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Desde Maio de 2006: 5.003.461 visitas e 9.139.906 page views. 8.544 posts. 182.197 comentários. Obrigado a todos.
Dos autores do Arrastão (ilustração de Pedro Vieira, claro)
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Dos autores do Arrastão (ilustração de Pedro Vieira, claro)
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Não que o turismo pelas revoluções consumadas seja uma actividade menor para um Ministro da sua valia, mas o facto é que Paulo Portas, emérito governante que ainda recentemente se deslocou à Líbia para dar conta do seu entusiasmo com a versão local da Primavera Árabe, tem uma oportunidade inédita de aparecer na fotografia de uma revolução em curso. Nada contra a vontade de aparecer, mas já que está nisso, excelso lutador pela liberdade dos povos, apareça enquanto vale a pena.
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Isaltino Morais foi detido. Pela PSP. Como um criminoso. Uma pessoa lê e não acredita. Criminoso é quem rouba um autorrádio, não é quem rouba o Estado quando ocupa cargos públicos. O criminoso gasta o dinheiro no dia seguinte, não o põe a render na Suiça.
Sim, é verdade que o processo ainda não acabou. Mas olha-se para a forma como os seus advogados tratam da sua defesa e percebe-se como as coisas funcionam. Todos os recursos são entregues na véspera de cada decisão transitar em julgado. Não há a tentativa de provar a inocência do autarca. Há a tentativa de arrastar, o mais que der, o processo.
Defendo que qualquer acusado deve ter direito a todas as garantias de defesa e a um julgamento justo. Oponho-me a julgamentos sumários. Mas o sistema jurídico português, com o seu labirinto processual, garante uma justiça rápida para quem não pode pagar um advogado e processos que se arrastam até darem em nada para quem consiga pagar os melhores.
Sim, toda a gente é inocente até prova em contrário. Nunca me cansarei de o dizer. Mas tudo tem um limite. No caso de Isaltino Morais, os truques dos seus advogados, que já vão no Tribunal Constitucional, sempre deixando esgotar todos os prazos até pagarem todas as multas necessárias, não podem deixar as evidências suspensas por mais tempo.Todos conseguimos distinguir quando se está a tentar provar a inocência de alguém ou a tentar adiar uma condenação.
Mas os portugueses não se podem queixar. O que a justiça não faz eles deixaram por fazer. Nem sequer foram os partidos. O de Isaltino correu com ele. Foram os eleitores, e não as leis, que reelegeram Isaltino depois da sua condenação. E não se tratou de caciquismo ou compra de votos. Oeiras tem os munícipes mais instruídos e com mais poder de compra do País. Os mesmos que se indignarão porque um qualquer pilha-galinhas "é apanhado hoje e amanhã já está cá fora". Não é a justiça que distingue o ladrão rico e o ladrão pobre. São os próprios portugueses. Gostam de ser roubados. Desde que o ladrão, claro, "tenha obra".
Publicado no Expresso Online
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Na Madeira, a democracia está doente. Há três décadas que está neste estado. Quando um partido ocupa um jornal - mesmo tratando-se de um pasquim de propaganda descarada, distribuído gratuitamente e pago por todos os contribuintes -, e uma parte dos madeirenses acha isso normal, percebemos a gravidade do seu estado. Mas perante o sufoco da democracia, a permanente violação das regras democráticas, a impossibilidade de dar a volta a um jogo viciado, podemos tentar perceber. Tentar, apenas.
Na Madeira não há propriamente esquerda e direita. Há a maioria, que apoia o cacique local, e há o resto, que o odeia e que aplaude qualquer meio usado para o combater. Alberto João Jardim sabe disso e apela a esta hostilidade. E foi a esse espírito de guerra que apelou quando disse: "Temos de dar pancada a quem ofende os madeirenses". Não há qualquer debate político na Madeira. Há gritos e casos. Aliás, Jardim consegue a proeza de ir a eleições sem nunca participar em qualquer debate público com a oposição. É obra.
Perante isto, o que se passou ontem (e a que eu, por coincidência de agenda, assisti), sendo uma anormalidade e abrindo um perigoso precedente - onde chegaremos se os partidos políticos começam a ocupar jornais? -, só espanta quem não sabe o que é a vida política madeirense. Alberto João Jardim contaminou de alarvidade e arbitrariedade o confronto político na ilha. E só quando os madeirenses se livrarem dele terão uma democracia saudável e madura. Aí descubrirão: afinal, a democracia é isto.
Escrito no Funchal
Publicado no Expresso Online
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Um ano após ter defendido o reconhecimento do Estado Palestiniano pelas Nações Unidas, Obama dirigiu-se à Assembleia-Geral para dizer exactamente o contrário. Mais, numa conferência de imprensa em que no fundo a bandeira americana tocava comoventemente a de Israel, Obama jurou fidelidade a Netanyahu - como que oferecendo o veto americano pelo voto do judeu americano. Assim, tragicamente, a importância dos votos e do dinheiro judaico na política americana voltou a falar mais alto.*
Traduzo um exerto da crónica de Robert Fisk sobre o discurso de Obama:
"Um marciano que ouvisse este discurso diria, como sugeriu a Sra. Ashrawi, que os palestinianos ocupam Israel e não o contrário. Nenhuma menção à ocupação israelita, nenhuma menção aos refugiados, ao direito de retorno ou ao roubo da terra palestiniana pelo governo israelita contra a lei internacional. Mas ouviram-se imensos lamentos ao povo sitiado de Israel, aos rockets lançados às suas casas, às bombas suicidas - pecados palestinianos, certamente, mas nenhuma referência à chacina de Gaza, à massiva mortandade de palestinianos - e mesmo à perseguição histórica dos judeus e ao Holocausto. Essa perseguição é um facto da história. Tal como o horror do Holocausto.
Mas OS PALESTINIANOS NÃO COMETERAM ESSES ACTOS. Foram, os europeus - cuja ajuda Obama procura na recusa da criação do Estado palestiniano - que cometeram esse crime dos crimes." (expressão em caixa alta no original)
* Antes que venham com a ladainha do costume, reafirmo: igualmente servil para com o inimputável Estado de Isreal, em tudo o mais Obama continua a ser infinitamente melhor do que os republicanos que se lhe opõem.
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Gostei de ouvir o secretário de Estado da Administração Local numa entrevista à TSF. Explicou que, mais importante do que reduzir as freguesias, é tornar o ordenamento autárquico mais racional. E, mais interessante, percebeu-se que sabe distinguir entre a mera matemática dos cortes e razoabilidade das decisões. Começando por dizer o óbvio: freguesias urbanas, rurais, predominantemente urbanas, em sedes de concelho ou em zonas isoladas do interior não são a mesma coisa e não se lhes pode aplicar os mesmos critérios. Estranho que dizer uma evidência mereça aplauso. Mas nos tempos que correm, em que os cortes e o populismo mais básico andam de mão dada, é uma lufada de ar fresco.
E disse mais: que a fusão de municípios será voluntária. Mas neste caso trata-se de cautela política. Num país sem tradição regionalista, o municipalismo tem uma extraordinária capacidade de resistência. Tentasse o governo acabar com um e teria mais revolta na rua do que com todas as medidas socialmente criminosas que anda a tomar. Há guerras que são fáceis de aconselhar, quando se aterra num País, mas bem mais difíceis de travar por quem tem de por cá continuar.
Há, no que toca ao número de freguesias, inúmeras irracionalidades que resultam mais da inércia e da resistência de minúsculos poderes do que de uma necessidade ou, sequer, da vontade popular. Duvido que os pouco mais de 120 mil barcelenses façam questão em ter 89 freguesias. Nunca foi por vontade dos lisboetas, tradicionalmente mais identificados com os seus bairros do que com as freguesias - que nem correspondem a grande coisa -, que a capital tem 53 presidentes de Junta, enquanto o Porto se satisfaz com 15. Tem muito mais a ver com os minúsculos líderes locais que não querem perder o seu pequeno lugar de prestígio.
Como se sabe, a Câmara de Lisboa decidiu avançar com a fusão de freguesias. Algumas com tão poucos eleitores que nem listas partidárias com moradores ali se conseguem fazer e nem a porta aberta, com horários normais, conseguem ter. As populações ficam, como é evidente, a ganhar com esta decisão. Em proximidade. Porquefreguesias com alguma dimensão podem ter meios humanos e financeiros para fazer mais do que tratar de uns canteiros e passar umas certidões. Uma realidade bem diferente é a de quem tem de viajar quilómetros para ir à sede da Junta.
Mas note-se que foi Lisboa, e não o poder central - quem não vive na Capital tem a tendência para confundir as duas coisas -, que decidiu avançar com este processo. E é natural que, conhecendo as idiossincrasias da cidade, tenha decidido melhor do que um qualquer burocrata do ministério que seguisse critérios muito rigorosos mas pouco conhecedores da realidade local. Por isso, parece-me que o mais inteligente seria dar às autarquias um prazo decente para elas próprias fazerem as suas propostas, com base nos critérios propostos pelo governo. Claro que muitos autarcas dispensam este fardo que lhes pode, em alguns lugares, custar votos. É mais fácil culpar o Terreiro do Paço por cada decisão.
Mas infelizmente, a política, hoje, resume-se a cumprir um memorando feito por quem, sobre economia só exige disparates e sobre o resto conhece apenas o aeroporto da capital onde aterra. Estamos entregues a isto: políticos fracos que cumprem ordens de burocratas ignorantes. Neste caso, a decisão do governo não podia estar mais correta. Mas o memorando exige rapidez e isso pode estragar tudo.
Publicado no Expresso Online
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Será esta personagem real ou um impostor? Será um dos famosos "Yes Men"? É este o debate sobre o vídeo viral do momento (eu próprio o postei aqui durante um minuto). Deixo aqui quatro artigos sobre Alessio Rastani: este, este, este e este. Se ele é mesmo um corretor, sabemos que os sociopatas podem ser sinceros e que essa sinceridade cria incómodo. Mas se, pelo contrário, esta entrevista tiver sido uma partida é uma excelente metáfora sobre o mundo irreal em que vivemos, onde a um falso "especialista" chega com tanta facilidade à BBC para falar dos mercados e da crise do euro. E, curiosamente, nos diz a verdade.
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Nestes novos tempos em que a direita tem uma oportunidade de ouro para aplicar o seu programa histórico, temos direito a tudo. Até à reemergência dos velhos e gastos oráculos. Explicando ao povo no Casino da Figueira da Foz as razões pelas quais chegámos a esta "piolheira", Medina Carreira lá fez a sua conversa de taxista ressentido. Afiançou, por exemplo, que neste país se "endeusam" as universidades e que, claro está, temos "doutores a mais". E o Rui Curado Silva, cheio de paciência, lá demonstrou a falsidade desta ideia. Com um gráfico e tudo.
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