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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Desafios da denúncia do memorando

Daniel Oliveira, 29.09.12

 

Mais de 200 pessoas estiveram no dia 22 de Setembro 2012 no debate temático de Lisboa sobre os "Desafios da denúncia do memorando", integrado na preparação do Congresso Democrático das Alternativas, que se realizará no dia 5 de Outubro, na Aula Magna, em Lisboa.

João Ferreira do Amaral, João Rodrigues, Manuel Carvalho da Silva, Pedro Nuno Santos, Ricardo Cabral e José Castro Caldas.

A perigosa infecção do regime

Sérgio Lavos, 29.09.12

 

É verdade que o desempenho do Governo é deplorável, um rappel em direcção ao abismo, um buraco sem fundo de incompetência e perigosa ideologia. É verdade que Passos Coelho quis governar para ir ao pote e distribuir pela famiglia, e desde o início foi mostrando a fibra de que é feito: uma explosiva mistura de obstinação doutrinária, incapacidade técnica e falta de preparação politica. É verdade que o aclamado génio de Vítor Gaspar é um balão que se esvaziou ao primeiro relatório da execução orçamental, e o ministro das Finanças rapidamente se revelou como aquilo que sempre terá sido: um académico autista sem qualquer noção da realidade sobre a qual os seus modelos teóricos são aplicados. É verdade que Miguel Relvas é uma espécie de excrescência do caciquismo partidário, alguém que subiu na vida à conta da sua rede de conhecimentos e que apenas se viu alçado ao poder porque Coelho lhe devia esse favor (foi Relvas quem pavimentou o caminho da glória para Coelho dentro do PSD), tendo desde então feito tudo para retribuir os favores das clientelas que o foram alimentando ao longo do tempo, semeando presentes e trapalhadas em igual medida. Tudo isto é certo. Mas quem é realmente um perigo para a democracia é o primeiro-ministro sombra, o consultor pago a peso de ouro, a criatura que serve de corrente de transmissão do capital estrangeiro, o administrador da insolvência de Portugal, António Borges. As declarações de Borges de hoje são mais uma prova das verdadeiras intenções desta política de calamidade: entregar o país ao capital privado, vender a preço de saldo empresas do Estado. Parece evidente que a ideia da concessão da RTP terá sido dele. Ao criticar os empresários por terem recusado as mexidas na TSU - e de uma forma violentíssima, que mereceria uma resposta à altura* - Borges mostra de quem terá sido a ideia peregrina. E o repentino frisson à volta da privatização da CGD também não é coincidência.

 

Como poderemos tolerar que alguém com um passado obscuro e um papel de actor secundário na crise financeira de 2008 tenha uma influência tão grande junto do Governo? António Borges não foi eleito, não tem qualquer legitimidade para tomar decisões sobre o que quer que seja. Um Governo sem ideias, como o que temos agora, é não só um Governo de idiotas, mas uma arriscada experiência política. Borges é um facilitador, um agente dos interesses privados, e este Governo de idiotas está a deixar que Portugal se torne a sua quinta, uma pocilga para os empresários amigos chafurdarem. Temos de pôr cobro a este crime ou no fim não restará pedra sobre pedra. Quanto mais depressa, melhor.

 

*Os empresários já responderam, através de António Saraiva, que afirmou que a maioria dos empresários não contrataria Borges. Filipe de Botton, por sua vez, disse que ele “nunca trabalhou na vida, nunca teve de pagar salários e não sabe do que está a falar”

Deficientes indignados

Daniel Oliveira, 29.09.12

 

Podem aderir aqui. Para vigilia, querem juntar alguns artistas. Como são um movimento de cidadãos, não conseguiram, até agora, quem lhes ceda uma aparelhagem de som e um gerador para a alimentar. Fica o apelo.

É a vida, foda-se!

Daniel Oliveira, 28.09.12

Sobre o relatório do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida para a racionalização de medicamentos e terapias, incluindo de doentes com SIDA e cancro, aconselho vivamente a leitura deste texto. Escrita por uma doente oncológica portuguesa, com cerca de 30 anos, que vive em França. Sem lamechices, põe os pontos nos is dos que querem tratar a vida e a morte num processo burocrático entregue a contabilistas. 


Nota: o presidente da comissão disse hoje na TSF que se usava a expressão "racionar" no sentido de "tornar racional". Se soubesse falar português ou se, pelo menos, não nos tomasse por parvos, conhecia a expressão "racionalizar". Não é perfeita, mas serve melhor o que, na realidade, o senhor presidente diz que está no relatório. Mas quem o leu sabe que é mesmo de racionar que estamos a falar.

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