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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Novo ciclo

Sérgio Lavos, 15.10.13

 

Nós somos mesmo o melhor povo do mundo. Andamos desde 2010 a levar com cortes impostos por um poder externo - a União Europeia - com o argumento de que estes cortes são para o nosso bem, servem para equilibrar as contas públicas e transportar o país para uma fase de prosperidade e riqueza. Nestes três anos, vimos o desemprego crescer de 12% para mais de 17%, a desigualdade aumentar de forma brutal, a qualidade dos serviços públicos piorar de forma incomensurável, a pobreza generalizar-se a uma classe média que ainda por cima foi acusada pelos governantes e por alguns dos seus sabujos de ter andado a viver acima das suas possibilidades, as prestações sociais que deveriam servir para acudir a quem passa mal em alturas de crise serem drasticamente reduzidas; vimos o nosso nível geral de vida degradar-se de forma substantiva, levando à emigração de centenas de milhar de portugueses jovens e menos jovens; vimos os nossos filhos a terem um ensino público muito pior, os nossos pais e avós a verem as suas reformas retalhadas sem piedade, deixando de poder ajudar os filhos e netos desempregados e a si próprios; vimos as nossas vidas serem viradas do avesso por causa de uma troika que transformou a Europa no único continente onde neste momento a pobreza aumenta - e bastante - e de um Governo que quis ir, desde o primeiro momento, além da troika, um Governo de mentirosos, de delinquentes com passagem pelo BPN, de irrevogáveis carraças do poder que andam a sugar-nos há décadas, de incompetentes alucinados que não acertam uma previsão, uma meta, um objectivo, de deslumbrados com complexos de messianismo cujo destino pretendem que seja indestinguível do do país que transitoriamente governam, uma soma de nulidades políticas que, por obra de manobras politiqueiras de quinta categoria, se viram alçados ao poder e ao pote num dos piores momentos da nossa História. Assistimos a tudo isto de forma mais ou menos passiva, com um ou outro assomo de dignidade rapidamente substituída por uma generalizada anomia. Quando depositamos o destino das nossas vidas nas mãos de medíocres perigosos - e temos a certeza de que eles são as duas coisas, mesmo quem votou no PSD e no CDS sabe muito bem que gente é esta que nos governa -, abdicando do poder que lhes delegámos, desistimos do nosso país e de nós próprios. Somos o melhor povo do mundo porque às mãos de sádicos submetemos a nossa possibilidade de escolha, de mudança. Se tudo piorar - e vai piorar -, não poderemos ficar surpreendidos - teremos o resultado daquilo que abdicámos de escolher, teremos um país pior, mais desigual, um país onde os ricos ficam mais ricos, a classe média empobrece e os pobres tornam-se miseráveis. Está a acontecer, neste momento, as notícias saem diariamente. Merecemos isto?

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