Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

Depressão

Sérgio Lavos, 05.07.13

Olhamos para os EUA e torna-se deprimente ver como são más as decisões dos líderes europeus. A economia norte-americana continua a crescer, criando mais 195 000 empregos em Junho, mais do que o que se previa, denunciando uma tendência clara de crescimento. As políticas de estímulo patrocinadas pela Reserva Federal Americana constrastam vivamente com as políticas de austeridade europeias. E contrastam sobretudo nos resultados: enquanto na Europa aumenta o desemprego e quase todos os países estão em recessão ou estagnação económica, nos EUA assiste-se a um crescimento sustentado. Aliás, se os EUA (e, nos últimos meses, o Japão de Shinzo Abe) não tivessem decidido adoptar políticas keynesianas, a crise na Europa seria pior - grande parte das exportações europeias têm como destino estes mercados. A racionalidade económica leva a que, progressivamente, os estímulos venham a ser abandonados, à medida que a economia cresce e começa a criar riqueza por si própria. É isso que a Reserva Federal vai fazer, avisa Bernanke. Na Europa, como não foram seguidas políticas contra-cíclicas, antes acreditando-se numa austeridade expansionista que parte de pressupostos errados - o erro nos multiplicadores assumido pelo FMI e o erro no Excel de Reinhart e Rogoff -, definhamos, numa tragédia social sem fim à vista. Como disse, deprimente.

O Governo mais despesista de sempre é este

Sérgio Lavos, 30.05.13

Dívida pública que poderá chegar aos 132% no final do ano. Défice a subir dos 4,4% em 2011 para os 6,4% em 2012 e atingindo os 8% no primeiro trimestre de 2013, fazendo com que o objectivo do ano - 5,5% - seja absolutamente risível. Não tenhamos dúvidas - é este o Governo mais despesista de sempre, o que está a tornar o pagamento da dívida realmente impossível. Em menos de um ano, teremos uma "reestruturação cipriota". Ah, que bonito ajustamento!

Um bonito ajustamento

Sérgio Lavos, 30.05.13

O Governo, pela voz do arrivista ignorante Pedro Passos Coelho e do alucinado Álvaro, não se cansa de falar em reformas estruturais para recuperar a década sem crescimento e o país reentrar no caminho da competitividade e do crescimento. Essas "reformas estruturais" não passam de um eufemismo - mais um - para reduzir direitos aos trabalhadores e colocar empresas públicas lucrativas nas mãos de privados. E assim tem sido feito: as indemnizações por despedimento foram bastante reduzidas, o código do trabalho alterado para permitir maior facilidade nos despedimentos, a duração e o valor do subsídio de desemprego foram baixados até nos aproximarmos das economias de leste, quatro feriados nacionais foram cortados, reduzindo assim o valor do trabalho por hora. E claro, as privatizações estão a avançar (mesmo que o ritmo não seja muito acelerado). Resultado? O PIB começou a cair perigosamente, o desemprego a aumentar vertiginosamente e a dívida pública aproxima-se de níveis nipónicos (o paper dos guros de Gaspar, Rogoff e Reinhardt, aponta para a insustentabilidade da dívida pública que ultrapasse os 90%). Ah, mas pelo menos as reformas estruturais estão a impulsionar uma maior competitividade do país, certo? Errado. Portugal caiu cinco posições no ranking da competitividade, estando agora em 46.º entre 60 países, na zona Euro apenas à frente da Grécia. Curiosas são as razões para esta queda, todas consequência directa das ditas reformas estruturais. Segundo o instituto que elaborou este ranking as seis principais razões para a pouca competitividade são: a inexistência de crescimento económico; a fraca resiliência económica; a elevada taxa de desemprego, sobretudo entre os jovens; os encargos fiscais; a elevada dívida pública; e a coesão social. O Governo está de parabéns. As suas políticas conseguiram-nos tornar, em apenas dois anos, um país ainda menos atractivo para o investimento. Este está a ser, sem qualquer dúvida, um bonito ajustamento.

Samuel Beckett redux ou o mundo pelos olhos de Vítor Gaspar

Sérgio Lavos, 29.05.13

"Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better."


E assim sucessivamente.

O défice público nos EUA está a cair mais depressa do que o previsto, até 4% do PIB

Sérgio Lavos, 16.05.13

Este artigo do Publico espanhol mostra o resultado das políticas keynesianas de Obama, fundadas no investimento público e no apoio à economia, em contraste com o austeritarismo europeu:

"A política de estímulo económico de Obama, que contrasta com a austeridade a qualquer custo imposta pela Alemanha à Europa, está a ter um efeito altamente positivo na economia norte-americana, onde as famílias estão a reduzir o seu endividamento ao mesmo tempo que aumenta a receita fiscal arrecadada pelo Estado.

 

 

O défice público nos EUA está a cair mais depressa do que o previsto, como consequência da reactivação da maior economia do mundo, e o organismo de controlo orçamental do Congresso (CBO, em inglês) calcula que foi reduzido a apenas 4% do PIB (642000 milhões de dólares), partindo dos 7% (1 100 000 milhões de dólares) registados em 2012.

 

Estes números significam uma queda superior em 203 000 milhões de dólares ao que se previa até há três meses, exactamente no momento em que os países da Eurozona estão a entrar no seu período recessivo mais prolongado provocado pelas intenções falhadas de reduzir os défices públicos através de rigorosas políticas de austeridade.

 

 

Para além disso, as política de estímulos públicos à economia aplicada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, permitiu que a dívida privada se tivesse reduzido em 110 000 milhões de dólares durante o primeiro trimestre do ano graças a uma clara melhoria da situação financeira das famílias: o número de créditos mal parados para além dos 90 dias diminuiu dos 6,3 para os 6%, de acordo com os dados fornecidos pelo banco da Reserva Federal de Nova Iorque.

 

Agora, o CBO prevê que o défice público dos EUA continuará a cair de forma acelerada, para chegar aos 3,4% no próximo ano, e a apenas 2,1% em 2015. Em larga medida, isto deve-se ao facto do Estado estar a arrecadar mais receita fiscal em consequência dos estímulos económicos: a recuperação gerou, durante o primeiro trimestre, mais 105 000 milhões de dólares do que o previsto em impostos, tanto os que incidem sobre as pessoas como sobre as empresas.

 

A reactivação do mercado imobiliário norte-americano também permitiu que os dois gigantes do crédito à habitação, Fannie Mae e Freddie Mac (actualmente sob controlo governamental depois do resgate com fundos públicos aquando do rebentar da bolha financeira e do subprime) tenham contribuído com 95 000 milhões de dólares para os cofres do estado."

 

(Tradução minha.)

"2013 será o ano da inversão económica" - Pedro Passos Coelho, em Agosto passado, na festa do Pontal

Sérgio Lavos, 11.04.13

 

2012 marcou um extraordinário ponto de viragem na nossa economia, tal como tinha sido previsto pelo impressionante Vítor Gaspar. O défice caiu de maneira acentuada, conseguindo Portugal atingir a meta de 4,5%; a dívida pública não cresceu e começou a ser paga, como foi prometido pelo Governo; a economia do país começou a crescer, de forma milagrosa, tendo os milhares de desempregados da restauração e da construção arranjado emprego nas emergentes empresas exportadoras; o desemprego, consequentemente, começou a cair de forma acentuada, tendo os imigrantes que tinham saído nos últimos dois anos de Governo do maléfico José Sócrates começado a regressar em massa ao país.

 

Se 2012 foi um ano de sucesso para o Governo, 2013 está a ser o ano da inversão económica, como tinha prometido Pedro Passos Coelho no verão passado. Não só as perspectivas risonhas na frente interna se mantêm intactas como o motor da economia nacional, as exportações, está melhor do que nunca, tanto nas vendas para países da UE como para fora desta zona económica. Os esforços titânicos do ministro Álvaro, inventor do cluster pasteleiro, e a brilhante diplomacia económica do competentíssimo ministro Paulo Portas levaram a que em Fevereiro se tivesse atingido resultados inauditos em 10 anos

 

Passos Coelho estava a ser pessimista quando anunciou a inversão económica no Pontal. 2013 está a ser o ano de uma extraordinária explosão económica, nunca antes vista. Ah, se não fosse a decisão do Tribunal Constitucional...

"2012 vai marcar um ponto de viragem" - Vítor Gaspar, e faltam 13 dias para o ano acabar

Sérgio Lavos, 18.12.12

É notável a desfaçatez com que este Governo mente. Mente com todos os dentes. Mente o primeiro-ministro, mente o Dr. relvas, mente o impressionante Gaspar. Diz-se que a mentira é a segunda pele dos políticos. Pode até ser. Mas o grau de mentira a que este Governo se dedica, o à vontade com que o faz e a indignação que finge ao ser confrontado com a mentira - como o faria uma criança apanhada em tal pecado - são de mestre. A sério. Um fenómeno.

 

O impressionante Gaspar, o tal economista tecnocrata com pouca habilidade política, rapidamente aprendeu os segredos do ofício. Mente, mente tanto e tão completamente, que chega a fingir ser mentira a verdade que deveras sente. Mente na televisão e mente na casa da democracia. Depois de no início do ano ter dito que 2012 iria marcar um ponto de viragem, hoje negou que o tenha feito. Sem se rir e sem vergonha na cara. Mas ele disse. Agora recusa-se a admitir que disse e não faz novas previsões. Não o podemos censurar - a figura de urso ninguém lha tira, contudo. Nem a mentira. Vítor Gaspar, o ministro que não acerta uma previsão e que mente descaradamente, é realmente impressionante. Tenho orgulho de o ter como ministro das finanças. Todos nós temos, é um imperativo moral que tenhamos.

Impressionante Gaspar: a falhar previsões desde 1993

Sérgio Lavos, 17.12.12

"Não é de agora que Vítor Gaspar falha nas previsões para a economia portuguesa. O filme de 2012 já tinha acontecido em 1993. O único ano de recessão na década de 90 teve o dedo do atual ministro das Finanças.

 

Na altura, quem mandava nessa pasta era Braga de Macedo, o ministro otimista, de tal forma que as suas estimativas até ficaram conhecidas como a «teoria do oásis».

No ano anterior, em 1992, Gaspar era diretor do departamento de estudos económicos do Ministério das Finanças. Portanto, esteve por detrás das previsões feitas para 1993. (...)

E, no final de contas, o que é facto é que as receitas correntes efetivamente cobradas caíram 5,3% em relação a 1992 (-4,8% no caso dos impostos diretos, -0,2% no caso dos indiretos).

Portanto, o otimismo em relação à evolução da receita fiscal de um ano para o outro não tinha razão de ser. As contas, preto no branco, revelaram outra realidade."

Palavras para quê? É um artista português e está a dar cabo do país. Deve ser um orgulho para os pais. 

A boa governança

Sérgio Lavos, 17.12.12

"Entre outros, Angela Merkel rejeitou a possibilidade de aumentar os impostos sobre a sucessão ou património, já que isso "prejudicaria a classe média alemã, a espinha dorsal da Alemanha".

 

"Em caso de nova quebra conjuntural, o presidente do patronato alemão propõe activar de novo a legislação no sentido da redução horária da semana laboral, conhecida como "Kurzarbeit", que permite conservar postos de trabalho e evitar despedimentos."

 

Lê-se e quase que não se acredita. Isto são boas políticas económicas em tempo de recessão. O contrário do que está a ser aplicado por cá. A culpa não é da hipocrisia de Angela Merkel, fomentada pelas necessidades eleitoriais do próximo ano. É mesmo da incompetência e da fraqueza do Governo perante os poderes europeus, e sobretudo da insistência em persistir nas políticas que falharam estrondosamente em 2012, impossibilitando o crescimento económico e qualquer esperança de recuperação da economia nacional e aprofundando o fosse entre Portugal e os países mais ricos, como a Alemanha - o ataque aos direitos dos trabalhadores terá como consequência isto mesmo. Não devemos esquecer quem são os principais responsáveis pela destruição do país.

"Não cabe ao BCE, em circunstância nenhuma, exercer um papel de monetização dos défices europeus"

Sérgio Lavos, 07.09.12

O momento de euforia que os mercados estão a viver, assim como o momento de alívio pelo qual alguns países - sobretudo Itália e Espanha - estão a passar, é um momento de extrema depressão para Pedro Passos Coelho. Saber que o BCE poderá comprar dívida portuguesa deixou profundamente triste o primeiro-ministro português, que tinha a certeza que Portugal iria regressar aos mercados em 2013 graças à cura de austeridade purificadora por que estamos a passar e que, em 27 de Junho passado, dissera discordar da política de intervenção do Banco Central no mercado secundário. Os meus pensamentos estão com o nosso primeiro neste momento particularmente difícil da sua existência.