqui da minha Junta da Freguesia. Este naco de prosa ficará na história ao lado de um outro também famoso feito em Almada pelo então primeiro-ministro Vasco Gonçalves.



Destaco esta frase: “E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas.”.

Vamos pôr esta frase um pouco mais clara e rigorosa: “E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um assessor do Presidente da República desconfiar, sem nenhuma prova, que o primeiro-ministro anda a vigiar o chefe de Estado e decidir contar isso a um jornalista para ele publicar, entregando-lhe até alguma documentação"

Assim, sem eufemismos como "um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente", "sentimentos de desconfiança ou de outra natureza" ou "outras pessoas” será que o Presidente conseguirá perceber onde está o problema? Não? Então, por favor, deixem de lhe passar informações de Estado. Este homem não é de confiança.

...

Daniel Oliveira, 29.09.09
Ao ouvir na SIC Notícia Luís Delgado e Nuno Rogeiro fico com uma dúvida: foi Luís Delgado qie melhorou muito nos últimos anos ou a queda de Nuno Rogeiro é tal que até Luís Delgado brilha. Ou será que aconteceram as duas coisas.

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