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Arrastão: Os suspeitos do costume.

A democracia dos outros

Sérgio Lavos, 10.12.10

Em Inglaterra, 21 dos 57 deputados do partido Liberal-Democrata opuseram-se à aprovação da medida que aumenta as propinas dos estudantes do ensino superior, em alguns casos até ao triplo do que era antes (nove mil libras). Contrariando a promessa eleitoral de Nick Clegg, líder do partido e vice-primeiro-ministro. Dois assessores de ministros demitiram-se para votar contra, depois de Clegg ter afirmado que todos os membros do Governo iriam votar a favor. O mesmo aconteceu com um assessor Conservador, o outro partido da coligação governamental. Esta atitude é tudo menos inédita: o parlamento inglês tem sido pródigo em rebeliões dos deputados contra o sentido do voto imposto pelas lideranças dos partidos - no tempo de Tony Blair, mais de um terço dos Trabalhistas chegou a votar contra a invasão do Iraque. Em Portugal, trinta e seis anos depois da chegada da democracia, basta um líder de bancada ameaçar os deputados para estes comerem e calarem, votando contra uma proposta com a qual concordavam.

 

E é claro que a força dos protestos dos estudantes também deveria servir de exemplo a um povo contentinho, manhoso e com sentimentos de culpa por ter usufruído da bonança passageira dos anos 90. Comer e calar, não fazer ondas. Cada povo tem a democracia que merece ter.

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