"Centro de refugiados em Loures transformou-se 'num depósito de pessoas'. (...)
«A partir de Setembro de 2011 é que foi o descalabro completo, quando a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa [SCML] deixou de apoiar e de receber estas pessoas. Também os processos na Segurança Social, daqueles que já têm o estatuto de refugiado, são muito morosos. A protecção destas pessoas não é só admiti-las. Implica dar-lhes condições de dignidade para refazerem as suas vidas e um apoio mais continuado», frisou, à agência Lusa, a presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR). (...)
Com capacidade, no máximo para 50 utentes, o Centro de Acolhimento de Refugiados da Bobadela, em Loures, tem actualmente mais de uma centena, entre adultos e crianças.
Alguns dormem em colchões colocados directamente no chão em salas de formação. A sobrelotação e a falta de condições criam uma situação potencialmente perigosa também no aspecto sanitário.
«Há aqui uma questão de saúde pública que é gravíssima. Com todas estas pessoas, não se pode assegurar as condições de salubridade e de saúde pública. Há crianças que adoecem, há adultos que têm um episódio mais complicado de saúde e que precisam de ir para o hospital. Além de serem vítimas de stresse pós traumático e de apresentam sinais de grande instabilidade e revolta», vincou Teresa Tito de Morais. (...)
Para Teresa Tito de Morais a sobrelotação do CAR da Bobadela poderia ser evitada ou reduzida, caso um equipamento que está pronto, estivesse a funcionar, e tivesse sido cumprida uma promessa do ministro Pedro Mota Soares.
«Temos um centro [para crianças refugiadas], inaugurado a 15 de Maio [em Lisboa], pronto para receber um conjunto de crianças, mas que por falta de verbas não está a funcionar. Poderíamos transferir as crianças que estão aqui para o novo Centro e aliviávamos a tensão do CAR da Bobadela», considerou.
Além disso, referiu, «o senhor ministro da Solidariedade prometeu ao CPR que iria dar ordens para que os centros de reabilitação espalhados pelo país, recebessem os mais velhinhos, com 16,17 anos. Até hoje nada foi feito», lamenta.
No CAR da Bobadela encontram-se 25 crianças acompanhadas pelos pais e mais 23 menores sozinhos, que perderam os familiares. Estes últimos, com idades entre os oito e os 17 anos."