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Arrastão: Os suspeitos do costume.

A dívida alemã, por Manuel António Pina

Sérgio Lavos, 31.01.12

"Gostaria de ver os arautos dos "mercados" que moralizam que "as dívidas são para pagar" (no caso da Grécia, com a perda da própria soberania) moralizarem igualmente acerca do pagamento da dívida de 7,1 mil milhões de dólares que, a título de reparações de guerra, a Alemanha foi condenada a pagar à Grécia na Conferência de Paris de 1946.

 

Segundo cálculos divulgados pelo jornal económico francês "Les Echos", a Alemanha deverá à Grécia em resultado de obrigações decorrentes da brutal ocupação do país na II Guerra Mundial 575 mil milhões de euros a valores actuais (a dívida grega aos "mercados", entre os quais avultam gestoras de activos, fundos soberanos, banco central e bancos comerciais alemães, é de 350 mil milhões).

 

A Grécia tem inutilmente tentado cobrar essa dívida desde o fim da II Guerra. Fê-lo em 1945, 1946, 1947, 1964, 1965, 1966, 1974, 1987 e, após a reunificação, em 1995. Ao contrário de outros países do Eixo, a Alemanha nunca pagou. Estes dados e outros, amplamente documentados, constam de uma petição em curso na Net reclamando o pagamento da dívida alemã à Grécia.

Talvez seja a altura de a Grécia exigir que um comissário grego assuma a soberania orçamental alemã de modo a que a Alemanha dê, como a sra. Merkel exige à Grécia, "prioridade absoluta ao pagamento da dívida."

2 comentários

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    CausasPerdidas 01.02.2012

    Mas convem não esquecer o que aconteceu a preposito das indmnizações previstas no Tratado de Versalhes de 1919: puseram a Alemanha no charco, e o resultado já todos sabemos qual foi.

    Respondeu a si próprio.

    Até há muitos poucos anos a Grécia era uma ditadura militar - com a democracia eles ainda por lá ficaram, a "ameaça soviética" recuperou para a utilidade democrática muitos verdugos. Espanha, até há poucos anos era uma ditadura fascista - o juiz Baltasar que o diga, enquanto perseguiu os terroristas da ETA foi herói nacional, depois teve a péssima ideia de se meter com os franquistas... Portugal, até há poucos anos (37 anos só são muitos anos para quem é mais novo que isso) também era uma ditadura, há muitos menos tempo ainda se falava em "jovem democracia" portuguesa - quem dominou a economia deste país, atrasado, com a maior mortalidade infantil e taxa de analfabetismo da Europa Ocidental, está ao comando da economia outra vez - se é que alguma vez deixou de ter o leme... fora de preconceitos, "Os Donos de Portugal" não é um livro de ficção.
    Da crise, cujos "remédios" só lhe acrescentam mais crise, só se sabe que se vai aprofundar. A tendência que muitos vislumbram de que afundará a Europa também não é ficção. Do salve-se quem puder, resultará algo. Como não suponho que esteja por germinar um qualquer tipo de "bolchevismo" que obrigue a uma social-democratização das sociedades para obstar ao "radicalismo", sobra a outra forma "revolucionária" de restabelecer a "ordem" por que anseiam os pequeno-burgueses aterrorizados com a proletarização... e muitos proletários amedrontados pela miséria extrema de ficarem sem emprego e sem subsídio de desemprego, e sem reformas...
    Quem estiver à espera que a solução dos Estados e das elites nacionais ameaçadas venha musculada, de botas cardadas e com proclamações raciais (com excepção aos ciganos e a outras minorias que substituíram os judeus nos nossos medos colectivos - não falo dos palestinianos, obviamente) ficará surpreendido em como a "liberdade" e a "democracia" conseguirão conviver com a falta de Democracia e de Liberdade. Esquerda incapaz e Direita incompetente. Que me engane, mas este vento cheira-me a anos-trinta.
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