Fenómeno do Entroncamento
Daniel Oliveira, 26.02.07
NAS últimas eleições, o PCP subiu ligeiramente, muito graças à bonomia e ao efeito-surpresa de Jerónimo de Sousa. Só que a simpatia do novo secretário-geral, excelente para campanhas, de pouco valerá no tipo de combate político mais caro ao PCP. E diz pouco ao eleitorado que os comunistas mais prezam: o operariado e seus descendentes. Talvez por isso, a subida do PCP não se sentiu da mesma forma nas zonas mais industrializadas e de maior implantação comunista. E foi exactamente em concelhos como o Barreiro, Marinha Grande, Sintra, Seixal, Moita, Almada e Entroncamento - onde teve um recorde eleitoral -, que o Bloco de Esquerda teve os seus melhores resultados, ultrapassando a fasquia dos 10%.
O eleitorado do Bloco já não se resume a intelectuais, quadros superiores e jovens urbanos. Além do voto de protesto inorgânico e flutuante, o Bloco conquistou um novo tipo de eleitores. Vêm dos grupos sociais mais desperançados: trabalhadores jovens e precários, funcionários públicos desmotivados, operários em tudo diferentes da mitologia revolucionária. Vão ao cinema, acabaram o liceu e navegam na Internet. Esperavam mais do que a vida lhes deu.
Se o Bloco de Esquerda pensasse que, para se implantar, lhe bastaria substituir o PCP, modernizando o seu discurso, estaria a cometer um erro histórico. O problema do PCP não é, como se viu, a imagem. É a falta de horizonte. Mas, se, por outro lado, o Bloco julgasse que bastaria ser um franco-atirador à caça do voto de protesto, então a sua tragédia seria ainda maior. O Bloco tem de querer mudar o poder, sem o temer. Se assim não o fizesse, os seus novos eleitores mais convictos não resistiriam à frustração.
O eleitorado do Bloco já não se resume a intelectuais, quadros superiores e jovens urbanos. Além do voto de protesto inorgânico e flutuante, o Bloco conquistou um novo tipo de eleitores. Vêm dos grupos sociais mais desperançados: trabalhadores jovens e precários, funcionários públicos desmotivados, operários em tudo diferentes da mitologia revolucionária. Vão ao cinema, acabaram o liceu e navegam na Internet. Esperavam mais do que a vida lhes deu.
Se o Bloco de Esquerda pensasse que, para se implantar, lhe bastaria substituir o PCP, modernizando o seu discurso, estaria a cometer um erro histórico. O problema do PCP não é, como se viu, a imagem. É a falta de horizonte. Mas, se, por outro lado, o Bloco julgasse que bastaria ser um franco-atirador à caça do voto de protesto, então a sua tragédia seria ainda maior. O Bloco tem de querer mudar o poder, sem o temer. Se assim não o fizesse, os seus novos eleitores mais convictos não resistiriam à frustração.