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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Emigre o senhor!

Daniel Oliveira, 19.12.11

 

 

Quando o secretário de Estado da Juventude e do Desporto aconselhou os jovens a "sair da zona de conforto" e a emigrar pensou-se que se tratava de uma daquelas pérolas que figuras obscuras de governos escolhidos nas secções locais dos partidos nos oferecem quando sobem ao palco e inadvertidamente abrem a boca. Este fim de semana ficámos a saber que não. O primeiro-ministro repetiu o conselho, agora dirigido a quadros e professores. Que vão trabalhar para países lusófonos. O governo até já anda a conversar com José Eduardo dos Santos para tratar da guia de marcha. É esta a solução de Passos Coelho para o desemprego. E é sem quadros e sem jovens que pretende reerguer uma economia que desperadamente precisa de aproveitar o investimento que fez em educação nas últimas três décadas. Vivemos assim durante meio século. Num país semianalfabeto e a ver partir os melhores. Esperávamos não voltar a ver, em democracia, gente tão tacanha num governo.

 

Que um pai dê este conselho a um filho, que um amigo dê este conselho a outro amigo, compreende-se. Mas de um governante espera-se que tente segurar, até ao limite das suas forças, os mais qualificados e os mais jovens. Que um cidadão desesperado se veja obrigado a desistir do seu País, é compreensível. Que seja quem governa esse país o primeiro a desistir, ao fim de seis meses de governo, só demonstra que estamos num barco à deriva, comandado por um jotinha que não pensou cinco minutos na razão pela qual se candidatou ao lugar que ocupa.

 

Como disse, muito bem, Mário Nogueira, acabaremos por ver Passos Coelho a fazer companhia a três dos últimos governantes. Aproveitará para si o conselho que dá aos seus compatriotas. É que para nos aconselhar a emigrar não precisamos de um primeiro-ministro para nada. Se e quando o tivermos de fazer deixaremos de ser um problema dele. E ele - essa é a parte boa - deixará de ser um problema nosso.

 

Publicado no Expresso Online 

 

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