Tratar criminosos como pobres (e pobres como criminosos)
Enquanto que por cá um ministro que mentiu várias vezes em público sobre matérias gravíssimas que dariam direito a demissão e julgamento em qualquer país com um mínimo de respeito por si próprio ainda ocupa a sua cadeira de governante, em Espanha o Governo, com o apoio do BCE, prepara-se para subsidiar mais parasitas do Estado; não, não estou a falar de artistas (pelo menos na vulgar acepção da palavra), mas sim do Bankia, dirigido até ao naufrágio por um antigo dirigente do PP espanhol. O Rato foi o primeiro a abandonar o navio, mas nem por isso os buracos da instituição financeira deixarão de ser tapados por Rajoy, tudo em nome da manutenção de um capitalismo predatório que não se exime a cortar nos rendimentos disponíveis da classe média e dos pobres e que luta para manter os privilégios da banca e do um por cento com maior rendimento. A Comissão Europeia, cumprindo o seu papel de garante deste estado de coisas, já veio dizer que a Espanha não terá de cumprir o objectivo do défice para este ano. Os milhões que irão ser injectados no Bankia - um valor superior ao que Espanha irá ganhar nos cortes previstos na Saúde e na Segurança Social - irão fazer mossa nas contas, mas como estamos a falar da manutenção do status quo, abre-se uma excepção. Já que parece que o nosso Governo também não vai conseguir cumprir o objectivo do défice, não haverá por aí um outro BPN para convencer a troika a facilitar um pouco as coisas?