Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

Vencer a dividocracia

Daniel Oliveira, 27.04.12

 

 

Estive na Islândia a preparar uma reportagem para o "Expresso", que será publicada brevemente na revista. Se olharmos para os números, a Islândia nem está mal. Antes de mais, foi um exemplo de coragem. Através de dois referendos, recusou-se a pagar, com o dinheiro dos contribuintes, os desvarios dos seus bancos. Prometeram-lhes o dilúvio e o dilúvio não aconteceu. Julgou-se um ex-primeiro-ministro, que ouviu, esta semana, o verdito: inocente em três das quatro acusações. Na verdade, os próprios islandeses viam este julgamento como um processo político inconsequente. Mas prepara-se outro, inatacável e credível, para vários responsáveis por instituições financeiras.

 

A Islândia é hoje um exemplo de recuperação económica. Tem um desemprego de 7%, muito superior ao que está habituada, mas muito abaixo dos países em crise. Teve, o ano passado, um crescimento de 3%. Acima da maioria dos países europeus. Vários sectores da economia estão a saber aproveitar a queda da coroa. Tudo isto, três anos depois de ter vivido o 11º maior colapso financeiro da história mundial. Se olharmos para dimensão do País, a maior de sempre no Mundo Ocidental. Basta pensar nisto: os três bancos falidos correspondiam a oito vezes o PIB da Islândia.

 

E, no entanto, os islandeses estão furibundos. Com os banqueiros, claro. Com o anterior governo, evidente. Mas também com o atual. Com tudo o que cheire a política. Estão, pode dizer-se, depois de toda a esperança, perdidos. A principal razão é esta: as suas dívidas aos bancos. Não me alongo mais, porque as razões profundas, as contradições, a justiça e a injustiça desta revolta, poderão ler na reportagem, contadas pelos próprios. Apesar de terem visto, graças a decisões do governo e da justiça, impensáveis noutro país, as suas dívidas por empréstimo para a compra de casa reduzidas - depois do colapso tinham aumentado entre 40% e o triplo - continua a ser incomportável pagá-las. E é a dívida, e não a crise económica - que ali se sente muitíssimo menos do que aqui - que está a corroer a confiança dos islandeses nas suas instituições democráticas. Mesmo para os que, e são muitos, não as pagam há dois anos.

 

Só senti vontade de vos contar um pouco - muito pouco - da complexa situação islandesa - quase incompreensível para nós - quando li este título: "Deco recebe 15 pedidos de famílias aflitas com dívidas". O exemplo extremo da Islândia, onde as coisas atingiram, graças à deriva ultraliberal do anterior governo, proporções dantescas, e as feridas profundas que isso deixou na pacata sociedade islandesa, são uma excelente lição. A dívida tem uma natureza absolutamente diferente de todos os problemas sociais. Até em países que há muito não conhecem a pobreza e que, sejamos francos, continuam a nem a cheirar. Ela cria um ambiente de ansiedade insuportável. Mesmo quando não está a ser paga. E, mais importante do ponto de vista da saúde democrática, criam uma asfixiante sensação - a maioria das vezes é mais do que uma sensação - de perda de liberdade. É como viver com um cutelo sobre o pescoço. E ninguém é autónomo nas suas escolhas se passar uma vida à beira da morte.

 

A dívida e o desemprego são as duas mais eficazes armas sociais de destruição de uma democracia. Provocam, como a violência arbitrária e incontrolável, uma constante sensação de insegurança. Por uma questão de auto-preservação, têm de ser as duas principais prioridades de uma democracia.

O endividamento das famílias, das empresas e dos Estados tem servido para discursos simplistas, que ignoram a mutação que se operou no capitalismo desde os anos 80. Hoje, toda a economia e toda a sociedade vive para financiar a banca e os mercados financeiros em vez de acontecer o oposto. O que tem de acontecer para voltar a pôr as instituições financeiras no lugar que lhes tem de caber é global e exige uma extraordinária coragem política - aquela que nem aos islandeses está a chegar.

 

A dividocracia - socorro-me do título de um documentário sobre a Grécia - é, depois das ideologias totalitárias dos anos 30, o mais poderoso instrumento de subjugação dos cidadãos e dos Estados a poderes não eleitos. Vencer a chantagem do poder financeiro - que alimenta a dívida e se alimenta da dívida - é, neste momento, a primeira de todas as batalhas de quem se considere democrata. É aqui que se fará a trincheira de todos os combates políticos deste início de século.

 

Publicado no Expresso Online

 

Imagem minha de Reiquiavique

13 comentários

  • Sem imagem de perfil

    PJL 27.04.2012

    O facto de a dívida privada ser maior que a dívida pública representa um grande inconveniente no discurso da direita. Choca com os seus habituais argumentos simplistas, redutores e por aí fora...
    O facto de certas almas reaccionárias verem no Expresso um jornal de esquerda, é sintomático do posicionamento da generalidade da comunicação social portuguesa, que os habituou a ver diariamente as suas ideias impressas. 
    A realidade é que os principais órgãos de comunicação social dedicam programas inteiros a falar da dívida pública, ao passo que, de vez em quando, lá abordam a problemática da dívida privada.  
  • Sem imagem de perfil

    Alexandre Carvalho da Silveira 28.04.2012

    Apenas um pequeno pormenor: a divida dos privados, quer dizer das familias e das empresas, foi contraida por eles, e terá de ser paga por eles; já a divida publica, foi contraida por politicos manhosos e incompetentes, e continua a ter que ser paga pelos privados, quer dizer, pelas familias e pelas empresas!
  • Imagem de perfil

    makarana 28.04.2012

    não te quero provocar pa, mas sabes quantod e défice e que o socrates recebeu em 2005? 6,8!.E até 2007 sabes quanto é que foi reduzido ? menos de 3%!
  • Sem imagem de perfil

    Joe Strummer 28.04.2012


    makarama, na mosca. E digo-te aqui q ninguem nos ouve...os 12 mil milhões do "emprestimo" reservado aos bancos é precisamente por causa da divida privada. Criada pelos próprios e grandes grupos economicos e que cabe a todos pagar.

    Valores de maio de 2011

    Divida publica portuguesa - 93,7% PIB
     "         "        irlandesa     -107 %
     "          "        grega         - 150,2 %
     "          "        belga          - 100,5%
     "          "       italiana         - 120,2%

    Dívida privada portuguesa  - 220% - da exclusiva responsabilidade da Banca.

    Alias o director geral do FMI na altura disse o seguinte:

    «o problema de Portugal não é tanto a dívida pública mas o financiamento da banca e a dívida privada».

     
    Claro que a propaganda oficial quotidianamente servida tratou de enterrar estes factos sob trinta camadas de mentiras e manipulações que servem de argumentario aos comentadores falangistas.
  • Imagem de perfil

    makarana 28.04.2012

    o alexandre, pedrom, tonibler e demais direitistas se tivessem vergonha na puta da cara nunca mais voltavama aqui:Não teem a menor moral para vir acusar o ps do quer que seja nenhuma!
  • Imagem de perfil

    Olympus Mons 29.04.2012

    permitam-me os dois : Foda-se!
  • Sem imagem de perfil

    Joe Strummer 29.04.2012


    Fodasse!
  • Sem imagem de perfil

    PedroM 30.04.2012


    PJL e Joe Strummer:


    makarana, não sou direitista nem esquerdista: sou centrista. Não tenho é nenhum partido nem gente decente que me represente. O que não sou certamente é extremista.


    PJL e Joe Strummer, em relação à dívida privada, nunca a neguei como parte do problema - bem pelo contrário. Aliás, apontei aqui várias vezes a esqizofrenia argumentativado Daniel a esse respeito e nunca obtive uma explicação (pode ser que me esclareçam agora). Por um lado o Daniel afirma que o grande problema é a dívida privada. Certo. Por outro, afirma a pés juntos que os portugueses não vivem acima das suas possibilidades... Como estou farto de referir, há anos que a Deco alerta que a dívida das famílias ronda os 140%!


    Outro ponto: as responsabilidades disto. Primeiro, o poder político, que promoveu benefícios fiscais para tudo o que fossem créditos à habitação em detrimento da poupança ou de benefícios ao investimento. Nisto não lave as mãos o BE e PCP, pois sempre se opuseram ferozmente a qualquer tentativa de redução desses benefícios.
    Depois, os bancos aproveitaram a onda e concederam crédito a torto e a direito. Convenhamos que se não o fizessem, faliam, pois a CGD continuaria a seguir as políticas de crédito dos governos e os outros bancos privados não tinham hipóteses de concorrer com tal oferta.
    Inconcebível é tentar desresponsabilizar as famílias pelos múltiplos créditos que contrairam, comparando-as ás criancinhas que estão à mercê dos dealers à porta das escolas. É que criancinhas não têm o direito a votar. É essa a ideia que está por trás do raciocínio?


    Finalmente, a dívida pública. Ela não era da dimensão da privada. Oficialmente. O que me espanta mais é ser o Daniel a encobrir as patranhices que os vários governos foram fazendo para esconder os défices ( o makarana ainda foi desenterrar os esquemas dos défices do Sócrates/Constâncio). Ou seja, fora do défice, estavam os buracos na saúde, estradas de portugal, transportes, empresas municipais e PPPs (sem contar com a Madeira...). Não bastava os governos omitirem estas dívidas das contas públicas, ainda contavam com o apoio do BE e PCP para este argumento da baixa dívida pública.   


    Por fim, a promiscuidade de relações entre políticos, grandes empresas e bancos é um dos cancros disto tudo. Neste caso, os bancos estão mais que protegidos de todo o risco e as famílias e pequenas empresas sofrem sempre os prejuízos. Era bom que esta decisão do Tribunal de Portalegre fizesse jurisprudência (mas duvido, pois já houve outras decisões em sentido inverso).
  • Sem imagem de perfil

    Joe Strummer 30.04.2012


    Os juros baixos foram consequência da adesão ao Euro. A CGD não tem qualquer influência na fixação de taxas, só por imaginares que se a CGD aumentasse (artificialmente) os juros o resto do sistema bancario iria atrás, mereces um Nobel.
    As famílias fizeram o investimento mais racional e conservador, dadas as circunstâncias, ao investir na habitação. Simplesmente a venda de credito de modo agressivo  que foi feita pelos bancos e não se limitaram ao imobiliario existiu muito credito mobiliario.
    No fundo o credito serviu para as familias acederem a um conforto médio europeu que os seus rendimentos não lhes permitiam dado a estratégia começada em Cavaco (e agora retomada) de um paradigma assente
    nos baixos preços do trabalho, baixa integração tecnologica e a transição para uma rápida terciarização de economia "fechando" varios sectores produtivos.

    Os governos não omitiram divida nenhuma, simplesmente essas contas estavam fora do perímetro do défice a reportar a Bruxelas . No fim de 2011 bruxelas mudou as regras e tiveram que ser incluidas no defice. Ainda não chegamos à Madeira.
    Só por curiosidade gostaria de saber quanto é que ainda pagamos ao Citibank, referente ao acordo feito com Ferreira Leite.

    Totalmente de acordo. É tempo dos bancos repartirem os riscos que decorrem da sua actividade. Até agora só repartem os avultados lucros pelos accionistas.

    Imaginemos, só por uns segundos, que Sampaio não demitia Santana. Com o orçamento qe se preparava para aprovar e a necessidade de reeleição no horizonte
    hoje estaríamos bem pior que a Grécia.
    Bagão Felix já tinha dito numa data anterior a Constâncio ter calculado o défice que o seu valor era de 5% a 6%. Bagão Félix era o ministro das Finanças. 
  • Sem imagem de perfil

    PedroM 30.04.2012


    "Os juros baixos foram consequência da adesão ao Euro"
    Eu falei nisso? O que disse foi que os benefícios fiscais ao crédito à habitação e as taxas/impostos fomos nós quem decidiu. A política fiscal está ao serviço da economia. Foram essas  as opções e agora estamos aqui.


    "só por imaginares que se a CGD aumentasse (artificialmente) os juros o resto do sistema bancario iria atrás, mereces um Nobel"
    Claro que não. Percebeste mal: é precisamente ao contrário. Se a caixa baixasse os juros e spreads, o resto do sistema bancario ou iria atrás ou falia, porque obviamente as pessoas iriam todas à CGD. Se aumentasse, eles deixavam-se estar ao sabor do mercado e dos juros do BCE.
    Porém, essa é precisamente a opção que defende o Daniel (PCP e BE), de colocar a CGD fora do sistema bancário e "dar" crédito barato a toda a gente, independentemente dos juros externos. Ao "serviço da economia", diz. Não importa se a CGD (o estado) paga lá fora muito mais em juros pelo dinheiro que depois empresta cá; alguém o pagaria no futuro.
    Essa crítica que faz é a que eu faço ao PCP e BE nesta matéria.


    "a venda de credito de modo agressivo  que foi feita pelos bancos"
    Sim mas isso não desresponsabiliza as famílias de se enterrarem em créditos de 140% do valor dos seus rendimentos. Serão inimputáveis? Nesse caso não têm direito a decidir, votar, etc.


    "o credito serviu para as familias acederem a um conforto médio europeu que os seus rendimentos não lhes permitiam"
    Ou seja, confirma o que o Daniel nega: andamos a viver acima das nossas possibilidades.


    "dado a estratégia começada em Cavaco (e agora retomada) de um paradigma assente nos baixos preços do trabalho"
    Antes do Cavaco era bom? E agora retomada? Porquê, houve alguma mudança "real" com o PS que tivesse sustentação na economia e na realidade? Não estou a falar dos aumentos da função pública em vésperas de eleições, para logo de seguida lhes cortar...


    "No fim de 2011 bruxelas mudou as regras e tiveram que ser incluidas no defice"
    Lá está, não estou a discutir "tecnalidades". Pouco me importa se metiam alí ou debaixo do tapete: eram dívidas e despesa do estado e sabia-se que mais cedo ou mais tarde a conta chegaria.


    "Imaginemos, só por uns segundos, que Sampaio não demitia Santana"
    Não me peça isso! A única coisa boa é que não viria o Sócrates, de resto...
  • Sem imagem de perfil

    Joe Strummer 30.04.2012


    Mas o que a CGD e os outros bancos fizeram foi isso mesmo! Ver quem oferecia mais barato! Off course.
    Convem dizer que como os emprestimos são exteriores os bancos compraram o dinheiro quase ao mesmo preço.
    Mas vamos dar por boa essa tua solução. Imaginemos que a CGD até podia fazer dumping. Os outros bancos faliam e a CGD sozinha voltava a subir os juros.
    As pessoas acediam todas ao credito atraves do banco do estado. Outorgo-te o 2º Nobel. És portanto a favor da estatização da economia de uma forma parecida à de Estaline.

    Claro que não são inimputaveis mas a culpa maior cabe aos bancos. De resto espero que defendas a despenalização das drogas, só consome quem quer e somos todos adultos. Ou só somos adultos e imputaveis assim aos bocadinhos?
    Espero que a sentença do juiz português faça jurisprudência porque revela uma perspectiva mais real do que está em causa. Quando uma familia pede emprestado para adquirir um bem como uma casa está simultâneamente a criar um activo, que se valoriza com o tempo. Se quebra o contracto de pagamento devolve o activo entretanto valorizado. Justo.

    A questão foi que ninguem teve uma oportunidade tão boa para mudar o rumo do país com o dinheiro que começou a vir da Europa. Foi um momento definidor do modelo de desenvolvimento subsequente. Totalmente falhado e perdido. Falta de visão, interesses mesquinhos e negocios para os amigos.
    Agora a historia repete-se. Nem uma unica ideia somente a demissão.

    Socrates foi o unico primeiro ministro que teve uma estrategia de desenvolvimento para o país.
    Ontem fiquei parvo com uma noticia RTP onde se dizia que o Magalhães já vendeu milhões de computadores por esse mundo fora. E com uma entrevista a um tipo da Intel que o elogiava sobremaneira. Ao pensar no anedotico gozo que proporcionaram paginas e paginas de blogs e jornais à conta do Magalhães...o que faz um idiota armado em sábio? Bem...se for português conta anedotas acerca de tudo e de nada.
    E ainda deixou um cluster que deu para o amigo catroga e demais boys do psd ganharem umas massas. Deixou umas escolas catitas e bem equipadas,etc.. A seu desfavor: deixou uma imprensa pior, deixou uma justiça pior, deixou um psd pior.

    O problema dele foi estar lá quando a crise aconteceu, a qualquer outro acontecia o mesmo ou pior.
  • Sem imagem de perfil

    PedroM 02.05.2012


    "És portanto a favor da estatização da economia de uma forma parecida à de Estaline"
    A conclusão está certíssima mas o alvo errado. É precisamente isso que eu acho de quem defende essa actuação nas economia - e em particular na CGD. Quem defende isso é o PCP, BE. O Daniel está farto de o dizer também. O que eles defendem é que a CGD baixe os juros e spreads e dê créditos à brava, sem olhar aos riscos e ao preço a que compra o dinheiro lá fora.
    Pelo menos nisso parece que estamos de acordo em relação a quem pensa a economia desta forma.


    "De resto espero que defendas a despenalização das drogas"
    Claro mas de maneira "controlada", devido à especificidade do produto. A quem fosse agarrado o estado fornecia a droga de borla.
    Tinha muitas vantagens: diminuia drasticamente o tráfico e o crime e lavagem de dinheiro; em termos de saúde pública estavam garantidas melhores condições (na qualidade da droga; higiene; etc) e permitia aos agarrados ter vida para além do consumo (os que conseguissem e quisessem), ou seja, excusavam de passar o dia a "trabalhar" para a droga e podiam-no ocupar de outra forma.


    "Espero que a sentença do juiz português faça jurisprudência porque revela uma perspectiva mais real do que está em causa"
    Não faz, senão ela já estava feita no outro sentido pois já houve sentenças anteriores a favor dos bancos. A única coisa a fazer é mudar a lei (parece que pretendem fazer isso).


    "E com uma entrevista a um tipo da Intel que o elogiava sobremaneira"
    Tivessem eles escolhido outro processador igualmente sem concurso e gostava de ouvir o tal senhor a elogiar.
    Não deixo de pensar que se aproveitou uma ideia interessante para se fazer uma negociata através dum esquema manhoso de adjudicação, sem que houvesse qualquer plano do ponto de vista educativo. Porque não escolas que tivessem as suas salas de informática "patrocinadas" por empresas que doassem os seus computadores qundo renovam o seu parque informático (muitas delas fazem-no regularmente e qualquer desses computadores seria infinitamente melhor que qualquer Magalhães). Assim temos os Magalhães nos quartos dos miúdos para eles jogarem de vez em quando (os que ainda os usam) e as salas de informática sem computadores. Já para não falar que os professores não os utilizam obviamente nas aulas.
    Esse esquema de patrocínios vi eu há décadas quando vivia numa pequena cidade Belga. Uma empresa de doces e compotas renovou as placas das ruas da cidade e em troca elas tinham um pequeno logo no cantinho. Todos beneficiam e não custa nada ao estado nem aos contribuintes.


    "Socrates foi o unico primeiro ministro que teve uma estrategia de desenvolvimento para o país."
    Até pode ser que sim mas o seu ego e personalidade vinham sempre em primeiro lugar. O problema (para além do do costume: as negociatas para os boys e os interesses do costume) é que estava assente em nada. Era empírica. Ele achava que era assim como podia achar que seria doutra maneira. Basta ver a vergonha do aeroporto. Como é que se muda algo em 3 meses apenas por causa dum estudo quando a OTA já estava mais que estudada e decidida com décadas de estudos, pareceres e sei lá que mais, todos sérios e credíveis? Estamos a falar do destino de milhares de milhões de euros num projecto que devia ser estruturante para a economia e que mudam o rumo das coisas por décadas - num sentido ou noutro, consoante as escolhas.
    Afinal, essa enormidade de dinheiro e a parte estratégica do investimento são decididos assim, desta forma grotesca. Caso a tal entidade não tivesse feito o dito estudo, tinhamos o aeroporto na OTA. E assim se brinca com o destino do país. Foi assim neste caso como é assim no resto. É assim que se tomam as decisões que definem o destino e rumo do país.
  • Comentar:

    Comentar via SAPO Blogs

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.

    Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.