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Arrastão: Os suspeitos do costume.

A rectidão, a hombridade, a elevação

Daniel Oliveira, 06.06.08
O ex-dirigente desportivo do clube de Valentim Loureiro, engenheiro José Lello, acusou Manuel Alegre de «parasitar o grupo parlamentar» do PS, viajando às suas custas para lançar um livro nos Açores. O Governo Regional dos Açores, insuspeito de simpatias com a oposição, já desmentiu, dizendo que Alegre foi aos Açores convidado pela direcção regional de Cultura e foi ela que pagou as despesas. Não é segredo que estou longe de ser um fã de Alegre. Mas quando entram no debate político os lellos desta vida há que montar o cordão sanitário. Se, como dizia o senhor, «na política é necessário haver rectidão e hombridade», talvez seja altura do PS começar a esconder algumas figuras. Ou deixam a oposição sem nada que fazer. Como diz Ana Gomes, «com defensores destes, por que há-de o PS preocupar-se com os detractores?»

No PSD profundo

Daniel Oliveira, 29.04.08

Já formiga tem catarro

Daniel Oliveira, 28.04.08

A entrevista de António Cunha Vaz ao "Público" é surreal. O homem responde como se tivesse liderado o PSD. Tirando os erros, claro. Esses são de outros. A vaidade do senhor explica o que foram os últimos meses no PSD. Um partido que julga que pode ser liderado por "publicitários" sem qualquer experiência política acaba no estado em que está o PSD. Que sirva de lição.

Na entrevista, Cunha Vaz diz que talvez o Estado não o contrate por «ser pequenino». É uma explicação. Se Cunha Vaz não estiver a falar da sua estatura física, irrelevante para o caso. Basta ler a entrevista. Quer na estratégia, quer na táctica, uma miséria confrangedora. Faz Menezes parecer um gigante político. Mas vale a pena ler para perceber como alguns partidos são dirigidos em Portugal. A política e as convicções são irrelevantes, o que não é novidade. O mais estranho é serem substituidas pelo tacticismo de aprendizes.

E para perceber como há gente que não se enxerga, vale a pena ler o fim da entrevista:
Vai tornar-se político?Agora não posso abandonar a agência. Mas estou farto dos comentadores, de alguns jornalistas e de alguns clientes.
Na política, teria de os aturar todos.Não, porque não queria ser o número 2 ou o número 3. Só vou para a política, se for para mandar.

Esclarecedor

Daniel Oliveira, 28.04.08
Público: Mas para que serve estar perto do poder? Para atrair clientes, para ter influência?
António Cunha Vaz: Eu nunca disse a um cliente meu: "Olhe que sou muito amigo do dr. Menezes, e, quando ele estiver no governo, faço isto e aquilo."
Público: Não disse, mas eles podem pensar isso.
António Cunha Vaz: Já agora! Não os posso impedir de pensar, ou posso?
Público: O interesse de trabalhar com políticos tem a ver com isso.
António Cunha Vaz: Também tem a ver com isso. O importante é a percepção que se cria nas pessoas. O mercado vai atrás de quem? Das empresas ganhadoras. Mas é claro que dá alguma sensação poder dizer: "Ó Sócrates, recebes-me aí o Manuel Joaquim amanhã?"
Público: Mas para além desse prazer pessoal, isso pode trazer benefícios aos seus clientes.
António Cunha Vaz: Eles não me pagam mais por isso. Mas abre portas.

Assim não há condições

Daniel Oliveira, 28.04.08
António Cunha Vaz: No livro, ele diz que você se ofereceu para trabalhar com ele, garantindo que conseguia dirigir a opinião pública em qualquer direcção e que "tudo se compra". Isso é completamente mentira. O dr. Carrilho acha que eu fiz uma OPA sobre os comentadores. Vou explicar-lhe uma coisa: eu chego ao pé da direcção do Correio da Manhã, ou do Diário Económico, e peço: "Importas-te de pôr aí o Patinha Antão a escrever uma peça, ou o Ângelo Correia?" A seguir, quem trabalha com o PS faz o mesmo: "Põe o Jorge Coelho, o António Vitorino a escrever um artigo." O que é que estes colunistas fazem? A partir do momento em que têm o seu palco, começam a andar à volta, a andar à volta, e esquecem-se de defender a estratégia do dr. Menezes, ou seja de quem for. Quando se apanham com aquele glamour... Ficam em roda-livre.
Público: Sim? Porque fazem eles isso?
António Cunha Vaz: Porque há um deslumbramento.
Público: Mas eles são livres de escrever o que quiserem.
António Cunha Vaz: Sim. Mas eu não posso trabalhar, quando não há seriedade na praça.

Cromos

Daniel Oliveira, 23.04.08
Vejo a televisão. Desfilam personagens como Mendes Bota, Ribau Esteves, Patinha Antão, Marco António, Hugo Velosa, Santana Lopes, Alberto João Jardim... E pergunto-me: o que aconteceu ao PSD para que os cromos se tenham transformado nas figuras?