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Arrastão: Os suspeitos do costume.

O cangalheiro acossado

Sérgio Lavos, 19.02.12

 

"o que é importante é que as pessoas saibam que o país não vai mergulhar em dificuldades ainda maiores, porque nós estamos a cumprir com as nossas obrigações para puxar o país para cima"

Estas palavras de Pedro Passos Coelho, depois de ter sido vaiado em Gouveia, são um extraordinário - sobretudo porque é mais do que ordinário - exercício de cinismo. Em pouco mais de seis meses de governo PSD/CDS, o país estourou. O desemprego aumentou para níveis nunca vistos. Todos os dias fecham dezenas de empresas no país. Há cada vez mais pessoas a passar fome, desempregados de longa duração a perder o direito ao subsídio de desemprego, beneficiários do RSI caem na pobreza extrema. As exportações baixaram drasticamente. O consumo, privado e público, teve uma retração que nos transportou directamente para os anos 70. E, para cúmulo, estes esforços levaram apenas ao crescimento da dívida pública - de 102 para 110% - e nem a meta do défice se conseguiu atingir sem se recorrer a medidas extraordinárias extremamente onerosas para o futuro do país. Não há qualquer esperança no horizonte, se continuarmos neste caminho, e a Grécia é o melhor exemplo disto. Alguém que afirma o que está transcrito acima de forma descarada ou vive numa realidade paralela - o mundo cor-de-rosa a que os extremistas neoliberais representados por Vítor Gaspar aspiram - ou é um cínico mentiroso sem emenda. Venha o diabo e escolha.

 

O país estourou. Daqui para a frente, viveremos miseravelmente sob os seus escombros.

4 comentários

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    Joe Strummer 20.02.2012

     Rómulo, só a segunda parte do texto me pertence. A análise lucida e certeira que transcrevi é de JL Pio de Abreu. E sim cada vez mais, mais pessoas começam a perceber o logro em que caíram. A narrativa de que a direita e extrema esquerda se aproveitaram para lançar o país no caos começa a abrir fissuras.
    Claro que a extrema esquerda reage com a sensação de inimputabilidade do costume, so cá vieram ver a bola. Louçã e Jeronimo são dois anões politicos. Cobardes, recusam qualquer compromisso e arranjam qualquer desculpa para não negociarem uma solução de poder que os pudesse desgastar e desbaratar o unico capital que lhes interessa, o emprego politico à conta do Estado. Estão-se bem a marimbar para o povo, tanto como o Skip para as nódoas ou a Savora
    com o real sabor dos alimentos. Trata-se somente de um posicionamento, nada mais, puro marketing.
    No resto aliam-se sempre à direita porque só essa aliança lhes permite defender território e combater o medo de diluição no PS. Nesse sentido (e só nesse) PPortas é um senhor estadista ao pé destes dois, sabe que o seu partido constitui só e simplesmente um side-car governamental do PSD, mas o seu objectivo ultimo é, de facto, coincidente com o do parceiro, fazer a regressão dos direitos sociais e fazer contas com o 25 Abril. Num verdadeiro estadista os objectivos fazem desaparecer os engulhos (que existem) e medos juvenis de diluição. Até porque surpreendentemente o PP  não tem perdido identidade e tem-se aguentado muito bem em eleições mesmo após o descalabro Santanista.
    Quando houver uma nova hipotese de governação à esquerda vera que 6 meses depois a extrema esquerda estara a vociferar nos ecrans televisivos e nas colunas de jornais ternamente oferecidos pelos patrões dos media da direita para mandar o governo abaixo. É uma mera questão de sobrevivência, não de interesse do Povo.
    Só espero que seja o Antonio Costa a apresentar-se a eleições no PS. Seguro é fraco e Roma não pode pagar a traidores.
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    Apophis 20.02.2012

    O AJ Seguro não só é fraco, como é amigo pessoal de Miguel Relvas, e essa é a sua lealdade mais importante, sendo o PS simplesmente um trampolim para quando o ódio a Passos Coelho atingir o ponto de saturação. Extrapolando pelo que acontece noutros países, o próximo governo será liderado por um executivo FMI/Goldman Sachs, liderado talvez por António Borges. Deste modo, Seguro irá passar ao lado da cadeira de S.Bento, uma vez que a farsa da democracia já não irá ser necessária, por essa altura.

    Quanto a Louçã, o dilema deste, advém do momentum político que o Bloco tem enquanto o PS é governo, que agora lhe falta. Certas correntes de pensamento bloquista são semelhantes a outras do PS, e para estancar este tipo de pensamento é que pessoas como Zorrinho foram destacadas. Isto provoca um descomprometimento da generalidade do PS com a agenda do Bloco, fazendo este último esvair-se em termos de estratégia. Claro que o facto de Louça ter ajudado a empossar este governo, algo que deveria ser amiúde recordado, também não o ajuda. Mas a boa imprensa existe para isso mesmo.

    Jerónimo não pode ser mais do que aquilo que é. Ao liderar um partido que apenas tolera as regras da democracia, para assim tentar expandir a influência desse mesmo partido na sociedade, nunca poderá aspirar a ser algo mais do que o transmissor da vox populi, nos dias bons, ou fazer um braço de ferro com o governo, qualquer que ele seja, através das greves gerais da CGTP, nos dias maus.
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    Joe Strummer 21.02.2012


    Apophis, não acredito que o Borges ou um governo tecnocrata de inspiração "greco-romana" tivessem alguma hipotese. Imediatamente o PS sentir-se-ia desobrigado perante o acordo anterior e o Seguro iria abrilhantar novamente as soirées do Crespo.
    Quanto ao resto estou muito de acordo contigo e é curioso observar a composição da AR em relação à representação dos valores democraticos.
    Quanto ao PCP a relação que tem com o PSD é de uma grande cumplicidade, não só como velhos inimigos do regime anterior como de partilharem um inimigo comum. O PPereira traduz bem isso. Não é por acaso que nunca afrontaram o PRepublica para alem da luta partidaria e do razoavel no caso das escutas e do BPN, alias como o BE, ali reside uma fonte de apoio ao avanço socialista numa situação tão volatil como a actual. A confrontação dá-se somente no teatro da oposição partidaria mas não é um inimigo da estratégia do partido que se resume numa perspectiva de longo prazo, à sobrevivência. Nunca queimam as bases e os pontos de apoio.
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