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Arrastão: Os suspeitos do costume.

Cá vamos cantando e rindo, dando vivas à República

Sérgio Lavos, 30.09.10
Quem está à margem, por lá se manterá durante muito tempo. Simbólico que as comemorações do centenário da República estejam a ser feitas com a ajuda de funcionários trabalhando a falsos recibos verdes. Segundo o blogue FERVE, há pelo menos 13 pessoas há dez semanas sem receber. De resto, sabemos que isto é norma em muitos organismos que dependem do Estado - gente que trabalha, por vezes durante anos, a passar recibos verdes, sem direito a férias ou subsídios de férias e Natal. Podemos pensar também nas novas normas de atribuição do subsídio de desemprego, que obrigam quem recebe a praticar serviço de voluntariado (portanto, voluntariado à força, portanto, uma suave escravatura) em serviços do Estado. Isto acontece - pessoas que descontaram para a segurança social durante anos sem qualquer garantia de que os descontos efectuados revertam a seu favor em tempos de aperto. Viva a república. Celebremos.

P.S.: Outro facto curioso, descoberto no Spectrum: o presidente da comissão para a comemoração do centenário da República é, nada mais nada menos, Artur Santos Silva, banqueiro e personagem de indiscutível mérito cultural. Maravilha.

31 de Janeiro de 1891

Daniel Oliveira, 31.01.08

«Com todos os seus tiques monarquistas, na República, finou-se o direito natural de alguém assumir uma posição pública pelo simples e sempre duvidoso facto do nascimento, pela ideia repugnante, que intrinsecamente despreza o mérito, de que uma família ou um clâ se acharem superiores aos indivíduos fora da sua linhagem por que se dizem filhos de alguém. E essa é, pelo menos (mas outras existem), uma razão que enobrece a República face a todas as Monarquias e que faz com que o sangue vertido pelos bravos do 31 de Janeiro não o tenha sido em vão.»
CAA