Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Arrastão: Os suspeitos do costume.

Paul Ryan, Ayn Rand e a hipocrisia intrínseca ao neoliberalismo

Sérgio Lavos, 30.08.12

 

Na América, a loucura está a atingir níveis nunca vistos no campo Republicano, após a nomeação de Paul Ryan para candidato a vice-presidente há umas semanas. Ryan é um espécimen especial no espectro político americano: um auto-denominado "libertário" que defende o fim do Obamacare e a descida dos impostos dos mais ricos, assim como a proibição do aborto em qualquer circunstância, incluindo a violação. Claro que o campo da extrema-direita do Tea Party delira, não tanto por causa das posições conservadoras no que diz respeito aos costumes (entrando em absoluta contradição com as ideias libertárias), mas sobretudo porque o corte nos impostos sobre os mais ricos, caso se concretizasse, poderia beneficiar em muito os milionários que financiam essa facção extremista.

 

Por cá, foi também recebido com êxtase comedido pelos nossos conservadores/liberais/direitistas: José Manuel Fernandes entusiasmou-se e os Insurgentes andam animadíssimos - Ryan vem preencher o vazio emocional deixado pela não nomeação de Ron Paul no ticket Republicano. Ryan é também conhecido pela confessa admiração por Ayn Rand, uma escritora de ficção científica que, nas palavras de Christopher Hitchens, "escreveu romances transcendentalmente maus", e uma suposta filósofa desprezada por toda a gente da filosofia, cuja principal contribuição para o pensamento ocidental foi a defesa do "objectivismo", a doutrina que advoga o egoísmo como máxima virtude do ser humano - como diz Hitchens, uma realidade concreta que dispensaria os inúmeros tomos escritos por Rand sobre ela. Uma das suas frases mais conhecidas é "o altruísmo é o Mal" - no kidding. Em termos político-económicos, defendia o Estado mínimo e a total liberdade económica - também conhecida por selvageria capitalista. A sua oposição a qualquer tipo de apoio social aos mais desfavorecidos redundou num irónico (e trágico) revés no fim da sua vida: doente de cancro, e sem possibilidade de pagar os caríssimos tratamentos, acabou por recorrer a apoios sociais - Medicare e Segurança Social - durante os últimos cinco anos da sua existência, o que só vem provar que a defesa do individualismo e do fim do Estado Social apenas resulta para quem é suficientemente rico para não precisar do Estado Social.

 

Stephen Colbert nunca teve tanto material para o seu programa, como se pode ver no vídeo. Deus abençoe os hipócritas em geral e os libertários em particular. Sem eles, isto não teria tanta piada.

Eleição

Sérgio Lavos, 20.11.10


Alexander Payne, de quem já vi o interessante As Confissões de Schmidt e o excelente Sideways, conseguiu na sua segunda obra, Election, antecipar a ascensão e quase domínio de Sarah Palin na política e sociedade americanas. O filme é de 1999, e provavelmente a personagem interpretada por uma Reese Witherspoon em brilhante início de carreira - uma adolescente candidata ao lugar de presidente da associação de estudantes de um liceu ambiciosa, disposta a tudo (como Nicole Kidman no filme homónimo de Gus van Sant) para conseguir atingir os seus objectivos - é um tipo comum nos E. U. A. Conhecemos a ideia; mas a verdade é que o final, quando vemos onde chegou a adolescente sem escrúpulos, é estranhamente familiar e revelador. Depois de Sarah Palin, outras estrelas em ascensão na ala ultradireitista do Partido Republicano, o Tea Party, perfilam-se para tomar o poder e concretizar os sonhos de uma classe média wasp, que tem a sua mais perfeita encarnação nestas soccer moms. Pela mão cínica e perspicaz de um dos mais estimulantes realizadores americanos surgidos nos últimos dez anos, vemos a realidade a imitar a ficção; ou, mais a sério, percebemos que a arte mais verdadeira é aquela que consegue entender na perfeição o rumo que a sociedade está a tomar. Por outras palavras, ler os sinais que nos rodeiam. Payne, transformando em imagem as palavras de Tom Perrotta, o romancista dos subúrbios das pequenas cidades, aproxima-se do trabalho de outros realizadores, como o referido Gus van Sant, Todd Haynes, Todd Solondz ou o irregular Sam Mendes (em Beleza Americana). Ainda que o caminho entretanto seguido se distancie desta obra - menos verve ácida, mais contenção e portanto mais emoção - vale mesmo a pena encontrar tais coincidências neste filme relativamente esquecido.

A nossa crise não chega a eles

Daniel Oliveira, 17.09.08
John Thain, CEO da Marril Lynch: 10, 6 milhões de euros de bónus em 2007
Richard Fuld, CEO da Lehman Brothers: 3 milhões de euros de bónus em 2007
Martin Sullivan, CEO da AIG: 2,7 milhões de euros de bónus em 2007
Daniel Mudd, CEO da Fannie Mae: Um milhão e seiscentos mil de euros de bónus em 2007
Richard Syron, CEO da Freddie Mac: Um milhão e meio de euros de bónus em 2007

Fonte: Público

O contribuinte é a melhor seguradora das seguradoras

Daniel Oliveira, 17.09.08

Mas "tá-se bem"

Daniel Oliveira, 16.09.08

Criança objecto

Daniel Oliveira, 16.06.08