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Arrastão: Os suspeitos do costume.

O emprego da usurpadora

Daniel Oliveira, 28.11.07

Luísa Mesquita



Nota do Secretariado da Direcção da Organização Regional de Santarém do PCP:
«A assunção por cada membro do Partido dos mandatos exercidos em sua representação, vistos como uma tarefa e expressão da intervenção colectiva e não como um emprego ou forma de vida pessoal, constituiu um dos princípios fundamentais do funcionamento do Partido que marca o carácter distintivo dos comunistas face ao poder e ao seu exercício. A recusa de Luísa Mesquita representou, assim, uma grave violação de princípios fundamentais do funcionamento do Partido e um desrespeito por compromissos éticos e políticos.»
Depois segue-se una longa lavagem de roupa suja a que o PCP habitualmente se dedica neste processos para se concluir:
«Perante a persistente intenção de usurpar um mandato que lhe não pertence, o PCP reafirma que o respeito por princípios éticos e políticos pautados pelo elementar critério de dignidade pessoal e respeito pelos valores colectivos, exigem que Luísa Mesquita coloque à disposição do Partido que a elegeu os lugares que exerce em sua representação, restituindo assim o mandato à força política e ao projecto que lho facultou.»

Apenas dois pormenores.
O primeiro: a insinuação, presente noutros momentos do comunicado, de que não obedecendo às ordens do partido a eleita está a tratar o lugar de deputada como «emprego» ou parte da sua «vida pessoal». Para lá do partido está a ganância e o oportunismo. Isto aplica-se, em geral, a militantes do PCP que por alguma vez não obedecem à direcção e, claro, a toda a gente que faz política fora do PCP. Não sei quantas vezes ouvi isto de militantes do PCP (e infelizmente não só) sobre não sei quantas pessoas. Todos são oportunistas e vendidos. Os ataques ao carácter são sempre o primeiro argumento e último argumento. E Luísa Mesquita sabe que o pior está para vir. Nem imagino as histórias que se contam, neste momento, nas sedes do PCP, sobre a péssima militante, a péssima cidadã, a péssima comunista e provavelmente a péssima mãe, esposa, prima e tia que sempre foi Luísa Mesquita. E, claro, há quanto tempo denunciava em si a semente do oportunismo. De bestial a besta costuma ser um saltinho.

Em nenhum momento lhes ocorre que, perante um afastamento de deputada politicamente injustificado (que posição tomou Luísa Mesquita para que lhe fosse exigido que pusesse o lugar de deputada à disposição? Que incumprimento do dever de deputada houve até esse momento?), alguém decida, com a mesma convicção que se envolveu na vida política, não acatar uma ordem que considera ilegitima. Sabendo-se que tantas vezes essa acusação de apego ao "emprego" vem de funcionários vitalícios sem nenhuma vida profissional passada contra pessoas com provas dadas nas suas respectivas profissões.

O segundo: «Perante a persistente intenção de usurpar um mandato que lhe não pertence...» O PCP pode dar as voltas que quiser, mas o mandato pertence a Luísa Mesquita. O PCP, feroz defensor da Constituição Portuguesa, tem obrigação de o saber. Pode não gostar. Pode até não concordar. Pode mesmo tentar mudar as regras e a lei. Mas não há uma lei para o país e outra para o PCP. O mandato de deputado é de cada deputado e ao o ocupar nenhum deputado eleito o está a usurpar.

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