Toques de política
“Uma política de austeridade para as vítimas de sempre, uma política de facilidade para os suspeitos do costume.” José Gusmão na AR. Vale a pena ouvir. E ler, no Ladrões de Bicicletas, o diário do orçamento que este economista de combate está a escrever. Apesar dos constrangimentos e da paralisia de uma UE trancada numa trajectória neoliberal desde Maastricht, ainda há alguma margem de manobra à escala nacional. Isto para começar a responder a este comentário: “Qualquer solução diferente da dos economistas do regime está dependente da boa vontade de Bruxelas e da mudança de rumo da política europeia. O que será o mesmo que dizer que é melhor esperar sentado.” Acho que podemos vir a ter desenvolvimentos políticos na UE, que mais não seja para evitar o esfarelamento da zona euro, embora se deva reconhecer que os primeiros sinais não são famosos. É sempre difícil mudar hábitos arreigados. No entanto, ideias válidas e viáveis não faltam para a escala nacional: da protecção dos serviços públicos e da extensão do subsídio de desemprego a mudanças na fiscalidade, por exemplo tributando as mais-valias fundiárias e bolsistas, até a uma política de investimento público voltada para a recuperação urbana, para os transportes públicos e para as energias renováveis. O desafio é descobrir como e onde dar os toques de política pública com impactos estratégicos. No final de 2008, as esquerdas socialistas reuniram-se na Aula Magna, em Lisboa, e trocaram umas ideias sobre estes assuntos. O oitavo número da vírus, “a revista que só se apanha na net”, recupera as intervenções que aí se fizeram.