Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

E agora vamos falar de coisa nenhuma

Daniel Oliveira, 03.10.13

Para além do facto de a troika se avaliar a si mesma de forma delirantemente positiva e de continuar, como tem feito recorrentemente, a fazer previsões macroeconómicas que nunca se confirmam (é ir olhar para as previsões do passado), pouco ou nada ficámos a saber. Claro que o nosso objetivo era pagar dívidas e devemos cada vez mais. Mas os dois ministros presentes na conferência de imprensa agarram-se à balança comercial (que merece quase um texto à parte, tal a dimensão da aldrabice que nos é vendida) e vê aí a entrada num novo ciclo. Um novo ciclo que já foi anunciado, nos últimos três anos, algumas vezes.

 

Das negociações com a troika ficámos a saber duas coisas: que a meta do défice fica mesmo nos 4% e que a medida que já se sabia que não ia acontecer (a "TSU das pensões") não acontecerá. Ou seja, tudo na mesma como a lesma. Portas desfez-se em analogias, deu a volta à pista nove vezes e ganhou o penta. O que ainda de novo aí vem, a juntar ao que era provisório e ficou como definitivo e ao que Passos já nos anunciou em maio? Saberemos no Orçamento. Portas fez referências vagas a medidas vagamente bondosas. A única medida concreta que foi referida foram mais cortes na despesa dos ministérios, dando a ideia de que era ali no gabinete dele que se ia cortar, e não, como tem sido, em serviços fundamentais para os cidadãos.

 

A coisa é tão simpática que até se fica sem perceber porque tentou negociar o governo uma redução de 0,5 nas metas do défice quando, aqui e ali, 4 mil milhões que se têm de cortar já estão garantidos. Tendo em conta que o governo teve de lançar um perdão fiscal para ter receitas extraordinárias e cumprir o défice deste ano, estou seguro que se cumprirá o défice do próximo ano com a concessão do jogo online e uns cortes avulsos. Há, claro, os cortes nas rendas da energia. Só que já perdi a conta às vezes que foi anunciado sem haver maneira de acontecer.

 

Mas Portas deu-nos uma grande notícia: esta foi a 9º de 12 avaliações. Só faltam três. Com as dificuldades nacionais em matemática, era um anúncio que exigia uma conferência de imprensa. Talvez venha a ser na reta da meta que ele apresentará o famoso guião da reforma do Estado.


Publicado no Expresso Online

17 comentários

Comentar post

Pág. 1/2