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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Os ovos, as raposas e um porta-voz destas

Miguel Cardina, 20.08.12

 

Cavaco Silva está de férias no Algarve mas interrompeu o seu merecido descanso para inaugurar um hospital privado, em Albufeira, pronto em cerca de um mês. Instado a comentar notícias como esta, que apontam para um corte de 200 milhões no SNS em 2013, o presidente lá explicou que está de férias no Algarve, em merecido descanso, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, haja paciência. E lá seguiu para o corte do bolo.

A dívida alemã, por Manuel António Pina

Sérgio Lavos, 31.01.12

"Gostaria de ver os arautos dos "mercados" que moralizam que "as dívidas são para pagar" (no caso da Grécia, com a perda da própria soberania) moralizarem igualmente acerca do pagamento da dívida de 7,1 mil milhões de dólares que, a título de reparações de guerra, a Alemanha foi condenada a pagar à Grécia na Conferência de Paris de 1946.

 

Segundo cálculos divulgados pelo jornal económico francês "Les Echos", a Alemanha deverá à Grécia em resultado de obrigações decorrentes da brutal ocupação do país na II Guerra Mundial 575 mil milhões de euros a valores actuais (a dívida grega aos "mercados", entre os quais avultam gestoras de activos, fundos soberanos, banco central e bancos comerciais alemães, é de 350 mil milhões).

 

A Grécia tem inutilmente tentado cobrar essa dívida desde o fim da II Guerra. Fê-lo em 1945, 1946, 1947, 1964, 1965, 1966, 1974, 1987 e, após a reunificação, em 1995. Ao contrário de outros países do Eixo, a Alemanha nunca pagou. Estes dados e outros, amplamente documentados, constam de uma petição em curso na Net reclamando o pagamento da dívida alemã à Grécia.

Talvez seja a altura de a Grécia exigir que um comissário grego assuma a soberania orçamental alemã de modo a que a Alemanha dê, como a sra. Merkel exige à Grécia, "prioridade absoluta ao pagamento da dívida."

Capitalismo: manual de instruções

Sérgio Lavos, 05.08.10
Nacionalizar uma empresa privada depois desta acumular prejuízos que ascendem a 5500 milhões de euros, prejuízos esses surgidos em consequência de gestão danosa e fraude financeira; depois das dívidas pagas, voltar a pôr a empresa no mercado, quando esta é avaliada por um valor inferior a 10% do total dos prejuízos acumulados; propor um preço mínimo de ida a concurso correspondente a 50% do valor em bolsa da empresa. Resultado: talvez 180 milhões de euros para o Estado e 4000 milhões de euros (no mínimo) fora dos bolsos dos contribuintes, essa entidade a que não se deve recorrer em caso algum (leia-se subsídios à Cultura, financiamento da Saúde e da Educação, prestações sociais, função pública, etc., etc.). Pois, uma maravilha. O caso BPN (e a seguir, podemos ter a certeza, virá o BPP) é um exemplo a seguir por todos nós, é bom de ver. À consideração dos anafados liberais do costume. Aplaudamos.

A nossa crise não chega a eles

Daniel Oliveira, 17.09.08
John Thain, CEO da Marril Lynch: 10, 6 milhões de euros de bónus em 2007
Richard Fuld, CEO da Lehman Brothers: 3 milhões de euros de bónus em 2007
Martin Sullivan, CEO da AIG: 2,7 milhões de euros de bónus em 2007
Daniel Mudd, CEO da Fannie Mae: Um milhão e seiscentos mil de euros de bónus em 2007
Richard Syron, CEO da Freddie Mac: Um milhão e meio de euros de bónus em 2007

Fonte: Público

O contribuinte é a melhor seguradora das seguradoras

Daniel Oliveira, 17.09.08

Mas "tá-se bem"

Daniel Oliveira, 16.09.08

Liberalismo Zen

Daniel Oliveira, 16.09.08


"Normalmente os livros sobre economia de mercado, capitalismo, e essas excentricidades, costumam ter uns capítulos sobre a crise e as falências. E há uns, melhores, que até lhe atribuem efeitos regeneradores. Com sofrimetno pelo meio, claro. Mas não se pode defender o capitalismo sem dor. Não existe. Mas, repara, o mundo não acabou depois de 1929. Nem o capitalismo."
Henrique Burnay
Para o Henrique está tudo bem porque o capitalismo é assim mesmo (vem nos livros) e tem sofrimento pelo meio (não de todos, digo eu, que os gestores da Lehman receberam o ano passado quase 5,7 mil milhões de dólares em bónus). Que o Mundo não acabou em 1929. Aliás, tudo o que não acaba com o Mundo é óptimo, que é como quem diz que o que não mata engorda, o que faz de todas as coisas da história, por mais terríveis que nos pareçam, excelentes. Se repararmos bem, o Mundo ainda anda por cá.

A vantagem das teorias teleológicas é que se explicam a si próprias e o confronto com a realidade não as belisca. Nem com a ética. Nem com sofrimento que provocam. Tudo é natural e é só deixar as coisas andar. Claro que ajuda se de vez em vez o Estado bancar o prejuízo para não ruir tudo à volta, mas isso são pormenores.

Anda tudo a discutir como regular os negócios irresponsáveis feitos de esquemas delirantes sem rede, a ver como se controla o monstro. Mas o Henrique, com um sorriso muito zen, dá festinhas à besta e pede para ela rebolar e dar a pata. Tudo terá um final feliz. É só pensar positivo. Definitivamente, a religião é um alívio.

O Henrique manda os outros ler uns livros. E eu faço-lhe uma proposta: pouse por uns minutos o seu (o cemitério está cheio de manuais de teroria política e económica da moda de cada momento), saia à rua e leia o jornal. Há um Mundo lá fora. E o dia não está bonito.

Só espero que o Henrique não defenda a privatização da segurança social para ser jogada no casino. Não é embirração com o privado. É só porque se a coisa correr mal não vou ter grande disposição para ouvir as suas explicações sobre a naturalidade do meu infortúnio.

O capitalismo de casino

Daniel Oliveira, 16.09.08


Dois editoriais a ler, já que o silêncio dos nossos liberais esquemáticos não nos esclarece:

"It is a moment Karl Marx would have relished. (...) Many lessons must be learned from what is happening, and in time the rules of casino capitalism will need to be rewritten. But the urgent task for the authorities now is to stop the rot from spreading from the money-men to the rest of us."
Guardian
"Las lecciones de este crash son que la sofisticación financiera requiere de supervisiones de similar complejidad, y que la intervención del Estado para salvar bancos sólo tendrá justificación si el sistema estadounidense acepta someterse a un estricto control del riesgo financiero."
El Pais