A máscara
Alguma direita revela-se nos momentos críticos. Quando podia finalmente tomar uma posição que fortalecesse o apoio que costuma dar a Israel, criticando o sanguinário erro das forças israelitas, como tanta gente por esse mundo fora fez, da esquerda (Obama, Zapatero) à direita (Merkel, Sarkozy), decide hastear bandeiras, mimetizando um hábito provocatório recente, fazer pungentes declarações de amizade luso-israelita (certamente bastante apreciadas pelo governo de Netanyau) ou assobiar para o lado publicando vídeos de horrorosos empurrões para o mar ou fotografias de muçulmanos empunhando adagas, a mais perigosa arma de ataque conhecida pelo Homem.
Mais de dez mortos. Trinta feridos. Um barco cheio de ajuda humanitária a caminho de uma região fechada ao Mundo interceptado em águas internacionais. E eles não só tomam o partido do mais forte como querem-nos convencer de que este é o mais fraco. Esta direita não age em função de uma amizade ou afinidade cultural, como tanto gosta de apregoar. Os verdadeiros amigos apontam os defeitos, dizem as verdades, denunciam quando é caso disso. Esta direita age de acordo com algo muito mais primitivo: o preconceito anti-islâmico. Que esse preconceito sirva um Estado opressivo - Israel - surgido como resposta ao pior genocídio da História, não é apenas irónico; é, sobretudo, trágico. O povo judeu pode dispensar este tipo de amigos.