É só fumaça
Daniel Oliveira, 29.01.05
O PREC instalou-se, definitivamente, na direita portuguesa. Primeiro, o despesismo, que sempre foi, dizem os entendidos, apanágio da esquerda. 5,3% de défice, um recorde assinalável para os últimos anos. Depois, as nacionalizações: Fundo de Pensões da CGD e dos CTT para o Estado. Finalmente, o que faltava: quando não se gosta de um tipo, toca de lhe chamar fascista.
Bagão Félix, com um invejável currículo na luta contra a ditadura e na consolidação da democracia portuguesa, não fez a coisa por menos. Nem quero imaginar o epíteto que tem reservado para José Sócrates. Rato de sacristia, parece-me o indicado. E para Jerónimo? Lacaio do capital, pode ser?
Mas mal esta piranha de água benta deu o mote, logo o Pit Bull (não confundir com o do Porto) da direita fez o romance todo. No «Diário de Notícias», António Ribeiro Ferreira imaginou um país dirigido pelo Bloco de Esquerda. Meninos de calções, de suástica no braço, mandando para campos de concentração todos os desalinhados, suponho que homossexuais e toxicodependentes incluídos. Ribeiro Ferreira, quando escreve, é assim mesmo: põe os neurónios em «stand by» e já ninguém o agarra. Todos se lembram das suas hilariantes reportagens sobre o Iraque, ao estilo «Vida Soviética», mas ao contrário, quando tentou transformar o «DN» numa espécie de «Diabo» matutino, quer no estilo quer nas vendas.
E eu não lhe quero ficar atrás. Com a histeria revolucionária instalada na direita, imagino um país onde Pires de Lima ocupa fábricas, Morais Sarmento manda bloquistas para o Campo Pequeno e a Assembleia da República é cercada pelas Gerações Populares. Nesse dia, irei à janela do Parlamento e, qual Pinheiro de Azevedo, responderei definitivamente a Bagão: «Badamerda para o fascista!» E, assistindo a esta patética despedida da direita, voltarei a citar a saudosa figura: «É só fumaça! É só fumaça!»
Bagão Félix, com um invejável currículo na luta contra a ditadura e na consolidação da democracia portuguesa, não fez a coisa por menos. Nem quero imaginar o epíteto que tem reservado para José Sócrates. Rato de sacristia, parece-me o indicado. E para Jerónimo? Lacaio do capital, pode ser?
Mas mal esta piranha de água benta deu o mote, logo o Pit Bull (não confundir com o do Porto) da direita fez o romance todo. No «Diário de Notícias», António Ribeiro Ferreira imaginou um país dirigido pelo Bloco de Esquerda. Meninos de calções, de suástica no braço, mandando para campos de concentração todos os desalinhados, suponho que homossexuais e toxicodependentes incluídos. Ribeiro Ferreira, quando escreve, é assim mesmo: põe os neurónios em «stand by» e já ninguém o agarra. Todos se lembram das suas hilariantes reportagens sobre o Iraque, ao estilo «Vida Soviética», mas ao contrário, quando tentou transformar o «DN» numa espécie de «Diabo» matutino, quer no estilo quer nas vendas.
E eu não lhe quero ficar atrás. Com a histeria revolucionária instalada na direita, imagino um país onde Pires de Lima ocupa fábricas, Morais Sarmento manda bloquistas para o Campo Pequeno e a Assembleia da República é cercada pelas Gerações Populares. Nesse dia, irei à janela do Parlamento e, qual Pinheiro de Azevedo, responderei definitivamente a Bagão: «Badamerda para o fascista!» E, assistindo a esta patética despedida da direita, voltarei a citar a saudosa figura: «É só fumaça! É só fumaça!»