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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Um verdadeiro revolucionário não morre, torna-se uma toupeira do imperialismo capitalista

Sérgio Lavos, 15.03.12

 

Gosto muito de ler a Helena Matos. Dentro do género feminino, é a minha ex-maoísta preferida - e não interessa se não conheço outra. Em geral, até aprecio mais as qualidades do Pacheco Pereira, mas a Helena leva a palma a qualquer antigo lutador do exércio do povo num aspecto: a maneira como (não) lida com os seus fantasmas de juventude em revolta.

 

Olha-se para os posts mais recentes do Blasfémias, e vê-se a Helena indignada com o facto do povo de Beja estar indignado com a nova toponímia do munícipio. É bestial, o raciocínio de Helena. Pois não houvera o povo de aceitar que as ruas da cidade levassem o nome de antigos bufos da PIDE. Caramba, o salazarismo foi uma ditadura tão fofinha, comparado às maldades de Agostinho Neto e de Che Guevara. O delírio não paga imposto, e acaba por ser louvável o combate diário que leva a cabo no blogue onde escreve, no jornal que lhe paga - há ainda algum? O Público parece que dispensou os seus serviços - e nas intervenções televisivas, esconjurando do seu corpo antigos amores, que a possuíram em tempos. A ir por estes caminho, a culpa apenas será aplacada quando o cilício apertar forte ou ela engrossar as brigadas internacionalistas de uma quaquer Frente Nacional. Esperemos por esse dia.

 

Mas, enquanto não chegamos lá, rejubilemos. No post seguinte, Helena estremece de frémito; o povo apedrejou autocarros algures em Lisboa, e isso levou a que a Carris esteja a repensar as supressões que levou a que aquela parte da cidade ficasse com um serviço de transportes de terceiro mundo. "Apedrejar compensa!", escreve Helena, e quase se consegue adivinhar a lágrima que lhe correu pelo rosto, ao recordar os tempos em que o cocktail molotof era a caneta que ganhava batalhas, conquistava o mundo! Nas ruas, claro, que as revoluções não são para se fazer sentado à frente do PC. A velha veia revolucionária, latejante, ao ver que o monopólio da violência que o Estado detém pode, a qualquer momento, ser beliscado pela vontade do povo. 

 

Claro que ela disfarça, e se indigna muito com as "reengenharias sociais" que os seus antigos companheiros de armas estão a estimular, com a imprensa de esquerda que domina o país e tal e tal, e por aí fora. Mas eu, por ser um grande admirador, de longa data, sei ler nas entrelinhas. Os amanhãs que cantam fazem ferver o sangue, a luta estimula, o combate pela liberdade e pela justiça social empolga! Helena, camarada, estou contigo: quando voltares a sair do armário onde te enfiaste, serei o teu primeiro defensor. Nunca é tarde para voltar a antigas paixões...

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