Depressão
Olhamos para os EUA e torna-se deprimente ver como são más as decisões dos líderes europeus. A economia norte-americana continua a crescer, criando mais 195 000 empregos em Junho, mais do que o que se previa, denunciando uma tendência clara de crescimento. As políticas de estímulo patrocinadas pela Reserva Federal Americana constrastam vivamente com as políticas de austeridade europeias. E contrastam sobretudo nos resultados: enquanto na Europa aumenta o desemprego e quase todos os países estão em recessão ou estagnação económica, nos EUA assiste-se a um crescimento sustentado. Aliás, se os EUA (e, nos últimos meses, o Japão de Shinzo Abe) não tivessem decidido adoptar políticas keynesianas, a crise na Europa seria pior - grande parte das exportações europeias têm como destino estes mercados. A racionalidade económica leva a que, progressivamente, os estímulos venham a ser abandonados, à medida que a economia cresce e começa a criar riqueza por si própria. É isso que a Reserva Federal vai fazer, avisa Bernanke. Na Europa, como não foram seguidas políticas contra-cíclicas, antes acreditando-se numa austeridade expansionista que parte de pressupostos errados - o erro nos multiplicadores assumido pelo FMI e o erro no Excel de Reinhart e Rogoff -, definhamos, numa tragédia social sem fim à vista. Como disse, deprimente.